5 - A encruzilhada.

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"Velhos hábitos morrem gritando."

Capítulo baseado no episódio 14 da primeira temporada do anime contendo algumas alterações para melhor entendimento pessoal da personagem principal, e de suas relações.

Aviso: agressão, sangue.

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               RESMUNGUEI UM XINGAMENTO BAIXINHO ENQUANTO virava pela centésima vez na cama sem conseguir dormir, a ansiedade crescia dentro de mim para o julgamento que teríamos amanhã, que iria definir o destino de uma criança com poderes especiais de titã.

Encarei o teto do meu quarto e cocei os olhos, desistindo de ter uma noite apropriada de sono, então me sentei e pensei no que fazer. Revirei as gavetas do criado mudo em busca das pílulas de sono que Hange já havia me dado e bufei ao perceber que não tinha mais nada.

Quando notei, já estava descendo as escadas do QG e caminhando com passos lentos em direção à cozinha, esperando que ela estivesse vazia para que eu pudesse pensar. Porém, assim que parei no batente da porta, vi uma silhueta conhecida mexendo em um bule de chá.

— Servida? — Questionou Levi, me olhando rapidamente quando percebeu minha presença ali e depois voltou a atenção para sua xícara. — Chá preto, acho que você gosta desse.

Engoli o seco, concordando e ajeitando minha blusa que estava com três botões desabotoados, então os fechei e me aproximei do moreno devagar.

— Não consegue dormir de novo? — Peguei uma xícara e coloquei ao lado da dele, que já estava cheia. O homem assentiu, enchendo a minha com calma.

— Sabe que não tomo as merdas dos remédios que a Hange inventa. — Levi respondeu bufando e eu ri nasalado enquanto bebericava o chá. — Vocês são loucos de confiarem tanto nela. — Me olhou agora esperando pela minha reação.

— Ela faz pesquisas. — Dei de ombros e concordei com a cabeça ao sentir o quão gostoso estava o sabor. — Acha que ela não faria um bom trabalho estudando o Eren? — Perguntei dessa vez, pegando uma colher pequena e misturando um pouco de açúcar na xícara antes de me sentar em uma mesa vazia. — Quer dizer...

— Não é isso. — Levi me respondeu, se apoiando na parede de frente para mim e suspirou antes de continuar, sua expressão séria contrastando com a tranquilidade da madrugada. — É apenas difícil confiar em algo que não podemos controlar completamente. A Hange pode ser brilhante, mas o Eren... Ele é uma incógnita.

Eu assenti, compreendendo a preocupação dele e encarei o líquido na xícara enquanto engolia o seco.

Levi não estava errado e, de fato, o entendia, ainda mais por não ser normal encontrarmos pessoas que podem virar titãs, que são os maiores inimigos da humanidade há séculos. Mas é um risco que temos que correr no estado em que estamos por saber tão pouco.

— Ele pode ser nossa esperança. — Comentei ainda sem olhar para cima, evitando seus olhos. — A sociedade depois de anos finalmente deu um passo adiante nessa guerra, não acha que pode ser algo positivo tê-lo conosco? — Dessa vez, estendi a cabeça e observei sua reação.

Levi bebia o seu chá da forma que apenas ele sabia fazer, mas seus olhos estavam grudados em mim até o momento em que ele afastou a xícara de seus lábios, apoiando-a em seguida na mesa onde eu estava.

— Eu sei que posso matá-lo, Burrow. — Respondeu cruzando os braços e tombando a cabeça para o lado. — E você também, não fale como se no primeiro deslize deixássemos ele fugir.

My Way Back - Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora