Sexta-feira.
Ao cair da tarde, Veronica encerrava o seu expediente no quiosque, realizando as últimas tarefas para completar a organização. Enquanto isso, Nelson encontrava-se presente no local, jogando conversa fiada enquanto enrolava para realizar uma entrega agendada (como sempre fazia)
— Você sabia que modelo não usa sutiã? — Indagou Nelson, com os olhos arregalados, esperando uma reação similar vindo de Verônica.
— Como assim? — Arregalou os olhos, surpresa.
— Sei lá, li na revista da recepção do dentista. — Deu de ombros, enquanto abocanhava um biscoito.
— Meu Deus, ainda existem revistas? — Franziu o cenho, enquanto trancava a porta do quiosque.
— Lógico que existe. Como você acha que a sua futura namorada vive? Obviamente não é vendendo água de coco na praia, né.
— Eu preferia ter ido pra casa sem essa. — Falou, fechando a janela sanfonada do quiosque, mostrando que não iria mais ficar ali.
— Ué, cê não vai tocar hoje? — Questionou.
— Tô mó cansada essa semana, trabalhando igual a uma louca. Cê não tá vendo? — Indagou histérica, arregalando os olhos.
— Hoje ainda é sexta-feira, e esses dias foi feriado. Não descansou direito? — Perguntou de boca cheia.
— Eu teria descansado melhor se estivesse nos braços daquela loira ali. — Apontou para um painel publicitário próximo, que havia o rosto de Anita estampado junto de uma marca de creme dental. — E outra, eu já toquei em um barzinho ontem.
Nelson arregalou os olhos quando acompanhou o dedo indicador de Verônica.
— Nossa, quando foi que aquilo ali surgiu? — Perguntou surpreso.— Colocaram hoje a tarde, acho que por volta das cinco horas... por aí.
— Nossa, ela é a cara da Clarita né? — Encarou o outdoor, com os braços cruzados.
— A Clarita que é a cara dela. - Corrigiu
— Tanto faz. São foicinho de uma, foicinho de outra! — Falou dando de ombros.
Verônica riu da expressão que o rapaz usou.
— Eu chamei a Anita pra me ver tocar amanhã. — Falou, mudando de assunto.— Sério? — Verônica apenas resmungou "uhum", enquanto caminhava até a sua moto. — E aí?
— E aí o que? — Virou-se abruptamente para o rapaz.
— Vai ficar com ela? — Roçou o ombro no de Verônica, zombando-a. — Não sei porquê cê tá enrolando tanto. Namoral, se fosse a Verônica de outros tempos... fiote, não sobrava nem pra contar história!
Verônica riu, mas Nelson estava certo. Verônica não tratava Anita como tratou os seus relacionamentos passados, ela era mais cuidadosa, delicada e atenciosa.
— Cê tá vendo o que uma mulher faz na vida da gente?
— Um inferno? — Nelson respondeu com uma pergunta, rindo.
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Sol loiro ✶ Veronita
RomantizmEm meio às contrastantes realidades do RJ, Anita, uma jovem de classe alta da zona sul, conhece Verônica. Enquanto enfrentam dificuldades e resistência de seus mundos, descobrem que o verdadeiro amor é capaz de superar qualquer barreira. [✶ 31.03...