Capítulo 20

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Assim que o motorista põe o pé no acelerador e saindo rápido de lá me faz respirar fundo, sinto um alivio. Sorrio chorando para Levi que não entendia nada no meu colo.

Assim que me senti seguro eu pude respirar fundo.

-Ei garoto, tá tudo bem? -O motorista com a testa levemente molhada se suor perguntava me olhando por cima do ombro, seu rosto expressava sua preocupação sincera comigo. -O que aquelas pessoas queriam com você?

Engoli em seco com medo de falar a verdade, mas iria mentir como? Como explicar todos aqueles homens atrás de mim? -Eles eram os funcionários da rodoviária, eu acho. -Menti. Ele não parecia acreditar, ele deve saber como as pessoas que trabalham na rodoviária se vestem.

-Você não fez nada de errado né, garoto? -Sua voz parecia mais rigída. -Não quero problemas com a polícia...

-Não, não, eu só corri deles mesmo...

-Certo...Para onde vamos? -Ele deu mais uma olhada para mim e depois para Levi e sorriu, ele é um senhor de mais idade, poucos fios restam na sua careca, as manchas de suor mostram que o mesmo ficou bem nervoso com toda essa correria.

-Vou para Heliópolis. -O olhar do mesmo mudou rapidamente.

-Tem certeza? Lá é uma favela perigosa, eu não tenho como subir, posso te deixar em uma das entradas?

-Claro, claro.

Por alguns momentos meu coração pode parar de bater forte, voltando a batimentos tranquilos, a felicidade de poder voltar, ver minha família, meus namorados, meus amigos, algumas lágrimas começaram a banhar meu rosto, uma felicidade, uma liberdade gigantesca! O Sr.Nilson colocou música e fomos oconversando e ouvindo música, tudo tão tranquilo, como se nada da minha vida nos últimos dias estivessem bagunçados. A viagem até a entrada da favela foi como quarenta minutos, arrumei minha mochila e peguei o dinheiro, dei uma quantia bem maior por toda a viagem tranquila.

-Jader, só toma cuidado meu filho, essas pessoas não estão de brincadeira. -Sr.Nilson falou enquanto eu fechava a porta e colocava Levi no chão. Eu acabei contando tudo para ele, ficou feliz de ter conseguido me ajudar e que eu saí da situação que estava.

-Pode deixar, o senhor também. -Me afastei do carro e logo me virei para a entrada principal da favela, e como eu estava com saudades desse lugar! Fui caminhando sorridente, confiante como eu não me sentia a dias.

Fui entrando no morro e recebendo alguns olhares estranhos, bom, eu nunca tive olhares muito receptivos aqui, mas agora não iria ser o problema, não mesmo. A caminhada foi rápida até a biqueira, eu espero que meus namorados estejam lá, por mais que saibam quem eu namoro, ainda sim eu tenho medo de ir. Foi uma caminhada rápida com Levi cheirando todos os cantos, e algumas pessoas que por mim passavam. Assim que cheguei aonde ficavam os rapazes pareciam surpresos, Dan levantou rápido e veio me abraçando.

-Patrãozinho, puta saudade de tu, os chefe nem falaram o que deu, aonde tu tava?

-Também estava com saudade de você, fala baixo, não quero que eles saibam que eu cheguei. -Me separei do mesmo arrumando minhas roupas.

-Caralho, e esse maninho aqui, quem é? -Dan se abaixou fazendo carinho no pequeno que até mesmo lambeu a cara dele.

-Esse é o Levi, fica de olho nele enquanto eu falo com eles?

-Claro patrãozinho, deixa comigo que é sucesso, vai lá falar com eles.

-Ou, melhor não hein. -Falou um dos caras.

-Meu, deixa lá o patrãozinho ir falar com os chefe. -Dn nem dava atenção para nada, apenas para o filhote que lambia seu rosto.

Deixei a coleira com Dan e fui em direção a sala dos fundo, mas pareciam estar brigando, a voz de Gaúcho parecia mais irada do que quando brigamos.

-PORRA, TU É MALUCA CARA, EU DISSE QUE ERA PRA TU VAZAR E TU FAZ UMA MERDA DESSA? EU NÃO VOU TE PERDOAR DENOVO POR CAUSA DO TEU IRMÃO NÃO, TU MEXEU COM QUEM EU AMO PORRA.

