LEE MINHOMinha mente era um martírio. Eu estava perdido, completamente preso a um sentimento que pensei ter deixado naquela praia, no momento em que ele me humilhou. Não havia ninguém para testemunhar a tragédia. Han Jisung era um covarde, mas minhas versões que se permitiram se entregar a ele estavam em choque, devastadas, assistindo aquele pobre e triste acontecimento. Vozes contra mim repetiam em meu subconsciente: "Vocês não eram nada, não tinham nada, não aja como um coitado." Mas não consigo me conformar com essa afirmação. Não éramos nada? Sério? Isso é afirmar que todas as tardes em que caminhamos pelos arredores do Rio de Janeiro, sorrindo um para o outro, ou as manhãs em que acordei na rede, agarrado ao seu toque, envolto por seu perfume doce, ouvindo seus balbucios matinais, eram nada. Nós fomos algo. Todas as relações são algo, com rótulos ou não. Existiu paixão, mesmo que unilateral.
Caminhei pelos corredores ainda vazios do hotel, sentindo o calor da manhã na Bahia me envolver. Meu corpo estava tenso devido ao encontro anterior com Jisung. Minhas mãos, um tanto úmidas, esfregavam-se nervosamente nas laterais da minha calça, numa tentativa falha de me acalmar. Aquele homem era pura teimosia e confusão, e todos os meus instintos gritavam por distância imediata. Eu devia pegar um voo para São Paulo agora. Que se dane o casamento, a tecnologia está aí para ser usada; eu poderia muito bem assistir à cerimônia por chamada de vídeo. O que meus amigos estavam pensando quando deixaram Jisung se hospedar aqui? Ele iria ao casamento? Porra, simplesmente não consigo acreditar nisso. Chan e Seungmin foram dos poucos que testemunharam meus momentos vulneráveis após a praia, já que lá todos puderam assistir de camarote o drama. Será que eles fariam isso? E quanto a Jeongin? O que ele fazia lá? Não me lembro dessa proximidade deles, pelo menos não até ontem, quando o vi perseguindo Han ao lado de Changbin, enquanto eu saía revoltado em direção à mesa. Han não voltou para comer naquele dia, algo de se esperar dele, já que ele tinha um talento para fugir de encarar seus erros. Mas foi melhor assim. Ninguém questionou. Estava óbvio que sabiam que algo errado estava acontecendo, então ou não ligavam, ou estavam fingindo para não me afetar. Como se eu fosse uma criança a ser protegida o tempo todo. Eu odiava isso.
— E aí, cara? Achou ele? — Estaquei meus passos ao dar de cara com Changbin, que exibia um semblante preocupado. Ô, se encontrei, e seu melhor amigo também, acredita? Ainda assim, não entendi por que Changbin parecia mais interessado que o próprio Bang, o melhor amigo de Yang. Ele não deveria estar cuidando da vida da namorada ou algo assim? Bom, não interessa. Abri a boca para responder, mas fui interrompido pelo toque do celular do próprio Seo.
— Um segundo, é do hotel. — Ele retirou o celular do bolso e eu assenti, logo direcionando meu olhar para trás, notando Yang na porta de Han, segurando um iPhone que não parecia ser dele - seu patrocínio com a Samsung seguia forte, então ele só era visto com aparelhos da marca - enquanto aguardava algo ou alguém.
— Perdão? Não, eu tenho certeza que não fiz nenhuma compra tão alta no hotel, eu não estou hospedado, apenas deixei o número caso precisasse pedir algo enquanto estivesse aqui. Jihyo? Moça, isso é um engano, ela não come chocolates há dias, está de dieta. O que? Certo. Obrigado, perdão pela confusão, irei pessoalmente pagar e encerrar a conta aqui. — Olhei confuso, sem entender o problema. Changbin parecia furioso, como se tivesse sido corno ou algo do tipo. Em questão de segundos, Jeongin parou ao meu lado, com os cabelos agora úmidos, parecendo que tinha acabado de tomar um banho, e um sorriso divertido no rosto. Levantei a sobrancelha. Esse pirralho ao lado de Han Jisung não era coisa boa, e as evidências disso já estavam começando a aparecer.
— Algum problema, Seo? — Yang perguntou, tentando ao máximo parecer preocupado, mas eu conseguia facilmente perceber a ironia em seu tom. Garoto maligno. Era disso que eu estava falando quando disse a Han que ele não era uma boa influência. Quero dizer, isso com certeza infringia algum artigo da constituição. Qual é o próximo passo? Contrabando?
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Porto Seguro
FanfictionSEGUNDO LIVRO DA SAGA COPACABANA! Após finalmente agendarem a data para o que promete ser o maior casamento do ano, Chan e Seungmin estão ansiosos para que todos os convidados cheguem a Porto Seguro e se hospedem no hotel reservado. No entanto, a ma...