XXII

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Adentramos o carro e Alex dá partida

Ele liga a sua playlist e a música Melanie Martinez — Nurses Office —  começa a tocar

Viro minha cabeça para a janela e vejo o carro se distanciar da base militar

Aos poucos entramos num local deserto, apenas coberto por uma vegetação densa de plantas e árvores

Estava iluminado por alguns postes de luz que creio serem feitos pelos generais e coronéis da base

Seguimos a trilha de carro pela floresta adentro e ouço o Alex cantando um pouco da música

Olho para Alex e o vejo me olhar de canto de olho

Ele percebe que notei seu olhar e decide puxar conversa

— de que cidade você é? — ele pergunta voltando sua atenção para a estrada

— venho de Alta Baviera nos subúrbios de Gauting em Munique — falo me lembrando um pouco sobre meus dias na minha cidade Natal

Ele me olha meio surpreso

Espero nunca voltar pra lá!

— e você? — pergunto olhando pra minhas coxas, ainda é possível ver algumas cicatrizes

— sou de Berlim mesmo. Mas cresci no Estados unidos, especificamente em Califórnia para estudar, voltei pra aqui à uns 3 anos e decidi dar continuidade do meu sonho aqui... Me fala mais sobre você, se você saiu de Munique, como chegou aqui em Brandemburgo?— ele diz parecendo interessado

Sei que nós de Gauting somos vistos como pessoas pobres, e é verdade, nossa vida era muito instável na casa dos meus avós

Mas depois minha mãe se mudou para Hamburgo onde vivíamos uma vida "boa" não faltava comida em casa e tínhamos o necessário mesmo sendo 4 pessoas para minha mãe sustentar

— estamos em Brandemburgo?  — digo confusa, até então eu não sabia onde estava

— sim, propriamente em Potsdam — ele diz como se fosse óbvio

— sinceramente não sei explicar... Mas só sei que Depois de Gauting, vivi em Hamburgo. — falo

— você vivia com seus pais? — ele diz

— apenas com minha mãe e irmãos. — eu digo

— oque aconteceu com seu pai? — ele insiste em saber

— não quero falar sobre ele agora. Mas tenho meu padrasto que cuidava de mim e dos meus irmãos, ele já estava divorciado de minha mãe mas ainda paga sustento — eu digo

Ele é um bom homem, nunca tive nada contra ele mas também nunca fui muito apegada à ele

Não era apegada a nenhum homem ao todo a não ser meu irmão

— o Seu padrasto é pai do seus irmãos? — ele pergunta

— é. Porquê? — eu pergunto

— é raro ver um Homem divorciado pagar sustento sem ser pai biológico, mas ele é pai biológico de seus irmãos, oque faz mais sentido. Você é a única filha de sua mãe com pai diferente então? — por algum motivo esta conversa estava me deixando desconfortável

— podemos mudar de assunto ? — falei com um sorriso cínico no rosto

— foi mal... — ele diz se apercebendo do meu desconforto

Eu literalmente odeio lembrar do meu passado, faço todo possível para esquece-lo e seguir em frente

Aos poucos era possível ver uma praia à uns metros

A Mente De AnyOnde histórias criam vida. Descubra agora