Badjudessa

#44

*Salomé

Sentia-me no mais profundo dos sonos,enfiada em baixo do cobertor não queria nenhum contato com a luz do sol que tentava passar pelas aberturas da cabana
Minha vontade era de ficar mais uns 40 minutos por baixo daquele cobertor se não me tivesse lembrado de que aquele dia,era o nosso último dia no acampamento juvenil
Queria até chorar,para ser sincera

Levanto me bruscamente,ainda tentando raciocinar direito
Me vejo sozinha na cabana, Aicha com certeza já tinha acordado. Não acredito que ela não me acordou e nem sequer esperou por mim, para ir tomar o pequeno almoço
(Aquela Ingrata)

Saí do protótipo de cama,que aliás é a única coisa aqui,que acho que não terei saudades
Procuro organizar pela última vez o lugar,antes de sair para a minha higienização matinal

Ainda bem que conseguimos arrumar as nossas mochilas ontem a noite,amanhã de manhã estaremos de novo dentro do carro de volta para casa
Escolhi uma saia preta com o tecido leve que vai até aos pés e um top branco com mangas finas para acompanhar o clima fresco e tropical

Não estava com fome,mas precisava encher o estômago para aguentar o dia longo
O tal "luau" que decidimos fazer, aparenta até ser simples,mas é cada coisa que precisa ser organizada
Desde a comida que será servida,até aos mais pequenos detalhes
Mas fora isso,a noite tem tudo para ser mais que perfeita

Chego na cantina procurando pela Aicha e a vejo sentada um bocado afastada com o Mário, o cupido que habita dentro de mim grita desesperada para acertar esses dois de uma vez
Cheguei de mansinho perto deles,mas o Mário foi o primeiro a notar a minha presença chamando logo em seguida a atenção da Aicha

— Até que em fim, bela adormecida - ela fala dando uma mordida no pão

— Não venha com gracinhas Aicha,porque não me acordou? Ãh? - puxo a cadeira sentando com os olhos nela — Porque não esperou por mim? - volto o meu olhar para o lado — Muito bom dia Mário,tudo bem? - digo calma e serena como se não estivesse quase gritando com a Aicha no minuto antes e ele ri como resposta dando-me também um bom dia

— É que a senhora estava tão plena,dormindo muito bem que não tive coragem de acordar-la ,entendeu?

— Hmuhum,prefiro fingir que acredito, mas e então? Animados para o nosso último dia?

— Não mais que você,não é Salomé? - responde o Mário sorrindo para mim

— Ai é verdade mesmo - sorri de volta — Eu estou simplesmente explodindo de tanta empolgação,essa semana simplesmente voou e a gente nem percebeu

— É,é mesmo

— Mas de qualquer forma,valeu a pena e muito -
Aicha fala levantando da mesa

— Eu vou me encontrar com o resto do grupo,e a senhora devia fazer o mesmo. Acho que estamos atrasadas

— Mas que história é essa de me chamar de "senhora" hoje,Aicha?

— Sei lá eu - gargalha — De repente o termo começou a combinar com o teu rosto. Mas vamos, vamos que atrasadas nós já estamos - me puxa pelo braço quase me arrastando pelo caminho
Tive que dar um "tchau" para o Mário quase gritando
E nem tive tempo para comer nem uma bolacha sequer

Quando chegámos,eles já tinham falado e decidido sobre alguns pontos.. Ótimo. Nada mais justo
As atrasadas somos nós
E pelo que entendi,a parte da decoração do luau fica com a Aicha, a Joana, eu e mais 5 outras pessoas. Mas não fiz muita questão de ouvir os restantes nomes

Eu já tinha mentalizado montar dez ou mais mesas ou "ponto" como a Aicha gosta de chamar,ou seja os campistas vão se dividir por elas. Estarão mais à vontade e se sentarão com quem quiserem
E para se sentarem a Joana deu a idéia de colocar de novo as almofadas tal como da última vez e por baixo um estilo de manta. Já que será na praia,o conforto será também melhor
Não precisaremos das pequenas luzes dessa vez,Aicha foi pegar um monte de velas,aquelas bem grossas e disse que acenderíamos elas e depois espalhá-las pela arreia com alguns candeeiros. Cada candeeiro ficaria em cada mesa,esta última que seria feita pelos meninos com a madeira que restou
Todos nós sabemos que no minuto em que todos estiverem cheios e a alegria subir a cabeça,ninguém nem ao menos se importará com as almofadas pelo menos . Mas a gente faz porque é o que tem que ser feito e também porque eu sou apaixonada por momentos assim