21 | O Necessário

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SEGUNDA-FEIRA | 07 DE NOVEMBRO

Observo o relógio no painel do carro enquanto espero e espero. Acho que ainda é um pouco cedo, na verdade, tenho certeza de que me precipitei demais, mas quando Ethan disse que eu poderia levar e buscar Liliana na escola, me senti tão feliz que sai rápido demais de casa. Só tive tempo de pegar um café e uma caixa de donuts para comermos no caminho a da escola.

Estou ansioso.

Intercalo o tempo entre olhar o relógio, tamborilar os dedos e encarar a porta da sua casa. Então, após algum tempinho, finalmente a porta da frente se abre e minha garotinha sai, completamente vestida de rosa!

Solto um risinho com a cena.

Está frio e Liliana está bem agasalhada com um sobretudo grosso, toucas e luvas. Ela está ajeitando a mochila em seu ombro. A princípio, não sou visto, mas enquanto a garota cruza o caminho até a calçada, seus olhos encontram meu carro e se enchem de felicidade. Seu rosto é tomado por um grande sorriso e ela começa a correr, entrando sem me dar tempo de abrir a porta. Aqui está ela. Aqui está minha alegria com um imenso sorriso e olhinhos brilhantes.

— O que faz aqui? — Pergunta, empolgada.

— Bem, é o seu dia de voltar a escola e não quero que faça isso sozinha.

— Você vai me levar?

— Sim, todos os dias daqui para frente, buscar também — revelo, vendo seu sorriso se tornar ainda maior, principalmente quando lhe entrego um copo de chocolate quente e um donut — trouxe seu café.

— Você é o melhor do mundo inteirinho — Liliana pontua antes de dar uma mordida na rosquinha, sorrindo como uma menininha sonhadora. Depois, seu olhar vacila um pouco e ela suspira.

— O que foi? Não ficou feliz?

— Fiquei. Só não acredito que vá mesmo se atrasar no serviço para me levar ao colégio e sair mais cedo para me buscar.

Reviro os olhos.

Não costumo fazer isso com muita frequência, mas me admira muito que ela ainda não entenda que é a única coisa mais importante do mundo para mim. Toco seu queixo e então ajeito uma mecha do seu cabelo.

— Meu trabalho não significa absolutamente nada perto de você. Entendeu?

— Não sei — ela suspira, parece insegura. Seus olhos estão cheios de repente e vejo toda a insegurança e medo, que, além de atormentá-la, me deixam perdido também.

— Você não confia em mim?

— Confio.

— Então por que não acredita? Estou aqui, não é?

— Está sim — seu sorriso volta por um breve momento enquanto encara seu copo — só não estou acostumada com alguém me levando ao colégio.

— Sua mãe não fazia isso?

— Fazia.

Pela primeira vez ao falar em sua mãe, Liliana sorri e eu me impressiono muito com isso, tentado a perguntar mais, porém, me questionando se isso não deixará seu dia triste como sempre acontece.

— Nós comíamos donuts também — relembra, sorrindo ainda — mas ela me deixava tomar café com leite.

— Não — faço uma careta rapidamente, virando para o lado e começando a dirigir enquanto Lily começar a gargalhar. Ela coloca seu cinto e eu vou seguindo pelas ruas, observando como as casas por aqui são tranquilas.

— Você pode me dar café quando quiser.

— Você só tem 11 anos, Lily. Não precisa de cafeína.

Pai Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora