Paixão perigosa.

Capítulo 43, Jungkook POV.

Saí do quarto da Noona e segui pra minha ala completamente desnorteado. Entrei no meu quarto e fechei a porta com força.

- MERDA, MERDA, MERDA!

Soquei a porta do guarda roupas uma, duas, três, na quarta vez todos os pontos do meu ombro abriram, e o sangue espirrou.

Lembranças do sangue da Noona escorrendo e pingando no chão aumentaram minha ira, e então eu surtei.

Quebrei tudo que estava à minha vista, com chutes e socos . Abri a tela do abajur com minhas mãos fazendo meus dedos sem unhas sangrarem, e assim meus irmãos me encontraram. Eu lutei contra os dois enquanto tentavam me controlar.

- CALMA PORRA!

Eu ouvia Jimin gritando, mas eu estava longe demais pra concordar. Me jogando no chão e me segurando com força, os dois finalmente conseguiram me conter.

- Eu vou te aplicar um calmante se você ainda se mexer.

Os olhos frios de Suga entraram em foco pra mim, e eu finalmente comecei a voltar ao meu eixo.

- Me soltem! Eu já encerrei a porra do surto.

Meus irmãos olhavam entre si e de volta pra mim.

- Saiam de cima porra!

Então os dois levantaram e me ajudaram a levantar também.

- Vamos pra outro quarto enquanto Yoon pega o kit médico, esse vai ficar desativado.

Segui Jimin, e entramos em outro quarto da minha ala. Fui direto pro banheiro tentar lavar o máximo de sangue que desse, e em seguida peguei uma toalha tentando estancar o sangue do ombro. Ela estava encharcada no pouco tempo que Yoongi demorou pra chegar com o kit médico.

Sentei nu numa cadeira e ele começou a me costurar.

- Vai nos dizer que merda foi essa?

- Eu preciso de um celular pra falar com Ha-ri.

Jimin tirou o dele do bolso e me entregou. Liguei pro número de Jaehyun, uma vez que o celular de Ha-ri foi roubado. Ele atendeu prontamente:

- Capo?

- Só se os bastardos morrerem.

Ele fez silêncio por um momento.

- Onde está minha mulher?

- Vou chamá-la.

Mais um momento de silêncio. Olhei pros meus irmãos. Suga parecia concentrado no seu trabalho e Jimin me olhava com desconfiança.

- Jungkook? Meu Deus, como você está? Por favor fale com o capo e peça pra me deixar voltar pra casa pra cuidar de você .

- Calma Kitty. Estou ligando pra dizer que estou bem, hoje ainda vou comprar um novo telefone, e manteremos contato. Por enquanto precisamos ficar assim, mas assim que eu estiver mais apresentável vou pra Bangkok. Agora pare de chorar e avise ao seu irmão que arrume um quarto pra nós.

- Você promete?

- Sim, Kitty.

- Eu te amo, Jungkook!

- Só porque eu sou gostoso.

Desliguei o telefone ao som do riso dela, e pela primeira vez não pude dizer que a amava de volta.

- Então você tomou sua decisão.

Jimin me olhava e não era uma pergunta.

- É o certo a se fazer.

- Tão certo que pra comemorar você destruiu um quarto inteiro , e talvez fosse precisar de uma nova transfusão de sangue se não tivéssemos interferido.

Suga falou agora costurando o corte das costas.

- Achei que você tivesse dito que um divórcio ia pegar mal pra nossa família.

- Isso foi antes da sua mulher entregar você numa em uma emboscada. E também foi antes de saber que a SN tem sentimentos por você . Ela usou o próprio corpo pra te salvar, quando tomou banho de veneno ela já tinha premeditado que talvez fosse usar o próprio corpo como distração. Ela sangrou e sofreu por você, pra te dar a chance de sobreviver. Pensei que você retribuisse esses sentimentos.

Me encolhi com todas as verdades que meu irmão jogou na minha cara. Foi a voz dela que me trouxe de volta, pedindo que eu ficasse com ela, quando eu quase perdi os sentidos ,enquanto seu corpo era dilacerado. Ela sabia que o socorro estava vindo, ela me manteve inteiro, e eu não podia mais permitir que ela passasse por nada disso. Olhei cansando para os meus irmãos:

- É justamente por retribuir que eu vou deixá-la livre de mim. Eu não posso aceitar que ela se machuque nunca mais. Assim como não posso permitir que Ha-ri saia mais ferida dessa confusão que eu mesmo criei.

- Então você vai viver infeliz com sua mulher pra supostamente proteger as duas?

Eu seria infeliz?
Pensei em meu casamento nos últimos tempos, e como tudo desandou sem querer a gente pudesse evitar.

E então pensei em todas as experiências incríveis que vivi com a Noona, eu acho que nunca estive tão feliz como quando estive com ela. A Noona é engraçada, sagaz, inteligente e na cama? Caralho!
Mas como ela mesma disse, eu tenho uma esposa.

Uma mulher muito boa, que tinha valores e pensamentos diferentes dos meus , mas muito boa, e que não merecia estar passando por tudo isso.

- Você já terminou?

Yoon estava dando o último ponto e cortando a linha.

- Não fique na defensiva, eu apenas não entendo a lógica de ficar infeliz num casamento falido, quando pode viver bem com a mulher que ama.

Fiquei em silêncio de novo quando ele verbalizou sobre o que eu sinto.

Eu amava SN?

Ela estava em todos os meus pensamentos sempre, desde que a conheci. Ela me fazia sorrir, e me desafiava com seu jeito selvagem. Todos os momentos com ela eram maravilhosos em tantos níveis...

Hoje quando a vi sentando tão machucada, foi como uma facada no meu coração. E a forma anti romântica dela se declarar? tão parecida com algo que eu faria.
Quando ela admitiu que me ama foi como subir nas nuvens, pra depois cair de lá com a exposição da minha realidade enquanto homem casado.

- A Noona admitiu que me ama e eu agradeci por ela salvar minha vida. Ela nem ia falar nada, eu que insisti.

- Bom! Você é um idiota.

Jimin bateu no meu outro ombro sorrindo.

- O que você decidir vamos apoiar, mas eu acho uma burrice abrir mão da felicidade por uma mulher que, além de não combinar com você, ainda não é a que domina seu coração podre. E olha que nem sou o gênio da lógica daqui.

Jimin falou e saiu, Suga foi com ele e eu fiquei sozinho com os meus pensamentos.

O rosto da SN era tudo que havia ali pra mim. Seu cabelo molhado e rosto sem maquiagem eram tão bonitos, eu devia ter feito um carinho, devia ter dito que a amava também, devia ter pedido pra beijar seus machucados pra sarar mais rápido.

Eu fiz tudo errado mais uma vez e isso tava me consumindo.

Fechei meus olhos com força, e tentei pensar na vida sem a família Lee, uma vez que escolhi Ha-ri. Nesse momento experimentei uma dor muito maior que a dos meus machucados.