preto e branco

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Capítulo dedicado a tetecastarry

Obrigado por se oferecer para trabalhar na capa de Copacabana. Serei eternamente grata pela oportunidade de conhecer sua arte

[...]

Desde o segundo em que Jisung viu a pessoa por quem estava completamente apaixonado virar as costas para ele, com os olhos cheios de dores não expressas, o mundo pareceu desabar em tons de preto e branco ainda mais intensos e dolorosos. Memórias. Jisung detestava se apegar às coisas; ele sentia que tudo precisava desaparecer em algum momento. Afinal, esse era o ciclo da vida. Por mais fortes e majestosos que os leões fossem, em algum momento eles simplesmente morriam, transformando-se em restos para criaturas que poderiam ter sido facilmente devoradas por eles em seus dias de glória. Tudo se desfazia, virava pó, perdia a cor. Esse é o problema das memórias; elas estão lá para te lembrar de que, em algum momento antes de todo esse preto e branco, houve um mar de flores coloridas e aromas tão intensos quanto os tons de preto atuais.

Lá estava ele, Han Jisung, o arrogante, que nunca se permitia fraquejar, deitado em uma maldita cama de hotel, em meio a lençóis tão brancos e sem graça quanto esse último ano, com um maldito chocolate caro de boas-vindas em sua mão esquerda, e olhos presos no teto. Ele quase podia sentir sua fragrância, seu toque, seus lábios. Minho era diferente.

Han Jisung se envolveu com outros caras, nada sério, é claro, mas isso não significa que o envolvimento tenha sido nulo. Ele chegou perto de namorar algumas vezes, mas sempre dava o fora; ninguém era capaz de suportar seu orgulho e enfrentar suas dores com ele. Não que ele quisesse que alguém tivesse essa disposição, de qualquer forma. Jisung não precisava de ninguém. Mas Minho era diferente. Ele era doce, sutil, um pouco bobo. Ele era inocente, mas não ao ponto de te entediar. Tudo em si era suficiente.

E naquele dia na Pedra de Sal, Han viu algo nos olhos de Minho que nunca tinha visto antes em um homem, ou mesmo em mulheres: admiração. Minho não aceitava seu orgulho, sua prepotência, sua vaidade; ele enaltecia tudo isso. De repente, deixou de ser um defeito e passou a ser uma qualidade. Aquela conhecida aflição atingiu Han com toda a força quando ele concluiu que todas as coisas que Minho admirava nele foram as coisas que ele fez questão de usar contra Minho.

Jisung nunca se arrependeu, sempre achou que fazer de tudo para se proteger era o certo. Se ele não fizesse essas coisas por si mesmo, ninguém faria. Não importa o quanto alguém te ame, no fim, toda dor que você sente é exclusivamente sua. Não existe nada que mude isso. Mas, dessa vez, Han não se sentiu esperto. Ele se sentiu muito tolo, na verdade. Parecia que, no fundo, ele sabia que estava protegendo mais seus medos do que a si mesmo. Como se tivesse feito isso a vida toda. Estava prestes a deixar uma lágrima cair, mas foi impedido por batidas sutis na porta.

Han levantou cautelosamente, arrastando-se sobre os lençóis e indo em direção às batidas. Colocou as mãos na maçaneta prateada e a abriu, dando de cara com Yang, que parecia tão acordado quanto ele na madrugada, mesmo que o samba-canção do Garfield, a camiseta branca e as pantufas indicassem que estava pronto para dormir. Ele entrou no quarto sem dizer nada, arrancando uma risada de Han com a audácia, fechando a porta atrás de si com cuidado.

Viu Jeongin se jogar na cama, como se aquele fosse o refúgio dos perdidos; sua mente parecia andar em círculos, em busca do mesmo que Han procurava incessantemente. Jisung só não sabia dizer o quê.

— Não vai pedir pra entrar? — debochou, juntando-se a Jeongin na cama. Han sabia que ele era apenas um pirralho mimado, acostumado a não pedir licença para invadir o espaço pessoal dos mais íntimos. E, pelo visto, ele era do tipo que pegava intimidade rápido demais.

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