Eu precisava ir atrás de Louis, algo antigo e profundo em mim sussurrava que ele estava em apuros. Deixá-lo seguir sozinho era uma tolice arriscada demais. Sendo quem sou, ou melhor, o que sou, sei que posso ajudá-lo, protegê-lo contra qualquer adversidade que surja. Não sou forte, nem rápido, mas eles têm medo de mim. Do mito que envolve meu nome e das verdades que meu sangue milenar carrega.
Peguei uma das motos de Ketherinn, mas a relevância de minha breve estadia ali será contada em outro momento, não agora. Acelerei ao máximo, com a certeza gravada em meu ser de onde encontrá-lo. Sempre soube onde encontrar os de sua espécie; posso senti-los, rastreá-los, é parte intrínseca de ser quem sou. Sempre sei como achá-los. Sei que Lestat está com ele, posso sentir a sombra de sua presença. Sempre soube que ele estava vivo. Conheço-os pelos nomes sagrados e profanos, mesmo sem jamais ter cruzado seus olhares.
Sei quando são trazidos à vida, gerados por seus criadores nas trevas, e sei quando retornam ao pó. Eu sou o alfa e o ômega, o início e o fim. Todos vêm por meio de mim, e através de mim, partem.
Cheguei à floresta, desci da moto, um mar negro de árvores se estendia a minha frente, cada uma delas um gigante silencioso e imponente. As sombras eram densas, e cada passo que eu dava parecia ser engolido pela escuridão. Não havia a luz suave da lua para me guiar.
Eu não tenho a visão noturna que eles possuem, mas eu me guio pelo elo de sangue. Minha respiração estava pesada, e o frio da noite cortava minha pele, mas nada disso importava. Finalmente, depois do que pareceu um longo tempo, ouvi algo. Vozes. Baixas, mas reconhecíveis. Eu sabia que era Louis… e Lestat. Meu sangue gelou ao perceber que estava perto.
Comecei a caminhar mais rápido, guiado por um instinto primitivo, um desejo avassalador de proteger aquele que amo. A floresta parecia se fechar ao meu redor, como se estivesse conspirando para me manter longe, mas eu não cederia. Nada me impediria de chegar até eles.
Continuei em frente, cada passo me levando mais fundo na escuridão. Não havia caminho certo, apenas a direção que o elo me indicava. A adrenalina me empurrava para frente, ignorando o medo e a incerteza que me cercavam. Eu sabia que estava próximo. Podia senti-los.
E então, através das árvores, vi uma clareira. Na penumbra, eu os vi. Louis e Lestat, envolvidos em algo que parecia… impossível. Meu peito apertou e meus pés congelaram no lugar…
Louis e … Lestat…
Lestat e… Louis….Ali, na clareira iluminada apenas pelas estrelas tênues, Lestat estava sobre Louis, suas mãos segurando-o com uma força que parecia ao mesmo tempo gentil e possessiva. Seus lábios percorriam o pescoço de Louis.
Meu coração se partiu naquele instante. O que eu via não era apenas um ato de paixão, mas algo muito mais sombrio. Lestat se movia com uma familiaridade inquietante, cada toque, cada gesto revelando o vínculo profundo e tortuoso que eles compartilhavam. Louis estava entregue, seus olhos fechados, a expressão em seu rosto era de uma mistura de rendição e dor.
Eles pertenciam um ao outro. Desde sempre e para sempre.
Louis e Lestat… por toda a eternidade.
Quis gritar, quis correr até eles e separar o que parecia um predador e sua presa, mas as palavras morreram em minha garganta. O choque e a dor me paralisaram. Como Louis podia permitir isso? Depois de tudo que me contou, depois de nós?
Eu me aproximei mais, os pés pesados como se estivessem presos ao chão. Cada passo fazia minha mente girar, as perguntas se atropelando em meu coração. Aquele não era o Louis que eu conhecia, o Louis que eu amava. Ou talvez fosse, e eu simplesmente nunca o compreendi completamente.
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Sombra Eterna: A Dor Da Imortalidade - Crônicas Vampirescas
Vampier"Morreremos juntos, veremos novamente o nascer do sol e nossos corpos se tornarão pó. E então, ressurgiremos no inferno, juntos e eternos." ***************** - Você já experimentou o amor, Louis?.- Perguntei, olhando para o vampiro com uma mistura d...