Nunca havia se passado pela cabeça de Verônica que Anita se tornaria a sua primeira visão ao abrir os olhos pela manhã.Verônica nunca nem sequer havia cogitado a possibilidade de mergulhar no vasto oceano de Anita.
Seus pensamentos a definiam, e eles ainda divagavam nos acontecimentos passados... Verônica podia sentir o gosto salgado de Anita tatuado no céu da sua boca, como se Anita estivesse fundida a ela, como se estivesse presa. Mesmo longe, mesmo distante, uma só carne eram elas. Seus corações batiam em uníssono, seus sentimentos valsavam juntos em uma melodia suave.
O quarto estava claro, as luzes do sol refletiam através da janela de vidro, coberta por apenas uma persiana entreaberta. Antes era meio dificultoso poder notar os detalhes do quarto de Anita devido o escuro, mas agora, com a claridade do dia, Verônica podia notar que havia um pedacinho da Berlinger que ela ainda não conhecia: uma fanática por livros.
Em uma parede, havia uma prateleira com cerca de cinquenta livros, ou talvez até mais. Entre eles, encontravam-se obras de renomados autores da literatura brasileira, como Clarice Lispector, Vinícius de Moraes, e não apenas autores brasileiros, mas muitos outros também.
Ao lado, várias telas tomavam conta do espaço branco. Neles haviam alguns contornos azuis, uns esboços... Verônica não conseguiu decifrar muito bem, mas achou bonito.
No canto do quarto, era possível notar uma estante. O espaço estava ocupado por múltiplas câmeras fotográficas, tanto modernas quanto analógicas.
Anita estava encolhida nos braços de Verônica, igual um gatinho. Aconchegada contra o peito da morena, ela se sentia protegida enquanto os dedos de Verônica acariciavam suavemente a sua cintura, em um gesto íntimo e afetuoso, fazendo um calor reconfortante se espalhava por todo o seu corpo.
Verônica observava com admiração os fios loiros que caíam sobre a testa de Anita, desde a suave respiração que escapava de sua boca entreaberta e roçava em seu pescoço, até os traços bem definidos de seu rosto, como se fosse apenas um esboço da obra de arte que ela seria ao acordar.
Foi quando a loira coçou os olhos e deixou um bocejo escapar de seus lábios, que Verônica percebeu que ela estava prestes a acordar.
— Bom dia, loira. — Verônica sussurrou, observando a loira esticar o seu corpo como um gato.
— Bom dia, Verô... — Ela se virou, espreguiçando-se na cama e esticando o corpo por completo.
Era inegável que Verônica já havia reparado o quão lindo era o corpo de Anita. Os olhos da morena percorriam cada curva, cada linha suave, como se estivessem traçando uma obra de arte viva, ela observava suas pernas, que eram grossas e definidas, seus braços, que não eram musculosos, mas também tinham uma definição notável, a sua cintura, que era absurdamente fina, e o seu abdômen, que parecia ter sido esculpido por algum artista grego.
Grego.
As palavras em grego sussurradas por Anita ainda ecoavam na cabeça de Verônica.
Quando Anita sussurrara aquelas palavras em grego, "Se thélo", Verônica sentiu uma faísca de desejo arder dentro de si, uma chama que ameaçava consumir todas as suas defesas. Aquelas palavras, tão simples e tão carregadas de significado, ecoavam em sua mente como um convite para explorar mais campos harmônicos.
Verônica não entendia completamente o encanto que sentia por Anita, mas aos seus olhos, Anita irradiava uma aura divina, como se fosse uma deusa grega. Seus traços são puros e os seus olhos são como faróis que guiam a candeia do seu corpo. O teu toque é como fogo, pois assim como o fogo não tem apenas uma forma, assim ela é. Assim como o fogo transforma, assim ela faz também. Assim como o fogo grita quando se põe lenha, assim ela grita também. Assim como o fogo queima, assim ela faz com a tua pele também. Assim como o fogo ilumina, assim ela te guia também.
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Sol loiro ✶ Veronita
RomansEm meio às contrastantes realidades do RJ, Anita, uma jovem de classe alta da zona sul, conhece Verônica. Enquanto enfrentam dificuldades e resistência de seus mundos, descobrem que o verdadeiro amor é capaz de superar qualquer barreira. [✶ 31.03...