☼ | Efeitos colaterais.

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Dia seguinte.

No estúdio, a atmosfera é carregada luzes e flashes. Enquanto Anita posa para as fotos, sua mente divaga, ainda ecoando os acontecimentos da noite anterior.

Os toques, o roçar dos lábios molhados de Verônica contra os seus, a respiração ofegante... tudo se reprisava em sua mente.

Igual ao sonho, porém, real.

Anita até tentava manter o foco profissional, mas as memórias do beijo de Verônica persistem em sua mente, como flashes intermitentes que ameaçam distraí-la durante o ensaio.

Enquanto a equipe de fotografia ajusta as luzes e direciona suas instruções, Anita se vê em uma batalha para esconder as emoções tumultuadas que se agitava dentro dela. Cada vez que ela fazia uma pausa entre as poses, sua mente volta àquele momento, revivendo as sensações do toque suave dos lábios de Verônica contra os seus.

E era evidente o quão ausente ela estava. Tipo, sua pele e seus ossos estavam ali. Mas sua alma e o seu coração não estavam.

— Ô, Anita! — Chamou Glória, a fotógrafa e também, a melhor amiga de Anita. — Cê tá muito esquisita hoje. Cadê a sua leveza, mulher?

Anita tenta desviar o pensamento, concentrando-se nas instruções da fotógrafa, mas é difícil ignorar a turbulência emocional que estava te consumindo aos pouquinhos.

— Ai, Glória. Você nem imagina... — Suspirou

— Imagino mesmo não, por isso tu vai me contar tudinho agora! — Exigiu, com um tom brincalhão.

Anita se aproximou da mulher, demonstrando que o que ela iria dizer era algo secreto e não poderia ser ouvido por muita gente

— Sabe a Verônica? — Sussurrou no ouvido de Glória, que até então, franziu o cenho, tentando se lembrar de quem era Verônica. Anita notou a sua dificuldade para se lembrar, então falou com mais clareza. — A que me me mandou flores. — Glória assentiu em concordância assim que se lembrou da mulher.

— Ah, sei. Por que? — perguntou, sem dar muita moral

— A gente se beijou. — Sussurou no ouvido de Gloria, que arregalou os olhos em uma mistura de espanto e surpresa.

— Mentira?! — Indagou alto, com uma entonação surpresa. Fazendo alguns que estavam presentes ali, se virassem e encarassem as duas.

— Não grita!

— Caralho... mas como foi pra acontecer?

Anita suspirou, tomando a última gota de coragem que ainda havia em seu interior, e então, falou
— Olha, eu tinha ido almoçar com a família dela no domingo, e aí...

— Pera, pera aí... você foi almoçar na casa dela, com a família dela? - Glória repetiu, tentando processar essa informação.

— Sim, por que? - Anita assentiu, sua expressão misturando uma espécie de excitação nervosa e uma timidez incomum

— Nada não, continua. - Glória arqueou uma sobrancelha, ainda incrédula, mas também sentindo uma pontada de curiosidade.

Anita respirou fundo, como se estivesse revivendo aquele momento em sua mente. — Bom, teve um momento em que ela queria me mostrar para a mãe dela, sabe? — Anita iria continuar, mas Glória a interrompeu novamente

— Você conheceu a mãe dela? — Glória franziu o cenho com os olhos apertados, tentando ligar os pontinhos que, estranhamente, soavam de um jeito engraçado para a fotógrafa. — Vish... — riu irônica, balançando a cabeça.

Sol loiro ✶ VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora