☼ | Cê parece um anjo.

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[...]

O seu último expediente já havia se encerrado, e nesse momento, o semblante de concentração estava estampado no rosto de Verônica, ansiando para finalmente poder ir embora depois de um dia cansativo em seus múltiplos trabalhos.

O ambiente do bar encontrava-se silencioso e deserto, desprovido da presença de qualquer cliente. O relógio já apontava onze horas, indicando o encerramento das atividades, pois aquele estabelecimento não costumava estender seu funcionamento por longas horas.

Ao terminar de organizar as coisas, Verônica se despediu educadamente do dono do bar, agradecendo pelo espaço e pela oportunidade de tocar em um estabelecimento tão lindo e aconchegante como aquele. 

Verônica caminhou com passos lentos até a porta do bar e, ao sair, respirou fundo, sentindo o ar fresco do lado de fora. Estando ao lado exterior do estabelecimento, avistou a loira que havia lhe encarado durante toda a sua apresentação, sentada serenamente em um banco no calçadão, próximo ao mar. Ela notou a expressão preocupada em seu rosto e, por pura educação, decidiu se aproximar para saber o que ela estava acontecendo.

— E aí, loira. — Chegou perto, cruzando os braços enquanto apoiava uma de suas pernas no banco que Anita estava sentada.

— Além de flertar com clientes, você canta também? — Perguntou, desviando o olhar quando emitiu um riso abafado.

— É só uma renda extra, morou? — Lançou uma piscadela. A loira assentiu serenamente a cabeça em concordância enquanto admirava as ondas, que estavam mais adiante. — Tá curtindo a brisa do mar sozinha, é?

— Gosto do mar, a brisa suave aquieta a minha alma.

— Cê parece bem quietinha pra mim, não tá suando frio, não tá tensa... o mar já te aquietou?

— Ainda não. Ele não costuma demorar, sabe? Mas já tem um tempo que eu tenho vindo aqui para me aquietar e não tem funcionado.

— Entendi. — Ainda de pé com os braços cruzados, virou-se e encarou o mar, assentindo em concordância.

Anita, com um leve traço de hesitação, lançou um olhar de canto na direção da morena, cuidando para que sua observação passasse despercebida por Verônica, que mantinha seu olhar fixo no mar, perdida em pensamentos, enquanto apenas o barulho das ondas se faziam presentes no ambiente.

E, naquele momento silêncio, diante da imensidão do mar. Ambas estão navegando em seus próprios pensamentos, seus olhares perdidos no horizonte azul, o suave som das ondas quebrando na praia as evolve em um linha de calor, e um sentimento de paz e admiração preenche o ar.

Não há necessidade de palavras, pois a presença uma da outra e a calmaria do mar falam por si só.

— Posso me aquietar com você? — O silêncio foi quebrado com a pergunta repentina feita pela morena, que, antes de receber uma resposta, sentou-se ao lado da loira.

— Por que você quer se aquietar? Cê tá bem?

— Preciso aquietar meu coração. - Levantou a sua mão, colocando-a serenamente sob o meio de seus seios. - Tá acelerado. E eu acho que é por sua causa, loira... — Esboçou uma expressão seriamente dramática, enquanto Anita ria de cada palavra que saia da boca de Verônica.

Com os olhos fechados, Anita emitiu um riso levemente calorento enquanto balançava a cabeça em negação ao que havia acabado de ouvir.

Sol loiro ✶ VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora