XXXIV

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( conteúdo perturbador )

Atravesso o corredor com o coração acelerado

Meu rosto tomado em lágrimas, eu esperei tanto pela vingança

Limpo o rosto na tentativa de não chamar a atenção de ninguém

Desço as escadas apressada, mal me misturo entre as pessoas sinto alguém me puxar pra dançar

Olho e vejo ser uma antiga vizinha

- Anda Any! Se solte. É bom te ter de volta - a mulher diz me abraçando

Ela está me atrapalhando

Fecho a cara e a vejo ficar sem jeito

- oque foi? - ela pergunta sem saber oque dizer

- não me toque - eu já estava explodindo em raiva, qualquer pessoa que se metesse comigo nesse momento seria onde descarregaria parte dessa raiva

A mulher me olha confusa mas visivelmente envergonhada pela minha amargura

- d-desculpa - ela diz abaixando o rosto

Não respondi e saí dali procurando meu "verdadeiro pai"

O vejo num canto bebendo vinho com aquele sorriso nojento

Ele olhava para um lugar fixamente

Segui seu olhar descobrindo oque ele estava olhar

Filho da puta!

Ele estava olhando a Elisa brincar com as outras crianças da idade dela

Se eu não soubesse quem ele é eu até diria que é só um avô supervisionando sua neta... Mas eu sei quem ele é

Ele olha pra ela, e tem claramente maldade no olhar

Meu estômago revira ao saber que ele está tendo pensamentos impuros com aquelas dóceis crianças

É tal igual ao que eu sentia... Essa angústia permanece aqui dentro

Mas vai acabar hoje! Vou fazer pela Elisa e outras crianças aquilo que ninguém se importou em fazer comigo... Salva-las

Ele sente meu olhar o queimando e ele me olha

O pequeno sorriso que já estava em seus lábios cresce mais

Seu olhar percorre meu corpo novamente, isso é doloroso demais

Sinto minhas forças acabarem e quase chorava ali mesmo

Esse doente... Vou matar!

Eu puxo forças não sei de onde e sorri amargamente

Mas para um tarado desses, esse sorriso poderia ser perverso

Fico de costas ainda o encarando por cima do ombro

Ele entende como se estivesse o chamando e começa a andar atrás de mim

Mordeu a isca

Eu começo a andar em passos apressados mordendo os lábios para não chorar

Mas o aperto no peito era tão intenso que não adiantava

Eu ainda sinto aquela criança quebrada aqui dentro...

Ele continuava me seguindo e eu não parava de andar, a procura de um cômodo fechado

De tão forte que mordi os lábios, começaram a sangrar

Eu faço careta pela dor... Mas não estrago o disfarce

Volto a olhar pra trás para ver se ele ainda me seguia e me espanto a ver que ele estava a 1 passo de mim

Sem ter tempo de pensar em algo ele me empurra pro cômodo a nossa direita

A Mente De AnyOnde histórias criam vida. Descubra agora