#47

19 5 1
                                    


Salomé*

Imóvel. Era só o que definia meu estado. Pois ainda bem que estava sentada,porque em pé não aguentaria

— Mamã..? - consigo abrir a boca por um instante — Porque está aqui? Não tinha ainda coisas para resolver em Bissau?

— Para casa - limitou a dizer ríspida

— Mamã, ouve..

— Para casa agora,Salomé

— Senhora Isabel, eu acho que podemos convers..

— E você - apontou para o Leo impedindo-o de falar — fique afastado da minha filha, entendeu bem?

— Eu sinto muito mas creio que isso seja meio que impossível

— Como é? Como se atreve rapazinho? - avança em direção à ele e eu me enfio no meio

— Mamã por favor - suplico olhando nos seus olhos — Podemos ir agora?

Solta um suspiro longo antes de virar novamente para o Leo

— Fica longe dela, eu não vou repetir de novo

Foi o tempo suficiente de me agarrar pelos braços e sair me arrastando dalí feito uma boneca de porcelana

O caminho todo foi silencioso, o que aumentou mais o meu nervosismo. Porque ela não está gritando, porque não está me fazendo passar vergonha
O pior só podia estar encomendando para quando chegássemos em casa

Dito e feito

— O que estava pensando? - dispara finalmente ao fechar a porta do quarto atrás de sí — Bu pirdi bu balur? Deixando se ser feita de petisco na rua?

— Nós estavamos apenas sentados

— Sentados? - solta um riso nasal — Não me diga. Então você senta por um caso com a sua boca? Você perdeu completamente o senso, Salomé. Meu Deus já pensou se fosse outra pessoa vendo vocês no meio daquele escândalo?

— Mamã, não é pra tanto, nós só..

— Cala boca - grita fazendo me calar e os meus olhos já estavam marejados com as lágrimas ameaçando a cair — Então quer dizer, eu faço o máximo que posso para voltar, porque como óbvio estou com saudades da minha família, chego aqui e encontro só uma de minhas filhas. Mas não, espere, eu conheço um dos seus lugares favoritos. Talvez ela possa estar la, porque não ir? Afinal, não aguento mais a tamanha saudade
Chegando lá, ela me recebe do jeito mais vergonhoso possível, participando de uma cena reprovável - desdenhou se aproximando mais de mim — Quem era aquele rapaz, Salomé?

Demorei uns segundos antes de balbuciar a resposta— O nome dele é Leonardo, sobrinho do administrador

— Eu não acredito nisso - cobre a cara com a mão e minhas respirações ficam mais aceleradas

— Está me dizendo que eu te apresentei a entrada principal e você vai e escolhe a porta dos fundos? Quem é você? Filha minha não pensa desse jeito. Nunca e jamais

— Pois prefiro a porta dos fundos e carregar a felicidade e o amor que tem do que a amargura e falsidade da pricipal. - resmungo

Sinto minha face direita arder assim que fechei a boca. Tinha acabado de me desferir uma bofetada
Uso minha mão para acalmar a irritação do meu rosto com o contato da sua força

— Não ouse falar do que não sabe. Você é só uma criança, não sabe de nada dessa vida, acha que o amor é a base de tudo e que conserta todo o resto. Pois saiba que o amor não existe, nesse vosso mundo de hoje
A única coisa que ficou em jogo é o interesse, dá cá-toma lá, eu estou te preparando para essa selva que chamamos de vida e você me vem com essa história de amor. Na primeira oportunidade que ele tiver de bater as botas, ele não pensará duas vezes em te deixar aqui depois de conseguir o que quer. Ou o que achava? Que ía querer algo muito sério com a kampuni que se deixava ser beijada no meio do riacho?

BadjudessaOnde histórias criam vida. Descubra agora