Me despeço de Jimin diante do portão com um breve aperto de mão e o vejo seguir o seu caminho, em passos lentos ultrapasso o jardim que continhas flores de mais diversas tipos, este jardim costuma ser o meu refúgio em noites que não consigo dormir por conta de terríveis insônias ou pesadelos que não consigo decifrar, saio sem permissão, fazendo uma culpa me corroer, mas seu aroma é agradável para qualquer um que passasse ou vislumbrasse aquele pequeno paraíso.Meu olhar prende-se às cortinas brancas que sopravam pela janela, dando-me a visão da minha progenitora a me olhar com uma expressão indecifrável. Aquilo era um aviso para que eu entrasse para casa o quanto antes.
Tiro os sapatos cheios de poeira, deixando-os no batente da porta como de costume, sinto o amadeirado assoalho frio em meus pés, atravesso a sala chegando próximo a ela que estava diante de mim, dirigia-me com seu duro olhar, ela sempre me olhava desta forma quando fazia coisa errada. Meu coração estava pulsando freneticamente, o medo de ser repreendido me invadia com toda intensidade, mas nada foi dito até que eu a questionasse.
- A senhora precisa de algo?
- Preciso que chegue no horário, porque a demora e quem era aquele garoto?
- Eu tive que ficar mais um pouco pra organizar alguns livros, é só um colega de classe.
- Vai para o teu quarto e fica lá até o jantar e esteja apresentável teremos visitas.
- Tudo bem. - Ando em direção ao quarto, ainda com a pulsação agitada, ouço sua voz.
- Jungkook, não me faças passar vergonha no jantar, as pessoas que irão estar presentes esta noite são da alta elite.
Assinto como se fosse nada demais, mas aquelas palavras me destroçavam por dentro, chegando a me corroer, não sei explicar com as palavras mais exatas, algo de diferente pairava sobre minha família, me pergunto se sempre foi desta forma, mesmo estando preso a tudo isto, me sinto puro e o mais inocente dos jovens quando estou no lar paterno.
As horas passavam de acordo com o ponteiro do meu relógio de pulso, estava terminando de ajeitar a gola do meu suéter azul, quando batidas são desferidas na porta, meu pai anunciava a sua entrada.
- Estás pronto? Hoje é um grande dia, Jungkook.
- Sim, papai. Por que é um grande dia? Desculpa, as pessoas desse jantar são importantes, a mamãe me disse isto mais cedo.
- Aposto que ela não te contou tudo.
- O que eu deveria saber?
- Jungkook, já estás crescido, logo irás para a Universidade e adquirir mais conhecimento. Mas sabes a importância de construir uma boa família?
- Sim.
- Hoje conhecerás uma bela moça e se tudo der certo será a tua prometida.
Meu coração apertava por conta do receio da situação, era algo novo ao qual eu não estou habituado, fito os meus sapatos e antes de dizer o que o meu pai gostaria de ouvir.
- Estou ansioso para conhecê-la.
Ele dá algumas batidinhas no meu ombro e me puxa consigo para a sala de estar, onde nos esperavam. De fato, a garota era linda como uma miragem em um deserto escaldante. Ela carregava consigo uma delicadeza estonteante, me sinto incomodado em sua presença por certa timidez.
Sua beleza tinha me cativado sem dúvidas, mas ao pensar em ter uma vida inteira ao seu lado me amedrontava, não é o que eu quero para mim, nunca me vi sendo um cônjuge, só uma coisa se passava em minha mente: não é isso que eu quero, mas não posso ir contra a vontade dos meus progenitores.
Antes que pudéssemos jantar, meu pai me pede que eu apresente o jardim para Ji Eun, já que era uma grande admiradora de flores, seus pais não se opuseram à ideia, mas vejo que assim como eu, ela estava totalmente sem graça com a situação. A conduzo para o vasto jardim, Ji Eun fitava os seus sapatos azuis claros, assim como o seu vestido, sinto sua tensão a metros de distância.
- Não precisa ter receio, não irei te fazer mal, Alice.
Seu olhar assustado se encontra com o meu.
- Essa não é a questão, a situação é um pouco constrangedora. Acho que ouve um equívoco meu nome não é Alice. - Sua voz doce chegava aos meus ouvidos.
- Por que é constrangedor? Alice, é um bom apelido, seu vestido, lembra Alice no país das maravilhas.
- Não sei, eu nunca tive um namorado e agora os nossos pais, você sabe... És um bom livro.
- Me consideras teu namorado?
- É o que somos ou o que nossos pais querem. Não sei o que pensas em relação, me desculpa se sou um fardo.
- Como uma moça tão bonita seria um fardo? - Observo seus lindos e confusos olhos, suas bochechas tomavam uma tonalidade rosada. - Confesso que tenho medo, eu não imaginava que estaria comprometido a alguém tão cedo, mas nesse jardim às sós penso que não será ruim, mas preciso de uma concretização, pode parecer ousado, peço desculpa se eu te ofender de alguma forma, eu poderia te beijar?
A vejo assentir, mesmo que estivesse perdida em seus pensamentos.
Me aproximo lentamente, sentindo o seu cheiro doce, minha mão passeava pelo seu cabelo, ajeito a mecha do seu cabelo antes de tocar seus lábios, diferentes dos livros aos quais estou habituado a ler, meu coração não acelerou, minha mão não transpirava. Suas pequenas mãos me empurram, me afastando de si com rispidez.
- Me desculpe, eu não quis fazer isso, eu não sei o que deu em mim.
- Estás tudo bem, Ji Eun.
- É o teu primeiro beijo?
- Sim, foi muito ruim?
- Não! Não foi ruim, Jungkook.
Ji Eun discretamente tocava em seus lábios, como se estivesse diante de uma nova descoberta. A expressão em seu rosto misturava surpresa e curiosidade, como se eu fosse um enigma que ela estivesse tentando desvendar. Meu ego gostava disso, a sensação de ter despertado o amor de Ji Eun, mesmo que eu soubesse que não correspondia da mesma forma. No entanto, meus sentimentos continuavam os mesmos, uma mistura confusa de culpa e desconforto. Eu me senti perverso por brincar com os sentimentos da pobre moça, sabendo que era apenas um jogo que não poderia ser revertido. Mesmo assim, estranhamente, isso aliviou algo dentro de mim.
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AO SEU DISPOR
RomansaUma história que talvez não possa ser publicada, porém promete ser algo diferente; um mistério envolto completamente em sangue, suor e lágrimas.