Capítulo 37, SN NOONA POV.

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- Mãe, dá pra me explicar que porra é essa no meu telefone?

Seung entrou na sala e eu baixei meu livro calmamente. Ele foi dispensado de duas missões por causa do seu ombro e estava insuportável. Pela primeira vez me sentia mãe de um aborrecente.

- Você gostaria de reformular essa frase?

Olhei séria pro meu filho que respirou fundo e sentou perto de mim.

- Mãe, você clonou meu telefone?

Ele falou com sua voz mais calma. E eu coloquei o livro no colo.

- Claro que não! Isso é um localizador.

- Mãe você não pode ficar seguindo os meus passos.

- Como não? E se você cair numa emboscada? Não se lembra de todos os programas que assistimos no decorrer da sua infância?

Eu criei uma rotina com Seung pra tentar ajudar na sua psicopatia. Foram incontáveis ursos de pelúcia que perderam suas cabeças, e muitas horas assistindo documentários ligados a todos os tipos de crimes.

- Sim, eu me lembro. Mas agora eu sou um homem e não preciso mais de tantos cuidados.

- Seung, eu sempre vou respeitar a opinião de vocês e você sabe disso. Mas eu gostaria de te lembrar que somos um time, ou você resolveu me rebaixar de companheira de time pra mãe que fica em casa aflita?

Os olhos do meu filho ficaram suaves, ele sabia que não era uma chantagem emocional, eu não precisava disso.

- Mãe, eu entendo você . Mas tem lugares que eu preciso ir sozinho.

- Ah garoto! Você acha mesmo que eu não sei, ou que vou fingir que não sei, que você frequenta o bordel? É com isso que você tá preocupado?

Ele tirou os olhos dos meus.

- Amor eu já sei que você tem uma vida sexual ativa, e tá tudo bem. Se o maldito do seu pai estivesse vivo , talvez você já fosse "homem" enquanto era até criança.

Tremi só de pensar no que seria de nós se aquele desgraçado não estivesse queimando no inferno. Claro que eu sabia que 14 anos era precoce, mas meu filho já fazia coisas bem piores, e nós somos o que somos. Respirei fundo e continuei:

- Não falo, ou falei sobre isso , porque se fosse algo que você quisesse compartilhar teria feito, mas eu sei. Olha, isso só me dá sua localização, não é uma câmera escondida que eu vou acionar e comer pipoca assistindo o que você está fazendo. Mas se você não se sente à vontade, nós removemos dos nossos celulares.

Ele me olhou surpreso.

- Mãe , eu ...

- Você achou que eu não ia perceber? Garoto, eu cresci nas periferias do Brasil. Você acha mesmo que eu não perceberia algo diferente no meu celular, no meu carro , na minha bolsa favorita...

Ele veio e sentou perto de mim, e eu passei meu braço por seus ombros com cuidado.

- Mãe, você é muito sinistra.

- Obrigada amor.

Sorrimos juntos.

- Então , o que vai ser? Removemos todos os nossos localizadores?

- Tudo ou nada mais uma vez?

- Tudo ou nada sempre.

Falei sério dessa vez, e ele assentiu.

- Não vou pedir que você prometa que não vai remover, mas se você for remover apenas me avise .

- Eu não pretendo remover mãe .

Paixão perigosa. Onde histórias criam vida. Descubra agora