hotel

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Havia se passado apenas alguns minutos desde que Chan sorriu para o celular com a mensagem de Seungmin avisando que tinha chegado. Era adorável ver como, não importando quanto tempo passasse, Chan sempre mantinha aquele ar de adolescente bobo e apaixonado por Seungmin. Isso fez Minho refletir se algum dia encontraria alguém que o fizesse reviver a inocência da adolescência, cheia de intensidade e emoção. Talvez já tivesse tido essa experiência. No fundo, ele sabia que sim.

Chan telefonou para Seungmin avisando que não poderia buscá-lo, pois já estava tarde e estava ocupado resolvendo questões do hotel com a gerente, mas imediatamente providenciou um motorista de confiança para resolver a situação. Assim que o senhor de meia idade, cujo nome estava salvo como "Seu José da barraca de praia" no celular de Chan, informou que já estava a caminho do aeroporto, Bang digitou um simples "certo. Obrigado!" e voltou à reunião com a gerente.

Nesses momentos, as coisas ficavam um pouco entediantes para Minho. Ele já havia vasculhado até os formigueiros escondidos atrás da casa 144 e testado a água da piscina com o pé cinquenta mil vezes; não havia mais nada para fazer. Pensou em pedir a chave do seu apartamento para Chan, mas não queria interromper seus negócios. Bang era bastante rigoroso quando se tratava de trabalho, uma característica que Minho acreditava ser hereditária do senhor Bang. Que Deus o tenha!

Tudo bem ai, cara? — Uma voz masculina ressoou, aproximando-se de Minho à beira da piscina. Com os pés na água gelada mais uma vez, Minho deixava seus pensamentos vagarem pelo infinito. Ao se virar, procurando pelo dono da voz, deparou-se com um homem musculoso e extraordinariamente alto. Seus cabelos morenos caíam em uma franja que cobria parte de sua testa. Os lábios dele eram perfeitamente desenhados, cheios, daquele tipo que você vê em modelos de capa de revista e se sente inferior instantaneamente. Ele era simplesmente deslumbrante. Tão lindo que fez Minho engolir em seco. Pessoas bonitas podem ser assustadoras, não é mesmo?

— Perdão? Nos conhecemos? — Minho estreitou os olhos quando o moreno charmoso se sentou ao seu lado, e o homem sorriu ao ver os pés de Minho balançando freneticamente na piscina. Era meio fofo. Aquele rapaz nunca tinha estado no hotel antes. Provavelmente mais um turista de passagem, que iria embora com um bronzeado e promessas vazias de retorno no ano seguinte. O sotaque dele era diferente, definitivamente não era baiano, muito menos nordestino. Talvez... paulista? Paranaense? Quem sabe!

— Me chamo Keeho. E você?

— Pode me chamar apenas de Lee. — Minho disse, de forma breve e direta, voltando seu olhar para a água, que se movia lentamente, acompanhando o ritmo dos seus pés.

— Você faz parte da família do noivo que praticamente está comprando este hotel? — O moreno tentou iniciar outra conversa, mesmo após a resposta um tanto arrogante de Minho. Ele olhou confuso. Comprando? Chan não mencionou nada sobre isso para ele, muito menos para Seungmin. Claro, alguns dias em Porto Seguro e a hospedagem para centenas de pessoas já era algo grande o suficiente, mas comprar o hotel inteiro?

— Chan é quase como um irmão mais velho para mim, mas acredito que ele esteja apenas alugando temporariamente. — Respondeu Minho, ainda sem olhar diretamente para o outro.

— Seu quase irmão mais velho está escondendo algumas coisas, então. Este hotel pertence ao meu pai, que faleceu apenas dois meses atrás. — Keeho falou, ganhando atenção de Minho.

— Como sou filho único, a propriedade é uma herança minha e da minha mãe. Minha mãe nunca quis administrar este lugar e eu muito menos, pois era uma paixão exclusiva do meu pai. Ele tinha uma relação muito próxima com os Bang, fez várias negociações com a empresa e o hospital fisioterapêutico. Ele até esteve no funeral do senhor Bang, aquilo o afetou profundamente por meses. Quando seu amigo me pediu para alugar este lugar, eu neguei. Não sabia nada sobre ele, para mim era apenas um homem muito rico querendo causar confusão. Mas ele entrou em contato com Jennifer, a mulher que minha mãe paga para atuar como dona deste lugar. Ela nos informou que era uma oferta dos Bang, e imediatamente vi uma oportunidade de me livrar da responsabilidade de administrar este hotel. Então, ofereci 950 milhões por tudo, quase a preço de banana. Era isso ou nada. Agora, aqui está ele, assinando papéis com Jennifer e tirando um peso enorme das minhas costas. — Keeho concluiu. Caramba, Chan estava comprando o hotel apenas para que Seungmin pudesse realizar o sonho de trazer seus amigos para a praia e casar ao lado deles. Isso era uma demonstração de amor verdadeiramente grandiosa. Caramba. Ainda assim, Seungmin provavelmente ficará furioso com essa notícia. Ele não gosta que Chan tome decisões sem avisá-lo, especialmente decisões tão significativas como essa. Ele provavelmente achará que é um gesto exagerado e excessivamente generoso. Seungmin nunca aceita muitos favores, isso é algo insuportável nele. Ele está sempre cuidando dos outros e querendo agradar, mas não gosta de receber em troca. Minho não disse mais nada além de um "sinto muito pela partida do seu pai" e logo foi interrompido por um paulista barulhento e outro chato ao seu lado revirando os olhos.

