Movido por um impulso intenso para desvendar o mistério à minha frente, não tardo em avançar pelos corredores repletos de convidados.
Cada passo que dou me leva mais perto da figura que incrivelmente se assemelha ao meu pai, mas que questiona tudo o que acredito ser verdade. Sei que devo agir com cautela, pois meus olhos podem estar sendo enganados ou, pior, posso estar à beira de um encontro com alguma magia que escapa à minha compreensão.
Logo que me aproximo o suficiente para ser percebido, faço uma reverência respeitosa, fixando meus olhos no rosto surpreso do homem.
Escolho minhas palavras com cuidado, bem ciente das orelhas curiosas que rodam em nosso redor como cardume de peixes à espreita de novidades.
"Pai, sua vitalidade é como a luz da Lua Cheia sobre a planície de coral," digo com um sorriso leve, utilizando o código que nossa família sempre emprega para expressar confusão sem revelar nossa verdadeira insegurança. "Por favor, poderia me revelar o segredo por trás dessa nova maré que lhe trouxe tamanha juventude?"
É crucial observar cada detalhe da reação dele. Se realmente for meu pai, ele reconhecerá imediatamente não apenas o código entre as palavras, mas também o olhar preocupado que tento dissimular. Se não o for, devo estar pronto para recuar e buscar a verdade por vias mais seguras e menos expostas.
Porém, se de fato é ele, decifrando a mensagem oculta em minha pergunta, talvez me guie a um lugar mais reservado onde possamos conversar. Mas, se estiver diante de um engano ou um ardil, terei que me desviar por entre uma maré de conspirações que podem ameaçar a minha imagem.
Além do mais, devo conter a urgência de tirar conclusões precipitadas ou de agir impulsivamente. Espero calmamente, com uma maturidade que contradiz meu jovem espírito, pronto para enfrentar o que quer que esteja escondido nas profundezas do desconhecido.
"Nereu, meu filho!" diz ele me abraçando.
Confesso que eu fiquei surpreso com o abraço dele. A expressão de surpresa se prostrou em minha face e o meu corpo ficou estático, não retribuindo o abraço que ele me dara.
"Vem eu quero te contar algo." diz ele me soltando do seu abraço.
De seguida ele se vira as pessoas que conversava e despede-se deles, logo de seguida ele faz um sinal com os olhos para eu segui-lo.
Percebo que seu semblante está diferente, ele parece mais alegre, será a sua juventude repentina?
No vasto palácio, seguia ele, por corredores que pareciam tecidos com a luz da lua cheia artificial de Nova Atlântida, até que chegamos a uma varanda do palácio. Lá, a imensidão azul da grande metrópole subaquática se estendia diante de nós.
"Pai, por que me trouxe aqui?" perguntei, minha voz se misturando ao som sereno das correntes da água que ficavam aos arredores do palácio.
Adrien respirou fundo, um gesto que eu sempre associei mais ao pensamento do que à necessidade física, antes de falar. "É estranho, meu filho," começou ele, virando-se para me encarar com olhos que pareciam guardar segredos antigos. "Mas essa aparência é a que uso aqui em Nova Atlântida. A mais velha eu uso na superfície para que não haja problema para nossa família lá em cima."
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The Elementals: Encarnações
FantasiaEm "The Elementals", uma obra de ficção fascinante e envolvente, os elementos do planeta Terra assumem formas humanas e vivem secretamente entre os seres humanos. Estes seres extraordinários são acompanhados por seus fieis serviçais e desempenham pa...