Pompeii

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Quem me conhece de verdade sabe que eu amo essa música. Ela é uma das músicas que eu mais amo na vida. Aquela que tá na prateleira. E então? E então? Por onde devemos começar? Pelos escombros ou pelos pecados?

    Chego no meu quarto depois de toda aquela baboseira de oração após oração. E mais oração... Me sento na cama humilde com um colchão humilde. Coisas chiques são só para os padres famosos. Para as freiras e monges, só sobram as migalhas da igreja. São os renegados, mesmo que sendo queridos pelas sociedade. Mas são os padres famosos que chamam as pessoas, não são? Tem o padre playboy, o padre brincalhão, o padre maromba, o padre comunista, o padre roqueiro, o padre padeiro... Tem os padres famosos seja como forem. São famosos e lotam igrejas, vendem produtos da igreja e enriquecem a igreja. Portanto, podem morar no luxo. Mas o que diz o Senhor sobre usar a palavra pra viver no luxo? Não são só os evangélicos que vivem no luxo, meu amor. Abre bem os olhinhos e vai ver que todos os cristãos seguem a mesma cartilha. Se é famoso, vive no luxo. Os que não vivem no luxo são os que não são famosos. E a verdade é que noventa e nove por cento de tudo isso, famosos ou não, todos possuem os corações pecaminosos. Alguns, bem mais pecaminosos do que as pessoas chamadas de do mundo. Alguns bem mais criminosos do que os piores bandidos que estão na cadeira da morte. Elas podem porque estão protegidos pelas asas dos anjos de meu pai. Não estão? Não são as minhas asas que estão lá, estão?
    Eu ando pelo mundo dos vivos há tantos milênios que eu nem sei contar. Há igrejas que dizem que os dinossauros foram mortos pelos demônios. Acreditem, os demônios não perderiam tempo matando dinossauros. Foi o Pai quem os matou. Já estava cansado da obra criada e resolveu fazer como os espanhóis na Cidade do México. Sabem o que os espanhóis fizeram na Cidade do México? Deixa a tia demoníaca contar uma história pequena pra vocês... Os incas tinham um império com milhões de pessoas. Não era essa titica de bosta que costumam falar, não. Eram milhões. Eram várias cidades. Mas a cidade mais conhecida foi a que eles atacaram primeiro. Precisamos falar sobre a Catalina. Quem era ela? Bom, ela era uma indígena que foi dada como oferenda para o Cortez, o chefe dos espanhóis. Ela sabia a linguagem das tribos indígenas inimigas dos astecas. E ela fez o contato entre os espanhóis e essas tribos. Por muito tempo, culpou-se Catalina pela destruição que aconteceu no que seria a Cidade do México. Os espanhóis não invadiram sozinhos. Eles juntaram milhares de povos inimigos dos astecas e invadiram em conjunto. Assim que a cidade toda foi massacrada, levantaram ali a cidade que se tornou a capital da América Espanhola. Colocaram o nome de cidade do México. Mexico era o nome que os astecas eram chamados pelos outros povos. Eles fizeram questão de colocar o nome da nova cidade de... Cidade do povo que matamos. E você pode procurar, humano querido, por aí... A Cidade do México, capital do México, tem ainda as pirâmides. E toda ela é um sítio arqueológico porque os espanhóis apenas tiraram os corpos do caminho e jogaram terram em cima de tudo o que viram pela frente. Não destruíram as pirâmides, pois elas eram grandes demais. Não valiam o tempo. Então, deixaram que a natureza cobrisse tudo. O que foi desenterrado séculos depôis. E ainda hoje se acham muitas coisas lá. Escava qualquer pedaço e acha coisa asteca. Entende o que eu estou dizendo? O Pai matou todos os dinossauros assim como os astecas da Cidade do México e jogou terra em cima. Assim como se acham coisas astecas debaixo da terra, ainda se acham os dinossauros. Mas eu te pergunto, cara abelha do meu bem querer... Quando o Pai enjoar de vocês, humanos, quem ele vai criar para colocar no lugar?
    Hum... Sinto que meus irmãos se foram... Estranho... Se foram, mas por que? Qual a motivação de seu abandono de Mon? Hum... Será uma armadilha? Eles saem e eu vou lá olhar e eles me capturam? Não sei... Vou sentir as vibrações... As emoções... Mas o que é isso? Aquelas duas se comendo de novo! Que aproveitem! A vida foi feita para aproveitar, não foi? Hum... Mon? O que Mon está fazendo? Quero ir lá ver. Os comichões... A coceira de picada de pulga. Ah... Mon... Por que eles abandonaram você? Não estão no seu quarto. Nem estão por aqui... Se foram. Pra onde?
    Irmãos... Queridos irmãos... Sabem onde foram Gabriel, Rafael e Miguel? Sabem? Me digam, por favor. Ajudem-me, por favor. Preciso de uma informação básica. Alguém? Hum? Ah, você! Você mesma! Teel! Vá atrás das informações e me traga o mais rápido possível! Agora! Obrigada, irmã...
    Mando Teel ir atrás das informações. Ela não tem mais o que fazer, mesmo. Tee gosta de ficar vagando pelo nosso lar porque é uma vagabunda. Ela também gosta de mulheres, ela... Acho que somos parecidas. Irmãs... Ela também vaga, às vezes, pelo mundo humano atrás de mulheres. Já fomos para algumas cidades juntas, em algumas vezes. Fizemos brincadeiras humanas. Uma vez, fizemos eu, ela e mais duas. Quatro! Sexo de quatro é bom, você deve saber. Se não sabe, deveria ter a experiência. De quatro é bom, posso afirmar.
   Sim?
   "Foram embora, mas voltarão."
    Hum...
    "Parece que uma força maior fez eles irem."
    Ela os expulsou?
    "Parece que sim, eles não querem falar."
    Entendo... Obrigada, irmã. Vá com...
    "Diga esse maldito nome pra você ver!"
    Ok, não vou dizer o nome dele! Estava brincando. Beijinhos... Te devo uma. Pode cobrar quando quiser. Bye...
    "Bye, bye."
    Hum... Acho que vou tentar invadir os sonhos da Mon. O máximo que eles podem é me expulsar daqui por um tempo, mas eu volto. Eles não vão vigiar ela eternamente, vão? Vale o preço da expulsão.
    Faço minha posição de meditação na cama. Fecho meus olhos e começo a adentrar os sonhos de Mon. Ela está em Milão. Anda pela cidade sorrindo e olhando as lojas. Veste roupas da moda. Elegante como só ela poderia ser. Uma roupa de grife. Acredito ser uma Valentino's. Um salto Prada... A moda italiana é a mais bela e chique do mundo. E cai nem como se fizesse parte dela desde sempre. Ela sorri com seu sorriso meigo. Ainda é a minha Mon. Essas roupas não mudam seu coração, mas a deixam mais linda. E esse perfume Versace é de matar qualquer uma. Está algo como Anne Hathaway em o Diabo Veste Prada. O diabo eu não sei, mas Mon tá vestindo e está expendida! Gata do jeito que mata qualquer uma do coração. O tipo de mulher que brilha com a roupa da moda e a maquiagem no rosto. Lei è molto bella! Façamos a mãozinha de italiano e repitamos... Lei è molto bella!
    Eu estou parada em frente à loja do Armani a olhando passar. Sorrio comigo mesma. Só de poder olhá-la já é um presente que eu ganhei. Ainda mais vendo-a sem aquela vestimenta feia e antiquada. Essa é uma Mon que eu amaria ver ao vivo e em cores. Uma garota como qualquer garota de vinte anos vestindo roupas da moda ou só sendo uma garota comum que não é dedicada ao meu pai. Ele não merece ter uma Mon só pra ele. Mas o mundo merece ter uma Mon todinha dele.
    - Sam! Você por aqui! - Ela me olha do outro lado da rua e sorri para mim.
    - Estava comprando na Armani's. Roupas muito lindas. - Eu sorrio.
    - Pra você? - Ela se mostra interessada.
    - Gosto de uns terninhos de vez em quando. - Faço aquela pose de, acho que fico bonita de terninho.
    - Imagino que fica gata. Vestiria pra eu ver? - Ela sorri mais ainda.
    - Você quer me ver? - Isso me pega desprevenida não sei porquê.
    - Claro. Mostra pra mim? - Ela continua a sorrir não parecendo nada a Mon devota que eu conheço.
    - Sim. Podemos ir... - Eu procuro pensar onde eu estou morando.
    - Venha, vamos para minha casa! - Ela me chama e eu fico de cara.
    - Tá, tudo bem... - Eu acho que acostumei demais com a Mon devota porque não tô sabendo lidar com essa.
    - Nossa, foi muito bom te ver. Ando sonhando com você todas as noites, sabia? - Ela sorri para mim.
    - É? Por que não me disse? - Pergunto.
    - Porque sinto que é pecado. Fica doendo porque eu quero dizer, mas não posso. Deus fica bravo comigo. Os anjos falaram que não posso. Falaram de novo e eu mandei eles embora. - Ela dá de ombros como se estivesse de saco cheio.
    - Você pode sonhar comigo se quiser. - Eu falo pra dar apoio e porque é verdade.
    - Eu posso, né? Não é errado. Mas tô feliz de você estar aqui. Você vai se vestir pra mim? - Ela me olha com um olhar intenso.
    - Vou. - Eu concordo.