-EU FIZ POR AMOR! VOCÊ PREFERIU AQUELE VIADINHO DO QUE EU QUE SOU MULHER GAÚCHO, EU ERA A TUA FIEL! -Essa voz fina e irritante, Valentini? O que ela tá fazendo aqui? Passei uns dias fora e ele já tá me traindo?

Entrei já irritado dentro da pequena sala. Na hora eu pude ver Don e Gaúcho de pé, Valentini totalmente careca.

-JADER?! -A garota gritou meu nome, ela parecia estar vendo um fantasma.

-Amor? -Gaúcho disse vindo até mim, seus olhos estavam marejados, não parecia tão surpreso quanto ela.

-Atrapalho alguma coisa? -Falo cruzando meus braços.

-Não, não meu amor. -Ele chega em mim e me puxa para um beijo, um beijo bom, com sentimento, na medida certa, não voraz como antes, ou agressivo, prezeroso, aos pocous ele foi parando e me encarando, seus olhos marejados que logo se tornou um grande choro, ele me abraçou, na verdade ele me esmagou em seus braços e eu me entreguei totalmente a ele chorando também. -Eu achei que nunca mais ia te ver, que ia me abandonar. -Ele sussurra baixo na minha orelha.

-Eu nunca irei te abandonar, ok? -Falo extremamente choroso em seus braços. Respirei fundo me recompondo. -O que ela faz aqui?

-Promete? -Ele fala com uma voz fofa em meu ouvido, uma grande criança grande. Ele seca os olhos e encara ela. -O irmão dela piou tudo pra nós, o tal do JK tava de olho em tu desde que foi naquela boate com teus amigo, daí ele foi atrás pra saber de onde tu era e essas parada, ele chegou no teu pai, mas pro cara entrar na favela no porte que ele tava e ninguém piar alguém de dentro teve que ajudar, eles acharam a Valentini e ela topou na hora, achando que te tirar da favela ia ter uma chance denovo comigo. Ela e o bosta do meu sogro que fizeram tu ser levado de nós, sorte foi o irmão dela piar pra nós aonde ela tava, ele sabendo da trairagem da irmã e por ser um dos nossos e não curtir trairagem contou, mas essa puta disse que o tal JK tinha te levado pra gringab e que a chance era zero de te achar era zero, mas eu e Don não ia desistir nunca do amor das nossas vidas, tu é nosso, galego e a gente teu.

-Meu pai disse que me vendeu pra aquele maluco, não tá fazendo sentido.

-Ele tá aqui não tá, posso ir embora? -Valentini falava com a voz chorosa.

-Teu cú, aqui tu já sabe como vais pagar, esquece, nem teu irmão quer te proteger mais, ele disse que tá liberado fazer o que quiser com tu, já sabes né, vai pro microondas.

-Não, Gaúcho, por favor me perdoa, pelo meu irmão, ele não era teu mano? -O desespero, o choro.

Gaúcho abriu a porta sem me soltar. -Peguem essa porra aqui de dentro, prende ela no meio dos pneus e pode queimar, depois só some com o resto pra se achar ninguém saber quem era. -Uns cinco caras entraram na pequena sala e carregaram ela pra fora aos gritos e suplicas. Ficou Dan e mais alguns rapazes. -O que tu tá fazendo com o cachorro Dan?

-Carinho nele ué. -Dan falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Levi estava no colo dele de barriga pra cima recebendo carinho.

-Qual foi, vai dizer que o filhote amançou. -Gaúcho sem me soltar me levou até aonde estava os dois e me soltou pegando o filhote. -Quem é meu mulequinho? -Ele foi passar o nariz no focinho de Levi que latiu e mordeu o nariz de Thiago. -Seu dêmonio! -Ele devolveu o cachorro pro Dan, o cachorro começou a lamber o rosto do Dan e abanar o cotoquinho de rabo. -Tá de sacanagem.

-Cadê o Don? -Pergunto segurando no braço de Gaúcho.

-Meu, ele foi na casa da sogra resolver alguma parada, já deve tá voltando, quer esperar ele?

-Pode ser, ainda tenho que ver minha família, e meus amigos... -Voltamos para a sala pequena, sorri me sentando no sofá e com o loiro vindo por cima de mim, beijando meu rosto todo, cheirando meu pescoço, sorri me sentido a pessoa mais feliz do mundo.

Passamos alguns minutos matando nossas saudades até a porta ser aberta.

-TÃO INVADINDO O MORRO! -Entrou Dan com Levi no colo.

-PORRA, QUEM?

-OS PORCO!

-MERDA! Leva o galego daqui e protege ele com a tua vida, de resto a gente dá conta.

- BORA, BORA, NÃO DÁ PRA FICAR AQUI, PATRÃOZINHO. -Dan foi me levando com ele e Gaúcho foi até a mesa pegar alguma coisa, mas não vi o que, Dan foi me levando para fora, minhas lágrimas estavam voltando a molhar meu rosto. Eu nunca vou ter um momento de paz? Fui sendo levado entre as casas, ruas e vielas, sempre mais para dentro da favela.

-Mas e Gaúcho? Cadê o Don? -Pergunto chorando sendo levado como uma criança pequena.

Ele apenas fica em silêncio e uma dor enorme toma conta do meu coração.


Dominique Silva Martins.

Os dias que passaram sem o nosso loirinho aqui na favela foi um inferno, na hora de dormir ele fazia falta, ele brigando comigo e com o Gaúcho por querer proteger ele de tudo, e essas paradas, a forma que levaram ele não deu boa pra mim, fiquei puto, mas sorte que o Gaúcho manteve a cabeça fria e a gente ficou dormindo junto, foi bom, mas os dois sentimos falta dele. O irmão da Valentini piou tudo pra nós do que a irmã fez, a gente caçou ela igual bicho, a irmã do Gaúcho já tinha dado um trato na puta, já tava sem cabelo e ainda vai caçar mais merda? Burra ela.

-Que carinha é essa meu filho? -Minha mãe me perguntou tocando meu queixo e fazendo carinho. -Tá sentindo falta do Jader, né? Dá para ver no seu olhar, vocês vão achar ele, calma.

-Coroa, tá sendo foda sem ele, tá ligado? Tipo eu nunca senti nada assim por nínguem, tu sabe, sei lá, desde a primeira vez que vi ele meu coração bateu mais forte, queria ter ele pra mim...Aqui tá pronto, minha rainha.

-Oh meu filho, obrigada, sabe que a mãe tá aqui pra você né. -Ela me abaixou para beijar minha testa.

-Preciso ir lá coroa, ver se aquela piranha falou algo, te amo.

-Te amo também meu menino, e se cuida.

Saí da casa da minha mãe e fui indo pra biqueira, aquela puta tava lá, eu não quero saber o que vai ser preciso fazer para ter meu garoto aqui comigo, nos meus braços. Eu não tinha dado dois passos direito até ouvir os sons de foguete, tão invadindo a favela! Corri para dentro dos becos e vielas descendo, geralmente os donos do morro metem o pé, mas eu e Gaúcho falamo que a gente ia até o fim pelo que era nosso. O radinho não tava funcionando, mas o coro tava comendo, a trocação estava pesada, fui caminhando com cautela, tu nunca sabe quem pode dobrar a viela e dar de cara, mas sentia algo diferente dentro de mim, minha intuição estava dizendo algum bagulho. Segurei firma a arma na minhã mão ainda descendo com cautela.

-Vamo ver se tu é macho aqui só nós dois então. -O porra do JK apareceu na minha frente usando a roupa dos porco, sozinho, só eu e ele, certeza que isso é coisa desse mala, deve ter algum amigo nos porco e pra entrar e pegar o Jader fez isso. Ele logo já meteu um tiro no meu braço que tava a arma e seu soltei minha arma levando a mão para o ferimento. Ele se apróximou e bateu com a arma no meu joelho me fazendo cair de joelhos na frente dele, um sorriso sádico apareceu em seus lábios.


-Agora não parece tão machão.

Ele engatilhou a arma, apontou bem no meio da minha testa e...


E nosso Dan, foi de vala mesmo?

Oii amores, eu não abandonei vocês, minha vida mudou bastante desde que comecei a escrever, mas EU NÃO ABANDONEI VOCÊS! Apenas posso ter deixado um pouco de lado por causa de homem...Vai ter livro novo de traficante!

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Dois Traficantes em Minha Vida(Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora