— Deixe-me esclarecer-lhes como a conheci, Mon ami. Recordo-me vividamente da noite em que a vi pela primeira vez, em meio a um grupo de outros vampiros. Estávamos reunidos, confraternizando em um ambiente carregado de sombras e murmúrios, cada um carregando consigo suas próprias dores imortais. Naquela época, eu me sentia perdido, consumido pela solidão após a morte de Cláudia, minha amada filha. Cada batida do meu coração imortal parecia ecoar o vazio que inundava meu ser. Eu ansiava desesperadamente por conexão, por um propósito que desse sentido à minha eternidade solitária. Decidi então me juntar aos outros vampiros na esperança de preencher o buraco aberto em meu peito.
— Como mencionei anteriormente, a solidão me assombrava, e a ideia de passar a eternidade isolado era simplesmente intolerável. No entanto, apesar de minhas tentativas, logo percebi que éramos demasiado diferentes, eu e meus irmãos vampiros. Nossos anseios, nossas dores, nossas essências imortais nos separavam de maneira intransponível. Mas então, naquela mesma madrugada, tudo mudou. Foi quando a vi, entre as sombras dançantes da noite. Seu olhar era um mistério intrigante que me hipnotizou instantaneamente, como se estivesse me chamando para um mundo além da escuridão em que vivíamos, conversamos por muitas horas e ela me conduziu para a cama naquela mesma madrugada, e naquele momento, eu soube que algo havia mudado para sempre em minha eternidade solitária. Mas não achei que seria dessa forma.
— Uma mistura de emoções turbulentas se apoderou de mim. Uma pontada de nostalgia se misturava com a excitação de uma nova descoberta, e uma sensação de desamparo se entrelaçava com uma fagulha de esperança. Era como se cada palavra fosse uma faca afiada, cortando através das camadas de minha imortalidade para expor a vulnerabilidade que eu tanto tentava esconder. E, no entanto, havia também uma sensação de liberdade, como se finalmente estivesse encontrando meu caminho através das sombras que há tanto tempo me envolviam.
Louis suspirou, um leve tremor percorrendo seu corpo imortal. Foi quase imperceptível, mas meus olhos estavam fixos nele, capturando cada nuance de sua expressão. Naquele momento, eu podia sentir a complexidade de suas emoções, como se as sombras do passado se erguessem ao seu redor, ameaçando consumi-lo mais uma vez. Havia uma melancolia profunda em seu olhar, como se ele estivesse revivendo aqueles momentos dolorosos enquanto falava. Era como se a simples menção daquela mulher despertasse uma tempestade de lembranças dentro dele, arrastando-o de volta para um tempo em que a solidão era sua única companheira. Era uma dança delicada de emoções, um retrato vívido da alma atormentada de um vampiro em busca de paz.
— Aquela foi a única vez que fizemos sexo de forma convencional, sem as sombras do mundo obscuro que nos envolvia. Não havia amor nem o afeto que tanto ansiava, mas a intensidade de Sofi era irresistível. Ela dominava o jogo do prazer como ninguém, uma mestra em artes que atravessavam séculos. Depois daquela madrugada me via completamente apaixonado por ela, como eu disse antes, estava me sentindo solitário, então qualquer mínima fagulha de afeto era o suficiente para fisgar o meu coração carente. Nas primeiras semanas, Sofi me envolveu com uma delicadeza surpreendente. Embora não fosse conhecida por seu afeto, não me subjugava em troca de seu próprio prazer. No entanto, à medida que o tempo passava, a fachada começou a ruir, revelando a verdade por trás de sua beleza enigmática. Passaram-se cerca de quatro semanas. – Agora o vampiro murmurava, seu tom carregado de pesar e autorreflexão.
— Sua máscara caiu, revelando a verdade que meus colegas vampiros haviam tentado me advertir. Alertaram-me sobre a traiçoeira natureza de Sofi, comparando-a a uma serpente astuta, mas eu, cegado pela hipnótica beleza de seus olhos escuros, recusei-me a acreditar. Ainda era jovem em comparação com outros vampiros e até mesmo em relação a ela própria. Eu não compreendia completamente as complexidades dos seres mortais e imortais. Minha visão do romantismo era excessivamente idealizada, e Sofi foi a cruel responsável por despedaçá-la em inúmeros fragmentos, os quais acreditava que nunca mais se juntariam novamente.
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Sombra Eterna: A Dor Da Imortalidade - Crônicas Vampirescas
Vampiros"Morreremos juntos, veremos novamente o nascer do sol e nossos corpos se tornarão pó. E então, ressurgiremos no inferno, juntos e eternos." ***************** - Você já experimentou o amor, Louis?.- Perguntei, olhando para o vampiro com uma mistura d...