𝓢𝓸𝓾𝓿𝓮𝓷𝓲𝓻

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Dedilho o copo entre minhas mãos tentado criar coragem de abandoná-lo, de deixar uma boa desculpa para trás

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Dedilho o copo entre minhas mãos tentado criar coragem de abandoná-lo, de deixar uma boa desculpa para trás. Eu não queria vê-la, nem dirigir uma só palavra a ela ou ter que lidar com todo aquele sarcasmo que envenena suas falas. Me odeio por lembrar que antes me faziam sorrir porque tinham gosto de mel. Eu gostava delas porque não me atacavam. Eram carícias. Eram o contrário do que são hoje.

Eu me sinto machucada. Elas me cortam agora.

Marylin Monroe não suportava a ideia de não ser amada e bebeu cada gota de amor que pudesse receber, mas morreu sozinha. Linda, talentosa e inteligente, mas sozinha.

Diana Spencer acreditou ter se casado com um príncipe, mas casou-se com um traidor. O herdeiro do trono inglês, mas um traidor.

Elas acreditavam no amor e, de uma forma ou de outra, se sacrificaram por ele.

O que é mais divertido nisso tudo? Nós nos dirigimos ao substantivo abstrato "amor" sempre com um artigo masculino o precedendo. Talvez uma falsa ideia de que esses fins só aconteçam nesse tipo de amor? Bem, não necessariamente precisa ser assim.

Não preciso ser amada, não com esse tipo de amor. Posso afirmar que tenho amor o suficiente, apesar de ainda querer, ainda quero aquele que vem dela. Minha boca está seca e não existe nenhuma bebida no mundo que possa matar minha sede. Me viro de frente para a pia, uma última vez, para me desfazer da água praticamente intocada e, finalmente, abandono o copo por ali antes de deixar a cozinha.

Não me sacrificaria por amor. Não dessa vez.

Antes mesmo de voltar para lá eu já tinha consciência de que tinha interrompido uma conversa importante, não que eu estivesse interessada. Não tenho interesse em nada que venha dela. Só não pude deixar de perceber como Connor parece preocupado. Talvez incomodado. Irritado? Por um momento, eu me arrependi de não ter colocado mais energia em conhecê-los além do trabalho. Ela não falava muito sobre a dinâmica que eles levavam e eu achei que tinha tempo. Eu achei que fosse para sempre. E estava enganada.

Me aproximo do belíssimo Roland GP 609 de Finneas e deixo meu celular ao lado do atril que segurava algumas partituras. Meus olhos se prendem na grande janela próxima de mim e na paisagem quase paradisíaca. Se pudesse abrir alguma delas e o cheiro do mar tomasse conta do ambiente, talvez eu conseguisse encontrar algum conforto.

Lights of HomeOnde histórias criam vida. Descubra agora