vazio de si

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São PauloMeses antes

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São Paulo
Meses antes...

O clima estava tenso e agitado no estúdio de gravações da LBFF. Era uma final acirrada entre Loud, Fluxo e Vivo Keyd. Estava tão agoniada que acredito que até a minha filha sentia isso também, pude perceber seus olhinhos curiosos e tensos pelo set, tão quietinha. Provavelmente ela sabia, dessa vez, só o papai estava jogando. 

Nosso time não foi bom nessa temporada, e não tenho vergonha de admitir isso, afinal, são fases. Mas o que deixava essa final tão tensa, era o nosso desempenho. O time não estava nada entrosado, pareciam sem vontade, avoados, exceto pelo Bruno. Em nenhum momento se mostrou derrotado, até a última sala, a última partida.

Talvez fosse o clima tão tenso entre todos nós que acabou fazendo com que as farpas fossem pesadas até demais. Até mesmo para alguém que já está acostumado a lidar com isso, estava passando dos limites. Fixo os olhos no grande telão à minha frente, que mostrava a partida em tempo real.

A safe estava pequena demais e só eles estavam vivos...numa tentativa de pegar a safe para não trocarem tiros no gás, Fluxo e Vivo Keyd se encontram e começam uma trocação. Ela dura por mais segundos que imaginavámos, fazendo com que todos no set acompanhem com curiosidade. Por fim, conseguimos levar a Vivo Keyd e ainda ficamos com 3 do time vivos. 

O que não durou muito, já que o time da Loud, sabendo da trocação e usando uma ótima estratégia, aproveitam que os meus meninos estão com vida baixa e chegam com tudo, quase levando nosso time todo. Bak e Nobru sobram, por fim, começando um x1 digno de cinema.

Estava tudo indo bem, até que eu vi aquele olhar no rosto do Bruno, ele perdeu a confiança. Bak o mata num passe de mágica e o seu time comemora. Nossos meninos ficam decepcionados, mas já era de se esperar, eles se abraçam e vão descendo da plataforma em que estavam jogando, até que ouvimos alguém gritar.

- Aí Nobru! - Era o Bak. Viramos todos em sua direção, que estava de pé na plataforma e com um microfone na mão. - Seu tempo nesse jogo acabou cara, se aposenta antes que você leve esse squadzinho pro buraco.

Todos no set ficam incrédulos e Bruno sorri fraco.

Não era novidade pra ninguém que os dois andavam brigados, mas acredito que dessa vez, tudo foi longe demais. Bruno passa por mim cabisbaixo, e com o olhar vazio...ele se deu por vencido. Todos no set tentam terminar a transmissão com o clima mais amenizado, mas não foi totalmente possível, já que fomos os primeiros a ir embora, não ficando nem mesmo para receber o 2º lugar.

Ao chegarmos em casa, Syaz, God e BK conversam normalmente enquanto Bruno permanece em silêncio. Coloco Mali em seu bebê conforto, que continua dormindo adorávelmente e observo Bruno subir as escadas. Peço aos meninos que continuem conversando com o tom de voz baixo e aviso que vou subir para tomar um banho. Eles balançam a cabeça concordando, sabendo que eu só vou atrás do meu menino.

Entro no nosso quarto e escuto o barulho do chuveiro ligado. Caminho até o mesmo e bato na porta.

- Não tenho nada pra falar não, K9. Dá licença. - Bruno grita do lado de dentro e eu abro a porta fechando a mesma atrás das minhas costas.

- Não é o K9... - Ele suspira pesado. - Você está bem?

- Sim. - Mentiu. - Só quero deitar.

- Você sabe que pode se abrir comigo, né? - Sento no balcão de mármore da pia e observo o box embaçado. Ele estala a língua.

- Eu sei, Yasmin. Eu só quero deitar, cara. 

- Bruno, olha, eu não quero forçar as coisas, mas é inevitável. Eu vi como você saiu de lá, eu vi a cara que você fez pouco antes dele te matar, não tenta esconder as coisas de mim quando você sabe que não consegue. - Respiro fundo procurando as palavras certas. - Sei mais do que ninguém que o que ele disse te atingiu em cheio, por quê eu sim vi de perto todas as vezes que você estava que nem um louco aqui nessa casa se cobrando pelo desempenho do time, mas você não joga sozinho, amor. São só farpas de um jogo online, isso não define você. Acima disso tudo, você é um ótimo namorado, um ótimo pai, um ótimo amigo, olha a oportunidade que você deu pra esses meninos, olha como a vida deles melhorou. Esse jogo não define você!

Mordo o interior da minha bochecha torcendo para que ele entenda e fique bem, até que o mesmo abre o box e sai pra fora com a toalha enrolada na cintura. Ele me encara enquanto uma lágrima solitária escorre pela sua bochecha. Abro os braços oferecendo um colo pra chorar e o mesmo aceita, vindo até mim com os braços abertos. Ele deita a testa no meu ombro e rodeia a minha cintura com os braços, fungando o nariz enquanto eu passo a minha mão pelo seu cabelo.

- Eu tô tão exausto, Yasmin...tão cansado. - Ele solta e eu aperto os lábios em concordância.

- Eu sei amor, é só uma fase ruim, vamos passar por isso. - Ele me encara e balança a cabeça concordando mas algo nele não estava igual, por que aquele olhar com brilho, já não estava mais ali, ele estava vazio.

Talvez tenha sido aí, que tudo mudou...

Talvez tenha sido aí, que tudo mudou

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𝗯𝗲𝘁𝘁𝗲𝗿 𝘄𝗶𝘁𝗵 𝘂² | 𝗻𝗼𝗯𝗿𝘂Onde histórias criam vida. Descubra agora