𝓑efore

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Enquanto eu deixo o estacionamento da Bishop, ainda com minhas roupas de treino e com os olhos inchados, uma pequena parte de mim se amaldiçoa por não ter permitido ninguém entrar

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Enquanto eu deixo o estacionamento da Bishop, ainda com minhas roupas de treino e com os olhos inchados, uma pequena parte de mim se amaldiçoa por não ter permitido ninguém entrar. Ou, pelo menos, não quem valesse a pena.

Das mais de dez pessoas que tentaram me parar ou que procuraram entender o porquê de eu estar perambulando pelo colégio como uma assombração, não consigo eleger uma em que eu confie o suficiente para estar comigo agora.

Ninguém além dela.

A outra parte de mim não quer acreditar que Ellie não estará comigo — o que me faz continuar procurando. Passos automáticos, caminhando determinados a encontrá-la.

O vento gelado atinge meus braços e meu corpo estúpido se arrepia, dos pés a cabeça, mas isso não me faz parar. Eu continuo e continuo, na trilha em que eu me acostumei a fazer nesses últimos meses. São cinco quadras até lá.

Ellie mora em uma casa mediana, uma construção comum por aqui. Suas paredes são tingidas por um amarelo fraco e ela tem uma grande e bonita varanda onde nós costumávamos nos sentar para fumar um nas madrugadas onde a rua estava sossegada e seus pais estavam fora, visitando seus avós em Chicago.

Eu não deveria estar indo para lá agora, eu sei disso. Eu sei. Esse não é um bom horário, é arriscado, eu sei. Mas eu não consigo parar. Eu não paro. Nem mesmo debaixo desse maldito dilúvio.

Eu passo pela casa da senhora Gomes, uma viúva solitária que adorava sentar-se próximo de sua janela no pôr-do-sol para tricotar. Era um ritual para ela, eu acho. Ela nos assistia passar por aqui, às vezes, e eu já a peguei sorrindo para nós. Talvez ela seja a única testemunha do que eu e Ellie vivemos.

Uma quadra. Meus pés mantêm-se decididos e eu não viro para mirá-la, apesar de sentir o peso dos seus olhos na minha nuca. Desculpe, senhora Gomes, não posso deixar que você me veja assim.

Eu não quero que mais ninguém me veja assim.

Conforme minhas pernadas se aproximam, eu sinto meus ouvidos estalarem. Como se a pressão aqui fora fosse demais para mim. É estranho, mas eu não paro. Não até que meus pés toquem o piso da sua varanda.

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