XXXIX

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Eu me virei totalmente em sua direção, agora eu estava confusa

- como assim oque não me contou...? Tem mais alguma coisa? - eu disse ainda muito confusa

- sim... Eu não sabia como contar... Na real eu não queria falar. Quis seguir em frente - ele dizia olhando para o teto do quarto

- como assim...? - eu não quis acreditar que ele tivesse algo de errado a esconder

- eu não menti quando disse que fui familiarizado a viver na merda de ambientes tóxicos... Mas não disse que me afetou pra caralho, mais do que deveria. Quando meus pais descontavam seu estresse em mim eu precisava descontar o meu também... Eu não queria ser como eles e descontar em pessoas que não mereciam, mas também perdi a noção do certo e do errado. Sempre fui muito instável com meus sentimentos... Quando alguém me irritava eu partia pra cima, era a única maneira que eu conhecia de expressar oque sinto

Eu engoli em seco. Algo me dizia que oque viria depois iria me deixar mal

- eu quase matei um garotinho quando ele olhou torto pra mim. Na altura tínhamos a mesma idade mas... Eramos muito diferentes. Ele era filhinho de papai e mamãe enquanto eu era o rejeitado... O "bastardo" como alguns diziam. Eu odiava sentir a pressão dos olhares e julgamento. Foi aí que descobri meu lado errado... Não conseguia sentir pena ou empatia por ninguém que não era Megan... Eu estava começando a ficar controlador demais com ela.. Mas não por maldade, eu sinto uma necessidade de cuidar de pessoas como tu e Megan, mas não tinha ninguém pra cuidar de mim. Sentia que eu nasci para viver protegendo ela contra o mundo todo. Se eu percorresse o mundo pra salvar uma só alma, seria a dela. Mas também era doentio... - ele cobre o rosto com as mãos - eu não deixava ela ter amigos, eu nunca havia tido e quando tive eram malvados comigo, eu achei que poderia acontecer com ela. Ela nunca me contrariou. Mas depois de meu pai ser detido e eu ficar morador de rua, elas estavam num abrigo como eu já disse uma vez... Eu fui de encontro à elas e foi ali onde conheci Nick. Nick era o carinha que minha irmã era apaixonada no orfanato, quando a justiça conseguiu uma casa pra minha irmã que era na mesma que o Nick... Eu pirei de vez.

Eu arqueio as sobrancelhas

- com a minha mãe internada numa clínica psiquiatra só restava eu pra cuidar de minha irmã, e ela era irmã adotiva de Nick, eu não vivia com eles por isso. Quando descobri que Nick tirou a virgindade dela eu... Não aguentei. Ela era nova demais... Estávamos discutindo e ela mexeu no meu ponto fraco dizendo: eu vou fugir da cidade com ele! não tenho culpa de vc ser um peso pra ti mesmo. Eu nunca te pedi pra cuidares de mim!. Eu estava possesso de raiva , como ela poderia ser tão ingrata? Eu não comia para a alimentar, eu não tinha uma vida própria por só ter tempo pra ela... Eu VIVIA por ela... Eu não suportaria estar sozinho... Não poderia a deixar ir, nunca pensei que faria tal ato... Eu me sentia fora de mim, era como se fosse meu pai me comandando. Eu a asfixiei e ela faleceu em meus braços... - uma lágrima desce de seus olhos - foi bem no momento que Nick chegou com minha mãe para uma surpresa. Minha mãe assistiu como aconteceu e Nick pegou a arma de seu pai adotivo atirando em minha direção para me parar, ele era um adolescente como eu e não tinha mira alguma... Ele acertou na Megan e achou que foi ele que a matou... Enquanto ela já estava morta por minha causa. Eu só... Não acreditei no que havia feito e durante Anos culpei Nick por algo que eu provoquei.. Eu me odiei desde então. Sempre que me lembro desse dia, vivo todos os sentimentos novamente

Eu estava perplexa... Não sabia oque dizer.. Eu não sabia que ele era alguém tão traumatizado

- minha mãe ficou muito pior após presenciar isso, ela por sua vez sabia que havia sido eu. Ela me odeia até hoje. Depois disso eu fugi e tentei me suicidar das piores maneiras possíveis, não havia mais nada que me fizesse querer estar vivo, mas nenhuma das vezes deu certo, quando eu me joguei frente à um caminhão finalmente soube iria morrer, mas pra minha sorte ou azar, era o mesmo caminhão que o coronel estava. Ele me acolheu, cuidou de mim e me contou sobre o império do meu pai, ele me deu um outro motivo pra querer estar vivo... Pra prender meu pai, não quis mata-lo porque confirmaria q sou um monstro... Me faria me sentir mais culpado pelo oq aconteceu com Megan. Em troca de anos de formação e treinos eu entreguei minha vida ao exército. Não tenho como mudar de idéias... E agora que já terminei todas as coisas que tinha de fazer em vida eu decidi me dedicar por completo ao exército. Eu devo isso à eles...

A Mente De AnyOnde histórias criam vida. Descubra agora