14 | Lembranças

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NOTA: Meninas, sumi por alguns dias porque meu bebê ficou dodói e precisei de uns dias para cuidar dele, além de que, estou tendo mau estar por causa da gravidez e esses têm sido de muito calor, me deixando ainda pior. Porém, hoje me encontro melhor, meu bebê também e por isso aqui está um capítulo quentinho <3 peço que não deixem de comentar, pois cada comentário faz muita diferença e, para quem quiser entrar no grupo do whats, deixe o número aqui. Boa leitura!

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SEXTA-FEIRA | 28 DE OUTUBRO

Estaciono cuidadosamente o carro no bairro que Liliana falou, observando as casas tranquilas de ambiente familiar. Há uma garoa fraca do lado de fora e luzes dos postes iluminam a cidade que começa a ser tomada pela noite, deixando um cheiro agradável e um clima aconchegante. Inspiro esse cheiro por alguns instantes, depois me viro para encarar Lily, flagrando-a enquanto observa uma casa do outro lado da rua (é uma das únicas com luzes acesas).

— É ali que eu moro — sopra baixinho, aparentemente perdida. Suas mãos automaticamente apertam mais Poppy e ela me encara, aquele queixinho tremendo de novo, prestes a acabar com o que restou do meu coração.

— Nós vamos nos ver em breve.

— Eu sei. Só não queria ir embora — confessa mais uma vez, fungando para segurar o choro. — Queria que a vovó me deixasse morar com você.

— O que?

Estou surpreso com suas palavras e um pouco sem reação.

Liliana já disse muitas vezes que gostaria de estar comigo para sempre, principalmente hoje, e embora eu ame a ideia, não consigo imaginar o golpe que seria para a sua avó ouvir algo assim; escutar da própria neta, após perder a filha, que ela prefere estar com um estranho. Porém, por algum motivo, sou o consolo de Lily e sei que além de querer se sentir segura após tanta dor, ela quer ficar longe dos irmãos. Não entendo os motivos da sua mãe ou o que levou ao acidente que tirou sua vida, mas sei que duas crianças não foram as culpadas disso.

Adoraria que Lily entendesse isso, para assim não sentir tanta vontade de estar longe da sua própria casa.

Suspiro para ela, me aproximando e dando um beijo demorado em sua testa.

— Tenho certeza de que sua avó sentiria muito sua falta. E seus irmãos também.

— São duas crianças bobas — ela resmunga, lembrando-me com esse tom infantil que também é só uma criança.

— Você também é, docinho. Por favor, não torne isso mais difícil, ok? Quando conversar com sua avó, poderemos ficar mais tempo juntos e eu vou te levar a lugares legais.

— Promete?

— Prometo.

— Ok. Você vai cuidar bem da Poppy?

— Com a minha vida — declaro, tentando soar o mais confiante possível. Já que não sei muito sobre cachorros, pelo menos quero que ela saiba que irei me esforçar. — É melhor você ir agora.

— Ok. Não se divirta sem mim, Poppy — Lily pede para sua amiguinha, beijando a ponta do seu focinho e me entregando.

Poppy parece entender que é uma despedida, se agitando de forma preocupante. Parece doloroso para ela quando Liliana pega sua mochila e desce do carro, nos encarando com esse olhar marejado e carregado de dor. Mas não é tão doloroso quanto é para mim. Minha vontade é simplesmente descer e lhe segurar, então não soltar nunca mais e cuidar para que nada nesse mundo a machuque outra vez. Contudo, ela não é a minha filha. Não posso tomar decisões sobre sua vida só porque me importo pra caralho com ela.

Pai Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora