Love and Fire

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— Você me perguntou se me arrependo de todas as mortes, e eu disse que nem todas. Não me arrependo do que fiz ao homem. Luto contra minha natureza constantemente, mas é isso que sou.

— Talvez eu entenda isso melhor do que você imagina.

— Como assim, Daniell? — Perguntou. Aproximei-me e abracei o corpo do vampiro, enroscando minhas pernas nas suas. Ele riu sensualmente e arrastou a mão gelada pelo meu rosto.

— Eu também tenho muitas histórias, muitos segredos que não conto a ninguém. Talvez eu possa contá-los a você. Quem sabe como ficaremos depois de tudo isso, não é?

— Espero que juntos. — Ele disse. Sorri, colocando uma das mãos sob a bochecha de Louis. Sua pele gelada era um contraste prazeroso com a minha. Aproximei nossos rostos e dei um beijo delicado no canto de sua boca. O vampiro sorriu, parecendo um pouco tímido. Mordi seu lábio inferior, e Louis soltou um gemido surpreso, fazendo meu corpo inteiro esquentar.

— Me conte mais. — Sussurrei.

— Daniell... O sol... — Ele começou, mas interrompi, enfiando uma das mãos em sua blusa e arranhando levemente seu abdômen.

— Daniell...

— Quero ficar aqui com você. Posso dormir com você? Me sinto mais seguro assim. — Pedi, olhando para ele com uma expressão suplicante.

— Mas é claro que pode, Mon Chéri. Vou fechar as janelas da casa, tudo bem? Fiquei aqui um segundinho. — Louis usou seu dom vampírico para que eu pudesse compreender o peso que meu pedido tinha. Era como se eu adentrasse sua mente. Seu coração, por mais morto que estivesse, ele pensava, pareceu derreter um pouco. A minha vulnerabilidade o tocou de uma forma que eu não esperava. Não era apenas um pedido para compartilhar o mesmo espaço; era um pedido por segurança, por conforto. E ele queria me oferecer tudo isso, queria que eu me sentisse protegido ao seu lado.

Balancei a cabeça afirmativamente. O vampiro se levantou, abriu a porta do quarto e saiu, segundos depois, voltou.

— Prontinho.

— Já?!

— Às vezes, essa maldição pode ser útil. — Louis fez uma careta triste.

— Não diga isso; não é uma maldição. É uma bênção, Louis.

— Uma bênção proveniente das trevas? Algo assim não pode ser considerado uma bênção

Suspirei, levantei-me e me aproximei dele. Louis permaneceu imóvel, observando-me. Envolvi seu corpo com meus braços e encostei nossas testas.

— Essas coisas não existem, meu amor. São invenções cristãs. Satanás não existe; é apenas um nome, e Lúcifer não é como dizem. Sua alma está sã e salva. Você não recebeu este dom por escolha própria e está fazendo o melhor que pode com ele.

— Isso não é um dom, Mon Chéri, você não sabe o que diz. E, além disso, Satanás e Lúcifer são o mesmo demônio.

— Certamente não são. O inferno não existe; Lúcifer é apenas um guia.

— Como pode afirmar tais coisas como se fosse um conhecedor desses mistérios?

— Eu lhe disse que tenho segredos, não disse?

Falei, vendo Louis erguer uma das sobrancelhas, o que achei incrivelmente adorável. Tomei-o pelos lábios e logo seus questionamentos se dissiparam, levados pela maré de paixão que compartilhávamos. O beijo era calmo e repleto de carinho; eu podia sentir a necessidade do vampiro, seu desejo e paixão. Seus lábios frios e macios traçaram um caminho pelo meu pescoço, causando arrepios ao longo da minha espinha.

Sombra Eterna: A Dor Da Imortalidade - Crônicas VampirescasOnde histórias criam vida. Descubra agora