Um monstro no lar

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— Conte-me como foi aquela noite em que voltou para ver o menino

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— Conte-me como foi aquela noite em que voltou para ver o menino. — Eu deitei a cabeça em seu peito para ouvir mais uma de suas histórias.

— Sim. Aquela noite. — Louis suspirou. Olhou pela janela aberta, a madrugada logo terminaria. Sua voz calma escondendo a dor que sentia ao se lembrar do garoto.

"Você voltou", ele disse simplesmente, como se já estivesse me esperando. Assenti, sentindo uma mistura intensa de emoções me inundar. Ele correu na minha direção, deixando a manta que cobria suas pernas deslizar para o chão. Eu dei um passo hesitante para dentro da sala. Dessa vez, estava preparado para o frio, vestido com um sobretudo preto e longo, luvas de couro ajustadas e um cachecol aconchegante enrolado em meu pescoço - um disfarce para que ele não estranhasse nada.

— Ele segurou minha mão e me conduziu até a poltrona, como fez na noite anterior, mas desta vez não trouxe uma caneca de chocolate quente. Puxou a cadeira ao lado e se sentou, um sorriso genuíno e levemente infantil iluminando seu rosto. A luz da lareira lançava sombras dançantes sobre seus cabelos loiros e ondulados, lembrando o poente de um dia de verão. Foi então que percebi: eu estava ansioso para ouvir o que o rapaz tinha a dizer.

"Eu pensei que você não voltaria mais. Esperei por você durante todo este mês. Mas você prometeu, e tudo que me restava era esperar."

— Fitei-o por um longo momento, enquanto ele soltava um suspiro pesado e pegava minha mão. Internamente, agradeci por ter colocado as luvas de couro, sabendo que meu toque gelado seria impossível de disfarçar.

"Está bem, senhor Mistérios, não diga nada então, mas sei que me entende." — Ri e ele revirou os olhos. Não sei por que nunca lhe dirigi uma palavra, mas algo dentro de mim dizia que deveria fazê-lo, um pressentimento que parecia uma bobagem total. O garoto me arrastou pela biblioteca, mostrando seus livros favoritos. Sua voz era tão doce e seus modos tão animados que acabaram me contagiando. Por vezes, eu sorria enquanto ele, encantadoramente, me falava sobre um livro e outro.

— Enquanto ele falava sobre um livro de aventuras, seu entusiasmo era contagiante. "Sabe," ele disse, rindo, "se os livros pudessem falar, eu aposto que teriam muita coisa a dizer sobre você, senhor Mistérios!"

— Sorri com a piada. Ele continuou, "Ou talvez só falariam sobre como você é quieto. Eles provavelmente diriam: 'Ei, ele é tão silencioso quanto uma biblioteca!'"

— Eu ri silenciosamente, apreciando a leveza do momento. Ele me olhou com um sorriso travesso e disse, "Mas sério, vamos ver quem consegue encontrar um livro bem legal primeiro!" — E saiu correndo entre as estantes, rindo.

— Decidi entrar na brincadeira, ainda sorrindo. Passei pelas prateleiras, fingindo procurar. Quando o encontrei escondido atrás de uma estante, fiz uma careta engraçada, o que o fez rir ainda mais.

"Ah, você me pegou!" — Ele riu, e eu senti uma estranha e quase desconhecida sensação de alegria.

— Finalmente, chegou a minha vez de conduzi-lo pela biblioteca. Puxei-o pela mão até uma seção específica. Ele seguiu curioso, ainda rindo da pequena corrida. Após alguns minutos de procura, encontrei o que procurava. Lá estava, o livro que desejava. Tirei-o da estante e o abri exatamente na página que queria.

Sombra Eterna: A Dor Da Imortalidade - Crônicas VampirescasOnde histórias criam vida. Descubra agora