Cicatrizes de um Amor Traiçoeiro: O Pacto da Dor

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— Bem, como eu dizia, eu tentava, de todas as formas possíveis, protegê-la da escuridão que ameaçava consumi-la, mas era inútil

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— Bem, como eu dizia, eu tentava, de todas as formas possíveis, protegê-la da escuridão que ameaçava consumi-la, mas era inútil. Sofi era a própria escuridão, um demônio cruel e perverso. Suas palavras rudes logo se transformaram em agressões, e eu, mesmo sendo imortal, sentia cada golpe como se fosse a primeira vez. Era como se cada soco e pontapé fossem uma prova do poder de sua crueldade, uma demonstração de como ela dominava não apenas o meu corpo, mas também a minha alma. No entanto, apesar de todo o sofrimento que ela me causava, eu continuava ali, ao seu lado, como um escravo obediente. Talvez fosse pelo vínculo inexplicável que nos ligava, ou pela esperança ingênua de que um dia ela voltasse a ser a mulher gentil e amorosa que conheci, mesmo que por breves semanas. Mas a cada dia que passava, essa esperança se tornava mais distante, e eu me afundava ainda mais na escuridão que ela emanava.

— Em uma certa madrugada, ao vaguear pelas ruas envoltas na escuridão, mergulhei em reflexões sobre os anos compartilhados com Sofi. Decorridos quatro anos desde nossa união, sua faceta cruel parecia se aprofundar inexoravelmente. Ao chegar em nossa casa, que há muito tempo deixara de ser apenas minha, deparei-me com uma nuvem escura de fumaça na parte de trás da varanda que dava para uma floresta densa, meu coração apertou de preocupação e corri para lá, temendo pelo pior. No entanto, a cena que se desenrolava diante de meus olhos não era o que eu esperava, mas sim algo que me deixou ainda mais angustiado.

— Sofi estava lá, com uma taça de vinho na mão, seu olhar fixo na grande fogueira que ardia diante dela. As labaredas, qual bailarinas etéreas, oscilavam ao sopro do vento, projetando sombras distorcidas em seu semblante. A densa e negra fumaça permeava o ambiente, qual prenúncio de uma tormenta iminente. E então, eu vi.

— Ali, naquela fogueira voraz, estavam sendo consumidos meus preciosos livros. Livros que eu havia encontrado ao longo dos séculos de imortalidade, livros que compartilhei com Cláudia, os mesmos livros que ensinei-a a amar. Cada livro devorado pelo fogo representava uma parte de mim que se despedaçava. Em meio à devastação que se desenrolava, percebi que não eram apenas os livros que estavam sendo consumidos pelas chamas, me aproximei e havia pequenos ossos, ossos de crianças, muitos deles, o odor forte de carne sendo queimada me dominou e minha esperança de um futuro diferente ao lado de Sofi ruiu. A crueldade dela, manifestada naquela cena grotesca, era o último golpe em meu coração já dilacerado. E foi ali, naquela noite sombria, o momento que percebi que talvez fosse hora de deixar para trás o passado e buscar uma nova vida, uma vida onde eu pudesse finalmente encontrar paz e redenção.

"Limpe tudo isso, Louis. E não me faça falar novamente". — Ela disse simplesmente e saiu.

"Por que fez isso, Sofi? Por que queimou meus livros? Você sabia que eram importantes para mim."

— Lembro-me de seu longo suspiro, não se virou para me olhar, apenas jogou suas palavras em minha direção.

"Olhe só para você, Louis. Afundado nesses livros antiquados, como se pudessem te salvar da escuridão que está consumindo sua alma."

Sombra Eterna: A Dor Da Imortalidade - Crônicas VampirescasOnde histórias criam vida. Descubra agora