- Sei que anseias por mais, e eu também te desejo com todo o meu fervor desde a primeira vez que te vi há algumas semanas, Jeon. - Confessava para mim com sua voz carregada de sinceridade.
- Eu sou a sua paixão de que falou mais cedo? Não brinque comigo, estou vulnerável a você. - Pergunto-lhe buscando clareza em meio à confusão.
- Sim, és você. Não estou brincando contigo, eu não seria capaz. - Jimin faz carícias em meu rosto com delicadeza, enquanto sua fragrância leve me envolve, tão refrescante quanto seu hálito. - Eu não imaginava que um dia estaríamos aqui, nos beijando. Estou feliz.
Vejo seu sorriso radiante, seus olhos se fecham à medida que a felicidade cresce nele. Mas não posso dizer que estou completamente bem; não estamos compartilhando dos mesmos sentimentos. Fico envolto em um nevoeiro de tensão e me afasto de seus toques ardentes.
- Desculpe. Estou me precipitando, não se assuste.
- Como não posso ter receio, Jimin? Meus pais, eles vão me odiar. Não posso recusar Ji Eun; em breve serei o marido dela e talvez pai de seus filhos. A sociedade iria repugnar com todo vigor o que acabamos de fazer. Não está certo! É tudo uma confusão, somos dois... - Começo a explicar, lutando contra as palavras presas na garganta.
- Homens, Jungkook. Qual é o problema? Não devemos ficar presos a este mundo preconceituoso. Sinto que estou a gostar de ti, e sei que sentes o mesmo. Desista deste casamento, se não fizer isso, irá se arrepender amargamente. Mesmo que não estejas disposto a me amar, estou te pedindo, não faça isso consigo mesmo. É estúpido, é óbvio que não a ama. - Seu argumentos eram firmes.
- Isso pode mudar, me desculpe, mas não posso fazer isso. Se não for pedir muito, preciso que fiques longe. - Finalizo, deixando escapar um suspiro pesado, consciente das escolhas difíceis que terei que fazer, mesmo conta minha vontade.
- Não irei invadir seu espaço, mas não posso prometer que irei me conter sempre, pois estarei ao seu dispor e irei esperar que enxergue com clareza as suas próprias decisões, também não posso garantir que meus sentimentos irão desaparecer como magia. Mas faça como achar melhor, só não se arrependa. - Sua voz saia firmemente e com uma determinação avassaladora.
Ando em direção ao meu destino com um nó em minha garganta, desejando poder gritar com todas as minhas forças para ao menos sentir um pouco de alívio. Ao chegar em casa, não entro imediatamente. Fico um pouco no jardim, diante das bromélias, admirando sua beleza que muitas vezes passa despercebida em meio às rosas do deserto do canteiro oposto. Aos poucos, sinto-me calmo o suficiente para finalmente entrar na casa, ciente de que mais uma vez precisarei mentir.
A sensação de ter que esconder meus verdadeiros sentimentos é sufocante, como se estivesse preso em um labirinto de mentiras e expectativas. Eu queria poder ser honesto com minha família, compartilhar o que realmente estou passando, mas sei que isso só traria desaprovação e conflito sem fim. Então, mais uma vez, escolho o caminho da falsidade, da representação de um papel que não me pertence, nem ao menos me reconheço mais.Temo perder minha identidade, pois nunca me vi acorrentado em duas dimensões tão completamente diferentes uma da outra. Não sei para onde seguir, estou perdido e desesperado. É como se estivesse dividido em pedaços, tentando conciliar quem sou com quem os outros esperam que eu seja, és doloroso.
À medida que adentro a casa, a tensão parece se intensificar. Cada passo que dou é um passo mais fundo na teia de mentiras que construí ao meu redor. É exaustivo, desgastante, mas é a única forma que encontrei de manter as aparências e evitar confrontos indesejados. Percebo que o meu lar intocável estava desmoronando como um castelo de areia conforme as ondas vinham.
Desta vez, minha mãe e meu pai estavam juntos na sala de estar, pela qual eu tinha que passar para chegar ao meu quarto.
- Onde esteve? Sabe que horas são? - Minha mãe perguntava com frieza e reprovação.
- E-eu tive que ficar organizando alguns livros e perdi o horário. - Sentia que meus argumentos não a convenciam.
- Não seja tão dura com o garoto, senhora Jeon. Aposto que estava com uma garota, sabes que não precisa omitir isso para o seu velho pai. - Meu progenitor interveio com um tom mais brando.
- Eu só estava arrumando os livros, mesmo.
- Está bem, mas garanta que a Ji Eun não descubra. Preciso manter um relacionamento saudável com ela. - Meu pai concluiu, apenas preocupado com as aparências e negócios, agora vejo com precisão era tudo por dinheiro, eu era apenas sua moeda de troca.
- Tudo bem, pai. Posso ir para meu quarto? - Pedi, ansioso para escapar daquele interrogatório e do peso das mentiras que me sufocavam.
Meu pedido foi concedido, e eu precisava esquecer de tudo, nem que fosse por um breve momento. Arrumei minha agenda de estudos e me vi limpando meu quarto e a vasta estante de livros empoeirados. Mas mesmo com várias tarefas a serem feitas, meus pensamentos não se dispersavam. Estou enlouquecendo aos poucos, talvez lentamente. Todo esforço para esquecer estava sendo inútil, e me questiono se estou destinado a viver desta forma até os meus últimos dias de vida. Mas, apesar de todos os acontecimentos, não estou disposto a mudar, e nem ao menos posso fazer essa mudança por medo e uma pura covardia que me consome, como se sempre habitasse em mim desde o dia do meu nascimento.
- Jimin, você não passará apenas de uma lembrança estupidamente boba. - Sussurro para mim mesmo, buscando um pouco de conforto em meio à turbulência que me encontro.
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AO SEU DISPOR
RomanceUma história que talvez não possa ser publicada, porém promete ser algo diferente; um mistério envolto completamente em sangue, suor e lágrimas.