    - Que bom! Já te imaginei sem o véu. Você tem os cabelos bonitos. - Ela sorri mais ainda.
    - Você também. - Eu também sorrio.
    - Eu te via me olhando lá das couves. Via quando você parava e me olhava. Eu gosto quando você me olha. - Ela sorri e parece mesmo feliz.
    - Gosta? - Eu fico transbordando pois sou uma demonia viadona.
    - Amo. Pode me olhar sempre, tá? Eu vou ver e amar. Assim como amei você me olhando do outro lado da rua. - Ela dá uma picadinha e eu penso que ela é uma danada.
    - Vou olhar sempre, então. - Eu sorrio.
    - Acho bom. Pois eu amo de paixão quando você me olha. Dá uma coisa dentro de mim. Mas vamos entrar. - Entramos no apartamento que surgiu do nada. Sonhos... - Não repare a bagunça. Acabei de me mudar.
    - Tá arrumadinho. - Eu olho o lugar luxuoso que ela mora e não vejo nada desarrumado.
    - Bondade sua. Mas vamos lá para meu quarto. Tem um espelho enorme lá. Aí você coloca a roupa e eu vejo. - Ela sai andando e entramos no quatro que tem as paredes brancas, mas a cama tem lençóis verdes. E tem um criado verde. As cortinas são verdes. Ela gosta de verde, né? Dizem por aí que verde é a cor sapatão. Será que ela sabe disso?
    - Belo quarto. - Eu sorrio.
    - Sim, obrigada. Vou sair e você se troca. Me chama quando terminar. - Ela sai e me deixa no meio desse quarto branco e verde com esse espelho enorme e eu pego as sacolas da minha mão. Começo a pensar que terninho eu vou usar. Um vermelho. Vermelho da cor do amor e da paixão que eu sinto por ela. Acho que ela vai gostar. Uma camisete branca por baixo, meio aberta, não muito, mas um pouco. Os saltos altos e finos vermelhos. Isso! Imagino e a roupa aparece no meu corpo.
    - Já estou pronta. - Eu chamo e ela entra no quarto como se estivesse esperando na porta.
    - Uau, meu pai amado! Que glória divina! - Ela me olha de cima embaixo.
    - Não diga isso de mim. - Eu gosto do elogio, mas não gosto de ser chamada disso.
    - O que? Como posso dizer? - Ela me olha sem entender.
    - Nada relacionado ao seu senhor. - Eu suspiro.
    - Hum... Deixa eu pensar... Já sei! Uau, que gata gostosa, posso te chamar pra tomar banho comigo? - Ela me olha com uma cara de sapeca que eu não sei de onde surgiu.
    - Claro. - Negar que eu não vou, né?
    - Então posso tirar sua roupa. Pedi pra ver, pra poder tirar. - Ela sorri de lado e eu penso onde está aquela devota? Nós sonhos, as pessoas são tudo né?
    - Vai tirar aqui ou no banheiro? - Também não vou me fazer de devota se ela quer aprontar.
    - Hum... Podemos começar tirando aqui e ir para o banheiro. - Ela aproxima e começa a desabotoar meu terninho.
    - Ah... E eu posso tirar esse seu vestido? - Eu pergunto no mesmo tom.
    - Faz assim, eu tiro tudo e depois você tira também. Combinado? - Ela está com uma voz de quero te comer que meu Lúcifer!
    - Hum... Acho uma boa ideia. - Eu digo e sinto ela se aproximar mais, olhando meus olhos, enquanto desabotoa o resto do terninho. 

    Então, ela puxa ele para sair e eu deixo ela retirar. Ela não para de me olhar nos olhos. Começa a desabotoar a camiseta como se já tivesse feito isso milhões de vezes. Aqueles dedos da experiência lésbica. Eu fico, oh Lúcifer, como eu não conheci essa mulher antes? Devota por fora e safada por dentro? Por isso meu pai não me deixava chegar perto! Por isso, ele mandou os anjos mais poderosos. Ela é do jeito que eu amo. Eu deveria saber porque não resisti! As linhas invisíveis, eu já disse. Ela olha para baixo assim que retira o camisete e faz uma cara.
       - É, do jeito que eu imaginei que seria. - Ela sorri de uma forma e eu olho para baixo. Vejo que estou com um sutiã bem do rendado e vermelho vinho. Acho que o vinho que ela quer beber é outro.
    - Gosta? - Pergunto porque né...
    - Amo. - E desce a mão até o botão da minha calça, o abrindo e puxando o zíper pra baixo de uma vez sem deixar de me olhar nos olhos. O que me deixa com as partes pulsando de fogo. Essa Mon vai me matar.
    E sem que eu fale nada, ela abaixa minha calça de uma vez só. Se levanta de uma forma me olhando com aquele olhar dela. Uma atacante nata. Uma atacante nata mesmo! Ai... Ui... Eu quero pegar ela de jeito, mas o sonho é dela. Eu tô deixando ela fazer o que quer comigo. Deixando ela realizar a fantasia dela comigo. Eu já disse que nós fazemos isso algumas vezes. Só deixamos rolar. Mas eu tô pulsando e demônios amam o sexo nos sonhos. Lembra, incubus e succubus.
     - Pode tirar a minha agora. - Ela sorri um sorrisinho de caralho!
     Eu não falo nada, não vou agarrar ela, mas ela vai se ver comigo. Eu pego nas alças finas no vestido dela. Pego olhando os olhos dela. Antes de puxar, eu vou e sinto bem de perto o cheiro do perfume dela. Versace! Amo Versace! Fecho os olhos e aspiro profundamente o pescoço dela. Sinto que ela arrepia. Isso é muito bom. Gosto assim. Arrepiadinha! E quando eu vou olhar nos olhos dela e descer o vestido dela, ela me puxa e me beija. Assim, puxa pelo meu pescoço e me beija. Sinto a língua dela entrar pelos meus lábios. Isso faz acontecer aquele arrepio na barriga, sabe? Eu vou e retribuo colocando a minha língua na dela. É um beijo delicioso. Seria muito melhor se fosse real e não um sonho. Mas existem sonhos que são reais, não são?
      Ela começa a me empurrar e eu me deixo ser empurrada. Abro os olhos um pouquinho enquanto beijo ela. Vejo que estamos num corredor. Acho que ela está me levando para o banheiro. É, é... A gente entra e ela se afasta de mim. Não por completo. Ela volta e dá um selinho na minha boca e se vira.
     - Vou ligar a água e podemos tirar a roupa antes do banho. - Ela começa a abrir a água.
     - Tá... - Eu concordo e começo a tirar meus saltos com o pensamento porque não vou abaixar.
     - Não vai tirar meu vestido? - Ela se levanta e me olha com a sobrancelha levantada.
     - Vou. - Eu falo com tranquilidade e vou retirar o vestido.
     Puxo com a ponta dos dedos e deixo ele deslizar para baixo, enquanto olho ela nos olhos. Ela vem e me dá um selinho e eu termino de puxar, deixando ele cair no chão. Me levanto e puxo ela. Beijo ela do jeitinho que eu sonhei todo esse tempo. Um beijo caloroso e amoroso. Puxo ela pela cintura e beijamos mais profundamente. Encosto ela na parede. Se é pra realizar o sonho, então vamos realizar o das duas. Solto o sutiã dela. Ela se afasta do beijo e deixa ele cair no chão. Depois, solta o meu e eu deixo ele cair também. E nos beijamos mais uma vez. O beijo dura até ela se afastar suspirando.
     - Vamos para o banho. - Ela fala num sussurro entre nossos lábios.
     - Sim. - Eu concordo em outro sussurro e me afasto.
     Tiramos nossas calcinhas e ela entra na banheira primeiro. Ela não me olha nua. E eu não olho o corpo dela. Se ela me respeita nisso, vou respeitar igual. Então, entro na banheira de frente pra ela. Ela faz que não com a cabeça e bate a mão na água indicando o colo dela. Eu sorrio e me levanto. Vou e me sento no meio das pernas dela. Ela me abraça por trás e dá um beijinho na minha nuca.
    - Não quero acordar. - Ela fala com uma voz tão de... Sabe?
    - Também não. - Eu suspiro.
    - Você me lembra? - Ela fala.
    - De que? - Eu pergunto.
    - Disso tudo. - Ela me abraça mais forte.
    - Se você deixar, sim. - Eu concordo porque sei que ela sabe que isso é um sonho. Esse é aquele tipo de sonho que o humano sabe que é sonho e não quer acordar.
    - Eu vou. Me lembra, Sam. Não me deixa. - Ela encosta a cabeça nas minhas costas e suspira.
    - Não vou. - Eu fecho os olhos e sinto quando meus irmãos retornam. Chegou minha hora de partir daqui. - Obrigada por sonhar comigo. Eu amo você.
      Não espero a resposta dela. Apenas deixo o sonho se desfazer, enquanto volto para meu quarto. Eu não estou triste. Eu estou tão feliz que poderia gritar meu amor para todos ouvirem. Eu amo essa mulher! Ela é a mulher dos meus sonhos! Acho que sou a dos dela também. Não sou?

Eu disse que não ia ter putaria aqui, mas deu vontade, bb. Fiz. Afinal, é o que liberta, não é? Por isso, a religião cristã odeia tanto o sexo por amor e pelo prazer da carne.

False GodOnde histórias criam vida. Descubra agora