Cap 9 - S1

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Nereu on:

Assim que meus olhos a encontram, o meu coração disparou.

Ali, no salão imponente, envolto em tapeçarias que narravam as lendas do mar, estava Doris.

Meus passos foram urgentes, movidos por um impulso infantil de reencontro.

Quando nossos braços se fecharam num abraço, senti o cheiro de lar. As emoções transbordavam como uma maré alta, afogando qualquer protocolo formal que o Conselho pudesse esperar.

Enquanto me afogava na nostalgia que aquele abraço trazia, notei meu pai à margem. Seu olhar, uma mistura de curiosidade e cautela, logo se transformou em um gesto de boas-vindas enquanto ele se aproximava. "Doris," disse ele, com um sorriso fácil.

Era um momento simples, mas para mim, valia séculos de histórias.

O cintilar da luz refletia em meus olhos quando me afastei de Doris, a distância entre nós pontuada não apenas pelo espaço, mas pela deferência em seu tom de voz. Um murmúrio de reconhecimento passou por suas lábios, e ela me saudou com um aceno que carregava a elegância do mar.

"Jovem Ocean," ela começou, uma nota de brincadeira escondida sob a superfície de seu respeito, "ou devo dizer, príncipe Nereu?"

Eu pausei, deixei com o ar fresco da sala me envolvesse. "Não há necessidade de títulos, Doris," eu insisti, a maré de meu coração puxando-me em direção à simplicidade.

Ela, no entanto, sorriu, seus olhos dançando com o mesmo ritmo mágico do nosso domínio oceânico, e falou, "Você deve aceitar seu título, Nereu. É parte de quem você é." Ela se aproximou novamente, seu sorriso se ampliando de um jeito que fazia os recifes de coral parecerem sombrios em comparação. "Estou feliz em vê-lo em Nova Atlântida. Seu pai, parece que não pôde manter o segredo de sua linhagem mais tempo."

A verdade em suas palavras pesava como a pressão das profundezas; uma realidade que eu tinha começado a entender só recentemente.

Lembro que meus tios haviam revelado a rica tapeçaria da minha herança, uma trama tecida com os fios da nobreza entre os nossos povos, um legado que eu estava apenas começando a aceitar.

Minha hesitação em assumir o título de príncipe não era por arrogância, mas por respeito à grandeza do mar que nos cerca; porém, ali, na presença de Doris e seu encorajamento sincero, senti-me compelido a capitular.

"Então que seja," eu disse com uma leve inclinação da cabeça, "Príncipe Nereu." Minhas palavras carregavam o eco das ondas, uma aceitação da minha identidade entrelaçada com o destino de Nova Atlântida. Eu podia sentir que o mar reconheceria meu título, como se as correntes antigas formassem um caminho para mim, um caminho que eu estava destinado a seguir.

Via meu pai que se aproximava e seu semblante sério iluminou-se ao ver Doris. "Doris, é realmente você após tantos anos?" Sua voz baixa retumbava com uma alegria surpresa.

Ela curvou a cabeça em respeito, "Sim, meu Imperador, é uma honra vê-lo depois de tanto tempo."

Observava a troca cordial entre eles, um misto de formalidade e uma descontraída camaradagem. As memórias de infância me envolviam, a nostalgia era palpável entre eles.

Era evidente que meu pai, mesmo com a responsabilidade do reino sobre seus ombros, guardava um carinho especial por minha antiga babá.

Não pude deixar de questionar, com uma curiosidade infantil nunca completamente abandonada, "Doris, depois que você deixou a superfície... veio diretamente para Nova Atlântida?"

Com uma serenidade que sempre a caracterizou, ela confirmou, "Sim Nereu. E assim que cheguei, e depois de algum tempo, seu pai me promoveu a conselheira do reino."

The Elementals: EncarnaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora