Jader Flemann
Eu andava rápido entre as ruas e vielas, uma adrenalina surreal estava tomando conta do meu corpo, o som de tiros tomando conta de toda a favela chega a ser ensurdecedor. Seguro a mão de Dan virando um dos becos, mas a cena na qual vi jamais iria sair da minha mente: Dominique com o braço ensanguentado e JK apontando a arma na cabeça do meu homem. As lágrimas banharam meus olhos e o que pude fazer foi gritar com a maior dor no peito que já senti.
- NÃO! - Gritei a todo o fôlego que me restava, o que fez com que JK se assustasse, virando para nós e atirando.
-Porra, moleque, eu deveria ter te matado, você nem vale tudo isso. - Disse, mirando em mim e em Dan, o qual me empurrou para o lado, me derrubando para trás de uma parede e começando a trocar tiros com JK, que acertou uma bala de raspão em mim, uma dor insuportável tomando conta, estava ardendo. Dan foi para trás de uma das paredes para não ser atingido pelas balas, mas não demorou muito para que JK fosse acertado na mão, fazendo soltar a arma. Assim, assim, Dan continuou atirando, acertando sua perna, fazendo-o cair quase que em cima de Dominique, que já estava no chão.
Por pura sorte, nenhuma das balas parecia ter pegado em Dan, ao que me parecia, JK não sabia atirar, provável que seja por isso que ele ande cheio de seguranças. Dan logo acertou alguns outros tiros contra JK só para ter certeza de que ele não iria voltar ou algo assim.
-Porra, porra, o Don. -Dan foi correndo até Dominique e eu fui junto ajudar meu namorado, mas não pude deixar de olhar JK caído no chão com aquele olhar frio e vazio, sem vida, perturbador. -Não deixa a gente, mano. -Dan falou balançando Dominique. -Porra, o que deu com tu, loirinho?!
- Relaxa, não foi nada. -Minto.
Me abaixei, ajudando a levantar Dominique, que não estava aguentando com as próprias pernas. O som de tiros mudou para fogos.
-Vencemos, porra! - Comemorou Dan. Parece que só agora conseguimos respirar de verdade. - Não fecha os olhos, mano, segura aí, parceiro.
-Don, olha pra mim, amor. -Falo chorando, sentindo o sangue do mesmo em mim e ele não conseguindo quase manter os olhos abertos.
Ele estava parecendo estar fora de si, sem entender o que estava se passando consigo mesmo. Antes que a gente conseguisse chegar em uma das ruas principais da favela, ele simplesmente apagou. Por pouco, ele não caiu no chão. O desespero tomou conta do meu corpo, que já não sabia mais se conseguia ser forte a esse ponto.
-Dominique, amor. - Falo chorando desesperadamente, eu não conseguia mais andar, eu não conseguia mais agir, eu não aguentava mais ser forte.
-PUTA QUE PARIU. -Ouço a voz de Gaúcho que vem correndo até nós. -Temo que ir pro postão porra, o que deu com vocês? Não achamos o JK, mas eles vazaram. - Gaúcho passou o braço do Dominique por cima dos seus ombros e, apartir desse momento, tudo ficou preto para mim.
Dias depois...
Sabe aquele sentimento de vazio? Ou melhor dizendo, em lua nova, em que Edward vai embora e Bella passa meses sentada olhando para o nada, sem ter noção de dia, hora ou sem ter quaisquer emoções, eu estava me sentindo exatamente assim, sem notícias de Dominique, eu acordei já faz dois dias e nada. Depois que tudo ficou preto para mim, levaram eu e Dominique para o postão, fizeram um curativo na minha barriga onde a bala passou de raspão, eu fiquei em estado de choque, e hoje é meu terceiro e último dia em observação, eles não quiseram falar nada de Dominique para mim, sempre mudando de assunto, evitando.
-Veja se não é o galego mais gato desse mundo. -Falou Gaúcho sentado em uma cadeira ao canto, ele parecia acabado, até que estava chorando. -Bom dia, raio de sol.
-Bom dia...Notícias do Don? -Falou um pouco cabisbaixo.
-Sabia que essa madrugada você não acordou gritando nenhuma vez... -Gaúcho falou, se levantando. -Daqui a pouco o médico vem te ver, acho que ele vai te dar alta, isso é bom, né...
-Gaúcho, me fala como ele tá, por favor. -Digo ficando com meus olhos cheios de lágrimas. -Eu não aguento mais não ter notícias dele...
-Meu galego, relaxa... -Ele falava sem olhar em meus olhos. -Eu já venho, ok?
Apenas concordo com a cabeça sem olhar para ele. O que está escondendo de tão grave que não pode me falar?
Não demorou muito para a porta ser aberta e algumas pessoas entrarem, meus tios, meus primos, a mãe do Dominique e minha mãe, MINHA MÃE? Eles estavam com aqueles balões para crianças, os olhos marejados da minha mãe e da minha tia me destruiram, me fazendo começar a chorar como uma criança. Minha mãe logo veio me abraçar e nada melhor que o carinho de mãe nesse momento. Começamos a chorar sem sequer ter trocado uma palavra até aquele momento.
-Me desculpa por tudo isso. -Ela sussurra para mim em meio às lágrimas. -Eu fui uma péssima mãe, eu não consegui te proteger.
-Você não tem culpa, mãe. -Falo sentindo o perfume dela.
-Vamos vir outra hora. -Minha tia falou, tirando todos dali, me deixando apenas com a minha mãe.
-Eu te amo tanto, meu filho. -Falava beijando minha cabeça.
-Também te amo muito, mãe... Cadê meu pai?
-A..Bom, seu pai fugiu, não sei para onde e como ele fez, a justiça bloqueou tudo e ele nunca foi de guardar dinheiro... Mas me diz, como você está?
-Péssimo, você tem alguma notícia de Dom? -Falo com um olhar de esperança.
-Eu acabei de chegar, eu não estou sabendo de nada. -Olho para o chão tentando não pensar mais ainda no pior. -Filho, tem mais gente querendo te ver... A mamãe volta depois, tudo bem?
-Tudo bem...-Forço um sorriso para a mesma que beija minha testa e se afasta da cama.
Não demorou muito para que, assim que ela saísse, eu ouvisse um barulho vindo do corredor, será que é o Dominique? Meu coração bate mais forte, parece que começa a me faltar ar, uma animação surge em meu peito e...
-Aí, eu falei que era pra esperar! -Diz Natasha, trazendo mais balões, mas ela não estava sozinha, Ângelo, Dan segurando Levi no colo e o MATEO!? -CHEGAMOS, LOIRINHO!
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Dois Traficantes em Minha Vida(Romance gay)
Romance"Agora você é só meu, sempre vai ser e pertencer -Sua mão suja de sangue tocava minha face e seus olhos de forma fria me encarava". Após se mudar para São Paulo ele acabou esbarrando nas pessoas erradas, e agora está na mira dos dois donos do m...