Badjudessa

#50

Salomé*

Barulho de algumas louças batendo uma na outra, vozes experientes conversando de longe e de brinde portas batendo em intervalos de dois minutos. Tudo o que menos desejava. Era uma quinta-feira como outra qualquer, onde me levantaria de cama para fazer as coisas que tenho de fazer e ver a única pessoa que me permite descansar até a alma em seus braços
Só isso.. não acho que é pedir demais

A luta para tentar convencer o sono a voltar é enorme. Mas também, não insisti muito
As janelas já estavam abertas,algo que me estranhou

Levanto lentamente e descanso minhas costas nas almofadas por detrás de mim. Busco o conforto nelas que me faz soltar um suspiro profundo
Que começe o longo dia

Ouço leves batidas na porta o que me fez pensar que fosse a minha mãe de imediato, mas lembrei que se fosse a minha mãe, ela com toda certeza do mundo não bateria antes de entrar

A porta abriu se levemente depois da minha voz dando permissão para que entrasse

— Ah papá.. pensei que fosse outra pessoa - dei um suspiro de alívio

— Não poderia deixar de fazer o meu ritual matinal no dia de seus anos querida.  Sorri de orelha a orelha lhe abraçando — Feliz aniversário meu anjo!

— Obrigada papá -respondo ainda abraçada à ele

— Espero que estes novos aninhos tragam só alegria e bênçãos pra ti - declara

— Amém - sorri de volta

— Preparada para o grande dia?

— Papá .. - resmungo — sabe mais do que ninguém que se dependesse de mim não seria mais que um simples jantar

— Eu sei, mas sabe como sua mãe é. E por falar nela; não posso ficar indiferente com o que tem acontecido entre vocês as duas

Meu corpo ficou enrijecido na hora, lutar contra a minha mãe, ótimo. Agora contra ele??

— Papá deixe me explicar - começo rapidamente mas ele me corta logo

— Não precisa se explicar meu bem; olha eu já tive a vossa idade, entendo perfeitamente como tudo isso funciona
.Não importa a minha opinião ou o que quer que faça, esse sentimento te fará fazer qualquer coisa por esse menino e eu não tenho outros recursos senão aceitar - voltei a soltar um suspiro longo — Mas só preciso que você saiba das decisões que está tomando que faça tudo o que tiver que fazer com prudência e com isto - toca em minha cabeça — Eu criei você e sei do trabalho que fiz assim como confio cegamente nele, essa hora mais cedo ou mais tarde chegaria. Só me basta confiar naquilo que fiz até agora

— Muito brigada - sussuro depois de ter passado uns momentos absorvendo o que acabou de me dizer

— É hora de te deixar dar os primeiros passos no seu próprio caminho - afirmou depositando um beijo na minha testa

— Pena que a minha mãe não percebe todas essas mudanças

— Ainda vou ter essa conversa com ela também, não se preucupe, mas eu preciso ter uma conversa muito mais séria com esse menino. - se levanta virando pra mim — Não é porque é o sobrinho do administrador que pode entrar no meu lar e pegar uma das esmeraldas e sair como se nada fosse
— Na verdade ele já quis fazer isso e eu meio que o pedi para que esperasse um bocado -
confesso
— Pois que se prepare de novo, temos coisas para esclarecer

O que ele teria para esclarecer com o Leo?? Papá ele é um menino bom e inocente

-uhm inocente... antes fosse - uma voz profunda me traz o lembrete das últimas cenas que ele tem protagonizado comigo. De inocente elas não tinham nada
Meu pai saiu logo depois de deixar um beijo na minha testa e desejar novamente um feliz aniversário, me deixando um bocado reflexiva sobre a conversa que disse que teria com o Leo
Mas isso era assunto para uma outra hora, o Leo que se vire. Afinal eu não roubei a "esmeralda" da casa de ninguém
Sorri com meus próprios pensamentos antes de me levantar da cama