Desespero & Agonia

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Qualquer um que cruzasse o bosque dos amantes naquele dia iria notar no topo de uma colina solitária, um homem sentado. Com as pernas cruzadas, tinha os olhos fechados e as mãos imóveis de cada lado do corpo, em gestos estáticos que pareciam ter algum tipo de significado. Repetia para si mesmo:


- Onde você está? Onde você está? Onde você está?

Ao redor, a paisagem guardava poucas sutilezas. Havia um bosque tão verde quanto era ordinário, e a relva era igualmente honesta e saudável.


"O deus que inventou este cenário era preguiçoso", diria o homem sentado, se pudesse.

Mas não disse isto, porque estava ocupado repetindo:

- Onde você está? Onde você está? Onde você está?

Afora a boca que continuava na cantilena interrogativa, o homem estava imóvel já há quase um dia. Uma pedra arredondada e coberta de limo, que se sentava, semi enterrada ao lado dele, não fazia menos movimento. Um pássaro marrom e tedioso pousou no ombro do homem, tratando-o como mais uma coisa da paisagem. Cantou um pequeno conjunto de notas sem

criatividade e voou para longe. Uma trilha de formigas previsíveis fez seu caminho sobre o colo do homem, e um pequeno soco de chuva encharcou-o no meio da tarde, mas ele permaneceu impassível, recitando:

- Onde você está? Onde você está? Onde você está?

Anoiteceu e amanheceu, e o homem continuou lá. E, quando a paisagem ao redor já meio

esperava que ele tivesse se tornado mais um elemento, levantou-se de um salto. Arqueou o corpo para trás, fazendo os ossos da coluna estalarem alto. Flexionou os músculos de braços e pernas.

De pé, era alto e felino. O corpo era elástico e coberto de músculos esculpidos com carinho e vaidade. Vestia o que poderia ser uma armadura de couro, se o protegesse um pouco mais. A roupa de couro preto se agarrava à pele, cobrindo o peito mas deixando os belos braços a descoberto, uma capa que mais parecida farrapos cobria todo o tronco, Calças largas terminavam em botas pesadas, repletas de fivelas polidas com amor. Anéis e rebites dourados salpicavam o couro do peito e, por toda

parte, como adornos extravagantes, estavam presas armas de todo tipo. Três adagas em bainhas no peito, e mais duas na perna esquerda. Duas bestas leves pendendo da cintura, um cinturão de dardos de arremesso em volta da coxa direita, e uma espada pendurada às costas.


Prendeu seu cabelo longo e brilhante revelando as orelhas pontudas, os olhos eram azuis e afiados, as sobrancelhas arqueadas de forma malévola. O homem se espreguiçou de novo.

- Com todos os demônios - Onde você está?

Pegou a adaga, um brilho mágico correu pela lâmina revelando em seu reflexo a resposta para a pergunta de Al-Salin.

Por fim de dentro do bosque

ordinário surgiu um grupo variado de humanóides bestiais. Eram dez ou doze, e viram o

homem, que estava majestoso, fazendo pose em cima da colina, com o sol nascente nas costas.

De todas as coisas de que ele gostava na batalha, uma de suas favoritas era a expressão boba

Caverna do Dragão :  Vingador Onde histórias criam vida. Descubra agora