sempre uma farsa, nunca um deus.

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TW: VÔMITO

A mesa estava pronta. A gargalhada alta de Seungmin ressoou distante, provavelmente estava rindo de algum comentário idiota feito por Lee. A melhor virtude daquele paulista babaca era ser um belo de um engraçadinho. Chan se aproximava, trazendo consigo os amigos que estavam anteriormente no quarto de hotel. Ele sugeriu que ficassem à vontade e escolhessem um lugar para sentar, enquanto ele cuidaria das carnes na churrasqueira e conversaria um pouco com seu noivo.

No entanto, relaxar não parecia ser tão simples, especialmente com um casal mal resolvido, um homem ainda apaixonado e uma mulher que poderia acabar sendo corna ou trocada. Era difícil dizer qual das situações era pior. Changbin sugeriu ajudar com a carne, em nome dos velhos tempos, e disse que só iria ao carro buscar a pimenta malagueta que havia comprado na passarela e logo voltaria. Com isso, restaram apenas Yang, Jeongin e JihYo, sentados à mesa, com pão de alho servido e um clima bastante pesado.

JihYo devia ser bastante extrovertida, mas claramente não se sentia à vontade naquele ambiente. Ela parecia como a primeira namorada do filho único sentada à mesa da sogra, com medo de abrir a boca e ser linchada. Jisung quase sentiu pena dela, mas não deveria, afinal, ela sequer era relevante para ele. Não o interprete mal, ele sentia mais empatia por Yang, que certamente tomaria muito mais no rabo  — e não de uma forma boa — sem merecer. Afinal, por enquanto, ele era o rejeitado e trocado da história.

Hm — Pigarreou Yang, finalmente quebrando o constrangedor silêncio. Jisung já havia notado essa tendência de Jeongin de iniciar conversas nos momentos mais inadequados, como se tivesse aversão ao silêncio. — E aí, JihYo, me conte como conheceu meu amigão Seo. — Ele perguntou, descontraído, enquanto pegava um pedaço de pão de alho. Jisung quase se engasgou com a água com limão que estava bebendo, e sorriu, antecipando o que viria. Pelo menos ele não seria o único a proporcionar entretenimento nesse hotel maldito, afinal. JihYo endireitou-se na cadeira, como se estivesse com um arco e flecha apontados para ela, e qualquer resposta errada pudesse custar-lhe a vida. As mulheres são tão perspicazes; sorte que Han não se interessava por elas. Jeongin ainda mantinha sua expressão inocente, como se não estivesse realmente interessado. Dois dissimulados e um entediado ávido por diversão juntos à mesa. O que poderia dar errado? Ou, talvez, o que poderia dar certo?

— É verdade, Bin esconde muita coisa sobre vocês. Aposto que foi interessante. — Jisung disse, sorrindo maliciosamente e levando novamente o copo de água com limão e gelo aos lábios. Precisava provocá-la um pouco mais, ou aquela conversa voltaria ao tédio ainda maior do que o silêncio anterior. Mais um pouquinho e o carioca sairia rastejando, tentando convencer a moça a comer a maçã da árvore e desobedecer aos mandamentos de Deus.

— Nós nos conhecemos em uma festa, não me lembro exatamente como. Ele estava bêbado e eu também, mas lembro de tê-lo visto e desejado por completo. Algo ardente e incontrolável, se é que me entendem. — Ela mostrou um sorriso quase doce nos lábios, enfatizando o final da frase. Han olhou para Jeongin, percebendo sua expressão mudar. Ele já não estava tão descontraído, mas ainda tentava se manter firme. Jisung revirou os olhos.

Não era apenas uma questão de se manter, ele precisava se sobressair. Han precisava moldar esse rapaz com mais firmeza, Bang estava suavizando demais esse projeto de ouro com bandeira da paz. Yang não devia se deixar abalar por uma história inventada de qualidade duvidosa como essa. Fala sério, estava bêbada, não lembra de nada, só do desejo sexual? Que bebida é essa? Vodka especial pra atriz pornô? Era necessário um pouco mais de determinação naqueles olhos. Talvez eles pudessem formar uma boa amizade, afinal. Jisung passou as mãos pelas costas de Jeongin, como se estivesse incentivando-o a responder algo. Então, ele umedeceu os lábios e respondeu:

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