Sombra Eterna: A Dor Da Imortalidade - Crônicas Vampirescas

Louis

Meus olhos se encheram de lágrimas, e tudo o que eu desejava era abraçá-lo, sentir sua presença próxima a mim, nunca mais me afastar de Danniell. Ele trouxe à minha vida uma alegria que eu julgava perdida, uma felicidade genuína que pensei ser impossível experimentar novamente após tantos séculos de existência sombria. Danniell, com sua leveza e amabilidade, sempre sabe o que dizer, como transformar o ambiente com sua simples presença. Ele é a luz que dissipa minhas trevas, e eu anseio desesperadamente aprender com ele, a encarar a vida com a mesma leveza.

Meu coração, contudo, se aperta ao pensar no inevitável. Sei que nunca o transformarei, jamais o condenarei à eternidade que carrego. Sou consciente de que haverá um dia em que ele não estará mais ao meu lado, que a passagem do tempo nos separará. Mas, enquanto tivermos nosso tempo, vou amá-lo com uma intensidade que desafia a própria mortalidade, um amor que transcende o tempo e o espaço, um amor que viverá além de nós dois.

Saí rapidamente, antes que as lágrimas caíssem, porque eu sabia que, se Danniell me visse chorar, seria ainda mais difícil seguir adiante com o que precisava fazer. O simples toque dele, o conforto de um abraço ou o sabor dos seus lábios doces poderiam me fazer perder a determinação, e eu não poderia permitir isso. Sabia que, se ele me segurasse, se me envolvesse em seus braços, eu jamais conseguiria partir para procurar Frederick. A verdade é que minha vontade de ficar era quase insuportável, mas a necessidade de garantir a segurança do garoto me consumia. Mesmo assim, deixá-lo para trás me doía profundamente.

Enxuguei as poucas lágrimas que ousaram escapar e segui em frente. Ketherinn havia me revelado o esconderijo onde Frederick se refugiava com seu mestre, um segredo que o garoto confiou a ela, talvez por vê-la como uma figura de inspiração, uma confidente. Agradeci silenciosamente por Ketherinn ter me ajudado, tanto com Frederick quanto com Danniell. Sua lealdade, apesar das palavras duras, era algo pelo qual eu seria eternamente grato.

À medida que avançava, a floresta ao meu redor se tornava mais espessa, sufocante. As árvores erguiam-se como colunas antigas, seus troncos retorcidos e cobertos de musgo verde-acinzentado. O dossel das copas bloqueava quase toda a luz da lua, criando um labirinto sombrio de sombras entrelaçadas. A vegetação rasteira crescia densamente, cobrindo o chão com folhas secas e galhos quebradiços que estalavam sob meus pés, como se a própria terra protestasse contra minha presença.

O ar estava impregnado de umidade, carregando o cheiro terroso de folhas em decomposição e o frescor de pinheiros distantes. As rajadas de vento sussurravam pelos galhos, como vozes ancestrais. O silêncio era tão profundo que cada movimento, cada passo, parecia ecoar em um abismo.

Enquanto corria em direção ao local indicado por Ketherinn, que ficava ainda a cerca de uma hora de distância, minha mente estava em outra parte, transbordando com imagens de Danniell. Seu sorriso doce, seus olhos verdes e intensos que penetravam até o mais profundo do meu ser, seu cheiro inebriante que me enlouquecia. A dúvida começou a me corroer: estava eu tomando a decisão certa? Não tinha certeza.

A escuridão da floresta parecia um reflexo da minha própria incerteza, mas eu não podia me permitir hesitar, eu precisava seguir em frente, mesmo que meu coração clamasse por permanecer ao lado do homem que, inesperadamente, havia se tornado o meu porto seguro.

Cheguei ao lugar indicado, mas não havia nada além do breu impenetrável e do silêncio aterrador da noite. Mesmo sendo uma criatura da escuridão, a densidade opressiva daquela noite parecia apertar meu peito, despertando um desejo irracional de fugir, de me perder em outro lugar, longe daquele vazio que me envolvia. Mas eu sabia que fugir não era uma opção. Precisava continuar, encontrar Frederick, e assegurar-me de que ele estava bem, que poderia seguir seu caminho, mesmo que esse caminho o levasse para longe de mim.