Capítulo 12

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Levi

— Brian? — pergunto claramente desanimado e o abraço de forma solta e desinteressada.

— Gostou da surpresa? — ele ainda tem aquele maldito sorriso no rosto.

— Ah sim, claro — sorrio fraco.

Eu não quero ter que lidar com Brian, mas não posso simplesmente lhe dizer para ir embora porque não me sinto confortável com a presença dele, afinal ele veio passar as férias com a família dele. Não o queria aqui, ele não sabe sobre mim e estou num momento não muito bom da minha vida.

Me solto daquele abraço e vou para o meu quarto, me jogo na cama e encaro o teto pensando em como será essas próximas semanas, ao menos eu tenho aula e não vou precisar ficar com ele a todo tempo, mas na escola eu tenho os meus mais recentes problemas, Nattan e Kevin.

***

Após um banho demorado eu coloco uma bermuda leve e uma camiseta, e vou para a cozinha comer algo. Brian está lá e durante todo o tempo em que coloco comida em meu prato, ele me encara, e eu resolvo quebrar aquele silêncio no mínimo desconfortável.

— Vai pa- — não termino a minha frase e logo ele me interrompe.

— Ainda está do mesmo jeito de quando era criança?

O que ele quis dizer com isso? Eu mudei sim, mas não tanto, será que ele quer dizer no sentido em que eu era meio afeminado?

— O que quer dizer com "do mesmo jeito de quando era criança"? — olha para trás e o vejo me encarar.

— Ah, você sabe... meio bichinha — ele ri anasalado como se aquilo não fosse ofensivo, e sim uma piada super engraçada.

— Continuo sim, e se quer saber, estou ainda pior — lhe dou um sorriso forçado claramente irônico já que no momento em que ele se faz, se desfaz, e viro para frente novamente.

Não quero me esconder de Brian e não pretendo fazer isso, idai que ele é meu irmão e é super homofóbico? Hora ou outra ele tem que me aceitar, se a minha mãe que é a minha MÃE já me aceitou, eu não tenho mais nada pra esconder dele.

— Como assim? O que quer dizer com "estou ainda pior"? — ele tem um tom de voz intrigado.

— Veja por sí só, depois de um tempo nessa casa — continuo colocando a minha comida e ele ainda está lá me olhando, sinto o olhar dele em minhas costas.

Eu apenas o ignoro e vou para o meu quarto. Não estou a fim de ficar com o Brian, ele é ridículo e eu não vou mais abaixar a minha cabeça para ele.

***

~ Nattan ~

Se passou uma semana desde o dia em que eu e o Levi brigamos, não sei ao certo o que estou sentindo, mas com certeza estou arrependido, eu fui um idiota com ele e tenho noção disso, mas eu estou com medo de falar com ele e ele não querer me ver, ele está bravo comigo e eu apenas estou ignorando-o sei que isso é ridículo e infantil, mas eu não posso continuar com ele sem resolver os meus problemas, problemas esses que futuramente podem acabar prejudicando o nosso relacionamento.

— Acho que é melhor ele ficar longe de mim, eu tenho os meus problemas familiares e não quero envolvê-lo nisso — digo para Raúl, que está estirado na minha cama me ouvindo reclamar de tudo o que estou passando.

— Sabe que está sendo um idiota com ele né?

— Sei, eu sei que estou sendo ridículo, mas eu não quero vê-lo enquanto eu não me resolver, eu preciso me entender antes de tentar entendê-lo e ajudar ele, se for para eu ter alguma coisa com ele, eu não quero que haja impedimentos, eu quero ser o melhor namorado para ele... — eu sequer termino de falar quando ouço Raúl gargalhar, eu o olho — Do que está rindo? Tá idiota? — estou bravo, eu estou aqui me abrindo e ele está simplesmente rindo de mim? O que é isso?

— Desculpa, mas já reparou no que está falando? Você está dizendo que quer ser o melhor namorado para ele — ele dá ênfase na palavra namorado — Você está claramente e visivelmente apaixonado por ele.

Eu o encaro me dando conta de minhas palavras e ações. Eu realmente gosto muito do Levi, mas não sei se ele será capaz de me perdoar, eu realmente espero que sim. Me dando conta de minhas palavras, eu coro.

— Que lindinho, ele tá todo apaixonadinho — ele diz entre risos, me zoando.

— Cala a boca — jogo o meu travesseiro nele.

— O que pretende fazer? Hora ou outra vocês tem que resolverem — ele diz sério, me fazendo pensar.

— Vou resolver isso agora — pego o meu celular na mesa de cabeceira ao lado da minha cama.

Eu preciso me resolver com a minha mãe, já passou da hora disso acontecer, e eu vou fazer isso ainda hoje. Eu estou com medo e muito nervoso, mas aqui estou eu, prestes a ligar para ela, vou tentar falar com ela pelo telefone, caso eu não consiga aí eu terei que ir na casa dela.

— Será que ela atende? — pergunto nervoso e apreensivo para Raúl.

— Não sei, mas espero que sim, só vamos esperar.

Clico no botão vermelho para ligar para ela, e encaro a tela tremendo, em questão de segundos uma contagem se inicia, ela atendeu, a minha mãe me atendeu.

- Oi... — estou apreensivo.

- Nattan? É você meu filho?

- Oi mãe, sou eu mesmo.

Logo a ouço chorar, ela parece feliz enquanto repete o meu nome e as palavras "meu filho".

- Estou tão feliz que ligou, você está bem? Me perdoa filho, por favor me perdoa por tudo o que fiz você passar, eu não soube ser a mãe que você precisou, eu não soube te entender e acabei perdendo o meu filho precioso, por favor me perdoa, a mamãe está muito arrependida — ela estava em prantos do outro lado da ligação.

- Mãe, calma eu te perdoo tá? Por favor não chora, eu quero apenas conversar com a senhora, podemos nos encontrar? Por favor? — digo tudo num ato de desespero, não quero ouví-la chorar.

- Claro! Pode vim quando você quiser, eu estarei te esperando — ela parecia feliz em me ouvir dizer que queria conversar com ela.

Nós ficamos cerca de dez minutos em ligação, eu contei para ela como andava a minha vida e ela disse querer me encontrar naquele mesmo dia.

Eu não dei bem o que estou sentindo, saber que a minha mãe se arrepende do que me causou, é bom, mas ainda assim não tenho certeza se consigo perdoá-la assim tão rápido.

Raúl me olha tentando saber o que aconteceu e o que conversamos durante aquela ligação.

— Ela diz estar arrependida e que quer me encontrar — suspiro.

— E o que vai fazer?

— Acho que amanhã mesmo eu vou na casa dela, agora está um pouco tarde então não sei se quero ir lá.

— Tudo bem, você que sabe, só não faz merda hein, pensa bem no que vai fazer, principalmente em relação ao Levi.

Suspiro. — Pode deixar, eu não quero causar mais sofrimento ao Levi.

Logo, Raúl liga o videogame para que nós pudéssemos jogar, ele está aqui para me distrair de tudo isso, eu realmente tenho um ótimo melhor amigo.

O Segredo Do Bad BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora