Laços e Mistérios

20 2 10
                                    

Minha respiração ainda era ruidosa, mas meus músculos relaxavam aos poucos. O vampiro me apertava firmemente em seus braços, como se estivesse tentando proteger-me do mundo inteiro. Sua testa encostou-se suavemente em meu pescoço, e um arrepio percorreu minha espinha. Com um gesto terno, passei a mão por seus cabelos grossos e escuros, sentindo a textura suave entre meus dedos. Cada fio parecia contar uma história, e naquele momento, éramos apenas nós dois.

O ritmo de nossas respirações começou a se sincronizar, criando uma melodia silenciosa que preenchia o quarto. Sentia o leve roçar de seus lábios contra minha pele, e meu coração batia mais forte, não mais de medo, mas de uma estranha e nova sensação de segurança. O mundo lá fora parecia distante, quase inexistente, e tudo o que importava estava ali, naquele abraço.

— L-Louis? — chamei, minha voz trêmula. Ele não respondeu, continuou em silêncio, seu corpo completamente imóvel. Finalmente rolou para o lado, saindo de cima de mim, e soltei um gemido de protesto, sentindo a perda do contato. Virei meu rosto e encarei suas orbes escuras. Momentaneamente, senti-me envergonhado, mas não desviei o olhar.

O silêncio tomou um rumo constrangedor, preenchendo o quarto com uma tensão palpável. O som de nossas respirações entrecortadas era o único ruído, até que enfim o vampiro quebrou o silêncio.

— Eu nunca tive algo como isso. — Murmurou ele, sua voz carregada de uma emoção contida. - E já havia desistido de conseguir algo assim com alguém.

— Sei. — Respondi, voltando meu olhar para o teto, sentindo uma ponta de irritação. Ele me puxou para si, mas eu não queria, estava sujo e suado. Tentei resistir, mas falhei miseravelmente.

— Estou falando sério, Danniell. Isso foi especial. — Ele disse, passando os dedos pelo meu rosto e sorrindo. Era tão gentil e delicado.

Quando não respondi, ele apenas levantou-se, e minha irritação cresceu ainda mais. Meu olhar o seguiu até o banheiro, onde sua figura se destacava com uma perfeição quase etérea, a brancura de sua pele contrastando com a penumbra do quarto. Mesmo irritado, não pude deixar de me impressionar com sua beleza, uma mistura de admiração e ressentimento agitando-se dentro de mim.

Ouvi o som da banheira sendo ligada e, por um momento, fiquei imóvel, absorvendo a frustração e os sentimentos conflitantes que se acumulavam em meu peito. Olhei ao redor, tentando encontrar algo que me distraísse. O quarto era simples, mas havia um requinte em cada detalhe, desde os lençóis de linho até as pequenas decorações cuidadosamente escolhidas. No teto, uma luminária minimalista, de linhas retas e luz amarela suave, ilumina o espaço de forma aconchegante.

Ao meu lado, uma mesinha de cabeceira em madeira clara e design escandinavo, com uma lâmpada de leitura de metal escovado. Sobre ela, um pequeno vaso com uma única flor branca, dando um toque de natureza e delicadeza ao ambiente.

O piso de madeira polida coberto por um tapete macio de cor neutra, que acrescenta conforto ao quarto. Na parede oposta à cama, uma grande janela com cortinas brancas, agora abertas, permitindo a entrada da luz natural do luar, filtrada de forma a criar uma atmosfera acolhedora e relaxante. Ao lado da janela, uma poltrona, estofada em um tecido cinza escuro.

Acima da cabeceira da cama, uma obra de arte moderna, com formas geométricas e cores sutis, adiciona um ponto focal interessante sem sobrecarregar o visual. Os lençóis de linho branco, agora empapados pelo meu suor. Mas nada disso conseguia afastar o turbilhão de emoções dentro de mim. Senti uma pontada de ciúmes, uma sensação que misturava insegurança e um medo profundo. Era difícil aceitar que ele, com toda a sua perfeição, pudesse realmente se importar comigo, alguém tão imperfeito e inseguro.

A irritação que sentia não era apenas com ele, mas também comigo mesmo. Como poderia competir com a imagem que ele projetava, com a perfeição de seu corpo, com a intensidade de suas emoções? Sentia-me pequeno e vulnerável, incapaz de corresponder àquilo que ele via em mim.

Sombra Eterna: A Dor Da Imortalidade - Crônicas VampirescasOnde histórias criam vida. Descubra agora