— Eu nunca mais viajo com você! — Seungmin esbravejou, arrastando a mala nervoso pelo gramado, pouco se importando que a roda com certeza não foi feita pra aquilo. Jeongin vinha logo atrás, com mais um milhão de malas e xingamentos na ponta da língua. E ainda atrás dele, o pobre do seu José, rindo dos dois, com uma chave de carro na mão e uma outra mala na outra. Era um senhorzinho de pele morena, cabelos grisalhos e sorriso torto. Tinha as mãos ásperas, meio gastas, entregando o provável trabalho árduo que teve que enfrentar durante sua vida. Parecia simpático. Vestia uma camisa de anotar listrada e um short jeans, com um óculos de grau dentro do bolso frontal da camisa e uma carteira de couro desgastada no bolso do jeans meio velho.

— Você me disse que a sua mala era a amarela, você acha que eu adivinhar que uma idosa teria uma mala de mão amarela também? — Jeongin revirou os olhos, parecendo dizer algo óbvio. Seungmin continuava incrédulo com a idiotice sem tamanho. Yang crescia o físico, trabalhava mais, estudava mais, tentava ser mais responsável por si só, mas no fundo sempre seria o mesmo idiota de anos atrás.

— VOCÊ ME VIU COM A MALA NO AEROPORTO POR DUAS HORAS E NÃO SABIA QUAL ERA? — Gritou Seungmin, assustando o moreno ao lado de Minho. Coitado, ainda não tinha visto nada. Seu José começou a rir da discussão, enquanto Minho se aproximava deles no portão, finalmente fazendo-os notar que não eram os únicos no hotel. Pareciam dois idiotas aos olhos do Lee.

— Eu lá fico reparando em você. E outra, aquela véia merecia uma discussão mesmo, senhora chata. E daí que eu peguei a mala dela, custava ser educada? Ainda me chamou de "joven imbécil".

— Você é um imbecil mesmo. Onde já se viu discutir com uma senhora estrangeira, em espanhol, NO MEIO DO AEROPORTO? — Por fim, Jeongin bufou e mostrou o dedo pra Seungmin, até pareceu querer continuar a discussão, mas teve seu foco roubado pelas palavras de Minho.

— Esse é o noivo, e aquele ali do lado é o filho adolescente revoltado deles. — Minho segurou a risada ao ver Keeho confuso com o comentário. O moreno estendeu as mãos e cumprimentou ambos, recebendo um sorriso educado de Jeongin e um simples aceno com a cabeça de Kim.

— Bom, muito legal ver vocês e tal, mas cadê o meu noivo? — Seungmin questionou, olhando em volta, procurando por Chan, mas sem sucesso.

— Ele está... — KeeHo foi interrompido por um tapa de leve de Minho, seguido de um pigarreio. Não queria que Seungmin soubesse da compra do hotel por enquanto, seria melhor ele ouvir da boca de Bang após o casamento.

— Está ali — apontou Minho com a cabeça para Bang, que se aproximava com um sorriso radiante ao ver seu noivo. Seungmin era como um quadro que você encontrou por acaso em uma feira de artes e desde então nunca viu nada igual. Sempre que olha para ele, você sente algo muito bom, se sente grato, realizado, amado. Além disso, sente beleza, paz e paixão. Uma paixão que arde, cresce e se transforma a cada dia, mas não em dor ou tristeza; pelo contrário, se transforma em amor, um amor cada vez mais intenso e forte. Kim deixou as malas e caminhou até seu noivo, abraçando-o e selando seus lábios num beijo que dizia "senti sua falta". Jeongin sorriu com a cena, mas seus olhos se desviaram para Minho, um misto de admiração e saudade de sentir algo tão intenso também. Depois, notou o jovem ao lado dele, com um sorriso que denotava o desejo de viver um amor assim um dia. Quem sabe algo pudesse surgir entre os dois?

Jeongin se perguntou se deveria contar a Minho sobre o encontro no aeroporto com Han Jisung, mais bronzeado, mais lindo e mais musculoso do que nunca, comprando uma passagem de última hora para Porto Seguro, Bahia, sozinho e parecendo querer companhia. Decidiu que era melhor guardar para si por enquanto.

— Hm — pigarreou Jeongin — Não querendo 'moiar' o rolê de vocês, mas que tal irmos pros quartos? Não estou aguentando mais ficar em pé. — Disse Yang, desviando a atenção de todos de volta para si. Todos riram e Chan concordou, tirando as chaves do bolso, passando o braço sobre os ombros do noivo e conduzindo todos em direção aos quartos do hotel.

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