O relógio da sala de aula, com seu mostrador gasto e ponteiros trêmulos, parecia arrastar-se em câmera lenta. Dante, sentado na última carteira, sentia cada segundo se esticar como um elástico prestes a arrebentar. A ansiedade o corroía, e suas mãos suavam, deixando marcas úmidas no caderno de anotações.
As últimas horas haviam sido um turbilhão de pensamentos. A conversa com o albino, ecoava em sua mente. As palavras trocadas, os olhares intensos, as entrelinhas não ditas. Quando o sinal finalmente tocou, Dante se levantou como um raio. Os outros alunos pareciam meros obstáculos em seu caminho. Ele se esquivava determinado, com seu coração batendo forte, ecoando o ritmo de seus passos apressados.
Ao chegar à biblioteca, a porta de madeira rangendo sob sua pressa, e Dante o encontrou. O rapaz estava lá, carimbando livros com uma concentração quase sagrada. A luz do sol filtrava pelas janelas altas, criando padrões dourados no chão de cerâmica. Pietro ergueu os olhos, surpreso, ao perceber a presença de Dante.
Seus olhares se encontraram, e ele sentiu o mundo diminuir. Com passos firmes, Dante se aproximou e parou diante de Pietro, que largou o carimbo e o olhou nos olhos.
- Dante? O que...
- Pietro - ele interrompeu, com intensidade em sua voz. - Eu preciso dizer isso, e você precisa ouvir. O fato de vocês carregarem as almas de quem já amei no passado muda tudo para mim, exceto o que eu sinto.
O albino abriu a boca para protestar, mas Dante continuou, com as palavras fluindo dele como uma torrente.
- Eu me apaixonei por eles, pela alma deles, pelas pessoas que eles eram. E agora, olhando para você, para esse seu rostinho bonito..., é impossível não lembrar e não amar, quando você é a própria personificação de Júpiter. Sua voz, seu olhar, a calma que você exala, tudo é igual a ele.
Pietro o olhou, com a mágoa anterior dando lugar a um brilho que Dante conhecia bem.
- Eu não entendo - seu olhar refletia certa dúvida. - Você disse mais cedo...
O jovem o interrompeu novamente.
- Em nenhum momento eu disse não querer vocês. Eu disse que não conseguia encará-los pela culpa que me consome. Pare de ser tapado.
- Você chamou Petrônio assim...
Dante sentiu seu estômago revirar. Ele realmente o chamou assim e a lembrança fez um sorriso traçar sua boca. Ele deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles.
- O que eu sinto, é mais real do que qualquer coisa que já experimentei...
Pietro fechou a distância entre eles, o calando com seus lábios, em um beijo suave. Dante se assustou com a atitude do albino, mas não o afastou, ansiava por aquilo, tanto quanto voltar para o lugar que virou seu mundo de ponta cabeça. Quando se afastaram, os rostos de ambos ficaram rubros, expressando a vergonha que sentiam.
- Desculpa - Pietro sorriu bobo e Dante percebeu ser o mesmo sorriso que Júpiter dava para Petrônio. - Eu queria muito fazer isso..., desde o dia em que te vi entrando por aquela porta.
- Então naquele dia você já sabia? - perguntou timidamente.
- Não, mas isso não muda o fato de você ser extremamente atraente - ele sorriu travesso. - Eu iria pedir seu número assim que terminasse sua busca.
Dante o encarou e sem qualquer aviso prévio, avançou em Pietro, atacando sua boca com um beijo, agora cheio de intensidade. Descontando tudo que estava sentido naquele momento. Ele agarrou a camisa azul do albino com força, ao mesmo tempo que ele levava suas mãos a cintura do jovem, o girando e colocando sentado sobre a mesa cheia de livros.
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Pompéia: Amor Entre Cinzas
RastgeleUm estudante do século XXI, fascinado pela história de Pompéia, viaja no tempo e se vê preso na cidade romana dias antes da erupção do Vesúvio. Invisível para todos, exceto para dois jovens que se tornam seus amigos, ele descobre os encantos da vida...