Danniell

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O vampiro encarava-me com seriedade, seus olhos profundos. Apesar de passar várias horas em sua presença, ainda sentia um certo temor. Afinal, ele era um vampiro, não havia dúvidas sobre isso. Quando Louis me convidou para esta entrevista, propondo divulgar a verdade sobre sua espécie para o mundo, eu inicialmente pensei que fosse uma piada. Talvez uma manchete sensacionalista para entreter o público ou uma tentativa desesperada de um jovem lunático em busca de atenção. No entanto, agora, diante dele, percebia que era tudo real. Testemunhei com meus próprios olhos o que antes considerava apenas lendas e mitos.

-E...E então? O que aconteceu com o corpo de Sofi? O que aconteceu com Frederick? Onde ele está? Como ele está? Vocês mantiveram contato depois disso tudo? Quanto tempo faz isso, e...

-Tenha calma, mon ami. Você tem muitas perguntas, todas serão respondidas. No entanto, está ficando tarde... ou cedo, dependendo do ponto de vista. Preciso descansar. Pode ficar aqui em meu lar se desejar, tenho alguns quartos vazios.

-Sim, claro, entendo. - Eu balbuciava, minha mente inundada de perguntas e curiosidades.- Olhe Louis, não me leve a mal, mas eu não posso dormir em um... em um caixão. - Louis sorriu, levantou-se de sua poltrona e me observou atentamente.

-Mon ami... Estamos no século 21, eu entendo o seu receio. Afirmei diversas vezes durante nossas conversas que dormia em um caixão, mas também mencionei que o Pequeno Frederick ficou em uma cama com um colchão. É claro que aqui tenho quartos com camas. Eu mesmo não durmo mais em um caixão, embora prefira e me seja mais confortável. Digamos que... uma certa situação me fez mudar de ideia. - Um sorriso sutil brincava em seus lábios enquanto ele compartilhava essa informação. Louis emanava uma aura de cavalheirismo, seus modos eram graciosos e seu sorriso, embora sutil, carregava uma sensualidade inegável. Sua beleza, singular e envolvente, incomparável a qualquer outra que eu já havia visto. Mesmo sendo um homem heterossexual, eu não conseguia evitar sentir-me de certa forma atraído por ele. Era como se sua presença tivesse um magnetismo irresistível, capaz de envolver qualquer um que estivesse ao seu redor.

-Mas... Mas... Como você dorme então? No porão ou algo do tipo? - Mais uma vez, ele sorriu, convidando-me com um gesto de mão para seguir pelo corredor à frente.

-Aceite meu convite, durma em meu lar hoje e amanhã à noite conversaremos mais.

-Eu... -Em um instante, ele estava diante de mim, fazendo-me levantar sobressaltado. Inclinou-se até que nossos rostos estivessem perigosamente próximos. Tão próximos que me deixavam desconfortável.

-Tem medo de mim, Danniell? Teme que eu vá lhe afligir algum mal? Se fosse o caso, já o teria feito, não? -Tentei dar um passa para trás, mas meus pés esbarram no sofá. Senti meu coração acelerar, minha testa salpicar-se de suor, seus olhos estavam muito próximos aos meus, aquelas orbes escuras e apavorantes fixas em mim como um caçador em sua presa.

-Eu... Não Louis... Veja bem... Você é um vampiro, é natural que eu tenha um certo tipo de... receio. - Ele sorriu.

- Eu prometo não morder a não ser que você insista em me chamar para um jantar muito especial.

Olhei para Louis com uma mistura de surpresa e incredulidade. Seus olhos estavam mesmo me apavorando. - Jantar? Especial? Oh, não, Louis, você não está pensando...

Louis me interrompe, fingindo estar ofendido. -Como assim? Eu me esforço tanto para preparar uma boa refeição e você já está duvidando das minhas habilidades culinárias?

Ri nervosamente. -Não, não é isso, Louis! Eu só não estava esperando... um jantar de sangue!

O vampiro então solta uma risada. -Ah, meu caro Danniell, você precisa relaxar um pouco! Um jantar de sangue é apenas uma opção, temos muitas outras alternativas no cardápio para você. Mas, se preferir, posso pedir uma pizza.

Sombra Eterna: A Dor Da Imortalidade - Crônicas VampirescasOnde histórias criam vida. Descubra agora