7 - Chamas do Desespero

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"Eu vi sangue, eu vi dor e depois de você, eu não via mais nada."

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HANGE GRITAVA EM MEIO às lágrimas ao ver apenas os restos dos titãs que ela usava para experimentos. Assim que fomos avisados, montamos em nossos cavalos imediatamente para investigar e checar o ocorrido, mas a cena que vimos era desoladora. Apenas quem esteve do lado dela sabe o quão difícil foi capturar e estudar as criaturas, para encontrarmos agora apenas seus ossos, junto da fumaça que evaporava dos restos mortais.

Pensei em me aproximar da morena que caiu de joelhos no chão, mas Moblit me lançou um olhar tranquilizador ao se aproximar dela, então continuei no mesmo lugar e engoli seco, tensa.

A mistura de fumaça e ossos carbonizados onde antes estavam os titãs que Hange estudava era uma visão perturbadora, com certeza alguém foi responsável por isso, mas era possível notar a falta de evidências concretas de uma luta indicava uma precisão e um conhecimento assustadores por parte de quem cometera tal ato. Cada detalhe contava uma história de terror.

Hange ainda chorava, o rosto contorcido de tristeza e frustração, enquanto Moblit tentava confortá-la. Permaneci imóvel, sentindo o peso da responsabilidade e da incerteza nos ombros. Erwin, sempre a figura de liderança calma e calculista, colocou sua mão no meu ombro, trazendo-me um momento de foco em meio ao caos.

— Percebeu? — Ele sussurrou, sua voz mal chegando aos meus ouvidos. Concordei com um aceno de cabeça e ajeitei minha postura.

— Foram mortos antes de amanhecer, certo? — Minha voz saiu baixa, mas firme, enquanto o loiro confirmava com um leve movimento de cabeça, sua expressão inalterada, mas seus olhos azuis refletindo uma preocupação crescente. — Acha que uma pessoa só seria capaz de fazer isso? — Perguntei, virando a cabeça para encará-lo.

Ele ponderou por um momento antes de responder, a voz carregada de ponderação silenciosa.

— É difícil ter certeza, mas acredito que não. — Seus olhos estavam fixos na cena diante de nós.— Quem quer que tenha feito isso sabia exatamente o que estava fazendo. Não há sinais de luta, nada fora do comum além da fumaça.

Observei novamente o que estava diante de nós, tentando absorver cada detalhe. As marcas no chão ao redor dos restos dos titãs eram mínimas, quase inexistentes, como se o ato tivesse sido realizado com uma precisão quase cirúrgica.

— Isso me preocupa. — Murmurei, cruzando os braços. — Se essa pessoa conseguiu se infiltrar tão facilmente, significa que estamos todos em perigo.

Engoli seco, tentando conter o medo e a tensão que se acumulavam dentro de mim. Erwin se afastou ligeiramente, dirigindo-se a Eren, que estava à minha frente. Sua presença parecia ter um efeito tranquilizador no jovem, embora a seriedade da situação não permitisse relaxamento.

— Isso me faz questionar, garoto. — A voz grave do comandante fez o mais novo estremecer ligeiramente. — Quem seria nosso verdadeiro inimigo?

O olhar confuso de Eren encontrou o de Erwin, e senti alguém apertar meu ombro sutilmente.

— Vamos, isso é trabalho para a Polícia Militar agora. — Disse Levi, sua voz firme. Apenas concordei silenciosamente enquanto aguardava Eren.

Erwin continuou, sua voz agora mais baixa, quase reflexiva.

— Quer saber, pensei alto demais. — Ele ajeitou-se, fazendo um gesto para mim com a cabeça, indicando que era hora de seguir em frente.

Eren tinha seus olhos verdes arregalados por conta da confusão em sua mente, era facilmente perceptível em sua feição. Então segui em direção a Erwin, passando na frente do mais novo, uma necessidade de clareza me impulsionando.

My Way Back - Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora