15 | Anseios

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SEXTA-FEIRA | 28 DE OUTUBRO

O jantar é um bom momento com a minha família. Todos estão rindo e conversando animados sobre o último jogo dos Mariners. Meu pai parece animado, um pouco alterado pela emoção enquanto fala dos pontos altos do jogo. Não sei por que me sinto tão feliz e talvez isso seja o efeito Lily – porque normalmente não aprecio tanto estar com a minha família. Porém, hoje, não há nenhum lugar que eu gostaria de estar exceto aqui. Mamãe me deu muito mac cheese, depois me serviu duas taças de sorvete e agora estou sentado aqui, com Poppy mordendo meu cadarço enquanto brinca nos meus pés.

O dia só seria mais perfeito se tivesse Liliana aqui.

Suspiro ao lembrar dela, sentindo que meu coração acelera quando o celular vibra. É uma mensagem dela, com carinhas e tudo. Está perguntando sobre a Poppy e tudo o que faço é, discretamente, tirar uma foto dela e enviar.

Estou com tanta saudades dela 😔

só dela?

Envio a mensagem, com o ego um pouco ferido, mas mantendo o tom de brincadeira e a resposta de Liliana me faz sorrir como um bobo, aquecido pelo tom da sua mensagem. Com ela, quase posso ver minha menininha sorrindo e me lembro do seu abraço, que aquece meu coração.

Não, seu bobinho. Suas Também

Eu amo você, para sempre

❤️❤️❤️

Também sinto sua falta

Sempre

❤️

Flagro Grace me observando. Ela parece feliz, ao mesmo tempo em que está preocupada e eu sei bem o porquê. Quer me falar sobre seu encontro com Carla, mas não estou pronto para ouvir essa conversa, não estou pronto para ela me dizer o que aconteceu com Anastásia nesse tempo ou o quanto sua mãe disse que ela me odeia. Já foi difícil receber aquele olhar, como se eu não tivesse qualquer valor. Não quero cair nessa realidade. Mesmo após tudo, gosto de me apegar a lembrança de uma Anastásia que me amava, afinal, foram essas lembranças que me fizeram seguir em frente.

Meu celular vibra outra vez, mas agora, a mensagem de Liliana me deixa ansioso.


Meus irmãos dormiram.

Estou indo falar com a vovó

Me deseje sorte, pfvr


Desejo boa sorte a ela, digitando rapidamente para não chamar a atenção da minha família. Tento, inutilmente, me inteirar no assunto do jogo mais uma vez, mas estou preocupado e ansioso, imaginando mil coisas que podem acontecer na conversa de Liliana com sua avó.

Porra.

O amargor sobe a minha garganta. Quero apenas que a avó dela entenda que me importo muito com Lily e que todo carinho que tenho por ela, é como de um pai. Um que daria a vida por ela se caso fosse preciso.

Alguns minutos se passam e eu encaro meu celular duas vezes. A conversa continua animada e eu sigo esperado uma resposta. Ansioso. Meu joelho treme conforme bato o pé no chão, fingindo que estou tentando afastar Poppy, mas a verdade é que preciso manter a mente ocupada enquanto espero. E espero. O assunto da conversa muda uma vez, duas vezes e na terceira vez que ele muda, meu celular vibra. Porra. É Elena, enchendo meu saco, implorando para falar comigo.

Pai Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora