𝗯𝗲𝘁𝘁𝗲𝗿 𝘄𝗶𝘁𝗵 𝘂² | 𝗻𝗼𝗯𝗿𝘂

reencontro

Foi um choque pra mim vê-lo outra vez. Era nítido que o Bruno estava saudável, ainda tinha músculos, o cabelo estava impecável e parecia estar macio, seu rosto estava corado…mas os olhos estavam tão abatidos.

Passamos um tempo em silêncio, eu não sei quanto, mas o quanto foi preciso para que os meus olhos o analisassem bem minuciosamente. Ele pareceu não se importar, porque ficou parado ali, tão travado como eu, esperando algo vindo de mim.

- O que…você tá fazendo aqui? - Foi tudo o que eu consegui dizer. Eu estava confusa e não sabia o que fazer nem o que pensar.

- Yasmin, a gente tem que conversar! - Ele responde de prontidão e eu me sinto encurralada. Não queria mais tocar nesses assuntos.

- Eu não vou conversar! - Digo decidida. Não queria cutucar a ferida que tinha se formado no meu coração.

- Você não quer, mas a gente precisa. Nós ainda somos casados, você ainda é a minha mulher, nós precisamos resolver isso. - “minha mulher”...senti um frio na barriga, mas não ia me deixar levar por isso.

- Eu não quero mais resolver nada, Bruno. Eu só quero viver a minha vida em paz. - Me afasto da porta e as lágrimas começam a rolar pelo meu rosto de novo, enquanto as seco, ele entra e fecha a porta atrás de si. - Eu só quero ficar em paz…

- Me perdoa? Yasmin, eu fui tão fraco, eu fui um merda, eu tenho plena consciência de que eu te fiz tão mal...não teve um dia na reabilitação em que eu não pensasse nisso. Ficava contando os dias pra te ver e dizer o quanto eu sinto muito, o quanto eu me arrependo por tudo e o quanto eu te amo. - A voz dele fica embargada e eu o encaro vendo ele se acabar em lágrimas, assim como eu. - Eu sinto tanto…

- Bruno…você quase morreu. - Ele balança a cabeça e vem até mim. Me forço a dar um passo pra trás, não sendo o suficiente, por que ele me alcança e coloca as mãos no meu rosto como sempre costumava fazer. Era bom sentir o seu calor de novo. - Eu te vi à beira da morte...eu te assisti quase acabar com a sua vida... - Sem forças pra resistir eu me entrego ao choro, e ao seu abraço, sentindo todo o peso que estava no meu coração, se desvanecer.

- Nada justifica as coisas que eu fiz. Nada que eu disser, nada que eu fizer vai poder desfazer tudo isso, mas eu só preciso que você me perdoe, eu preciso de você de volta na minha vida, eu preciso da nossa filha, eu preciso da nossa família. Yasmin, eu preciso de você.

Aperto o nosso abraço, e ele retribui desesperadamente.

Eu o queria de volta. E eu não queria lutar contra esse sentimento. Mas tinha algo no meu peito que era maior do que isso…o medo.

Estava com medo do futuro, medo dele voltar ao vício, medo de não conseguir ser forte dessa vez, medo de ter que ver a minha filha crescer sem o pai…isso estava me assombrando, eu não podia viver com ele sentindo isso.

- Papai? - A voz da Maria Alice ecoa pela sala e eu me assusto, como ela tinha chegado ali? Bruno se solta de mim e ajoelha no chão começando a chorar outra vez.

- É o papai, filha…você lembra de mim? O papai veio te encontrar. - Ele abre os braços e ela corre desajeitada até ele. Ela correu?

- ELA CORREU? BRUNO ELA TÁ ANDANDO, SÃO OS PRIMEIROS PASSINHOS DELA. - Grito desesperadamente e faço um bico voltando a chorar, minha filha estava andando, os primeiros passinhos dela foram sim na presença da mamãe e do papai.

Alguém abre a porta de uma vez, me fazendo pular. Era o Lucca, com a Isis e a Alícia. Ele arregala os olhos e coloca as mãos na cabeça vendo a Mali andar.

-MEU DEUS, ELA TÁ ANDANDO?! - Isis puxa o celular do bolso e começa a filmar e o Bruno chora com a menina no colo. Por um momento, tudo parecia no seu devido lugar.