A viagem estava a ser bastante rápida. A rádio ia no máximo. Quando dei por mim ia a cantar em plenos pulmões, acompanhada do professor Stanley. De repente, ele baixa o som da música e mete conversa comigo, com um sorriso no rosto.
- Então Charlotte, conduzo bem? - Pergunta, atrevidamente.
- Sim professor Stanley. - Digo eu, um pouco envergonhada.
- Não me chames professor na viagem, - pede carinhosamente - durante este fim de semana seremos amigos, deixa a formalidade de professor para as aulas.
Eu não respondo, apenas esboço um leve sorriso. Stanley faz-me sentir menos culpada do que professor Stanley. Como é possível eu sentir-me atraída por um professor? Como é possível ele invadir todos os meus sonhos? Como é possível fazer-me sorrir quando o vejo passar pelos corredores da escola? Não me consigo responder.
Reparando no meu ar pensativo, o professor Stanley, ou simplesmente Stanley, perguntou:
- Então Charlotte, estás muito pensativa. O que se passa?
- Nada, nada... - respondo logo.
- Ai ai, estás apaixonada Charlotte? Parece...
AI MEU DEUS? O QUE? Esta pergunta deixou-me envergonhada. Parece que leu os meus pensamentos.
- Charlotte? Estás apaixonada e não me contaste?!? Achas bem? Agora vou parar e deixo-te aqui. - e quando acaba de dizer a frase faz uma manobra e encosta o carro à berma da estrada.
- Não, não estou apaixonada. Estou a pensar no que está a acontecer, nem acredito que os vou ver. - invento eu, muito corada.
- Hm, ok Charlotte. - olha profundamente para os meus olhos e continua - Sabes que és linda? Por isso duvido que não namores.
Fiquei sem reação. Ele elogiou-me? A mim? Charlotte Hart? Esbocei um enorme sorriso, sorriso ao qual ele respondeu com outro sorriso. Voltamos para a estrada, ambos super sorridentes.
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Eram perto das 16 horas quando chegamos ao Porto. A viagem tinha sido longa, mas agradável. Fomos diretos ao hotel, para deixar as malas. Iríamos partilhar o quarto, mas dormiríamos em camas separadas. Era o único quarto livre neste hotel. Eu peguei nas coisas e arrumei no pequeno armário que havia. Ele fez o mesmo. Meia hora depois estávamos a sair do hotel. Estava um dia cinzento. Umas nuvens preenchiam o céu. Fomos passear pela cidade, antes de irmos até ao concerto.
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O concerto estava a ser espetacular. A música, o ambiente, a companhia... Stanley tivera os últimos vinte minutos a sorrir para mim. Estávamos ambos super contentes. Houve um pequeno intervalo, intervalo esse que aproveitámos para ir comprar algo para beber. Eu bebi o meu ice tea de limão e ele bebeu um de pêssego. Conversámos imenso nos vinte minutos que demorou o intervalo. Os seus olhos fixavam os meus. Eu só pensava no quanto aquele homem, meu professor, me fazia ir à lua somente com a sua presença. Stanley abraçou-me. Eu abracei-o. Perdi um pouco a noção do tempo. A sua essência chegou-me às narinas. O mesmo perfume de sempre. A música começou a tocar. A minha música preferida. No exato momento em que a música começa a tocar, ele beija-me. Não tive bem noção do que estava a acontecer, apenas deixei-me levar. Foi, sem dúvida, o melhor beijo de sempre. Os seus lábios suaves em contacto com os meus, sua língua em movimento com a minha. Tudo foi mágico. Quando acabou, Stanley olhou para mim e pediu desculpa.
- Desculpa Charlotte, não sei o que me deu... - diz, fugindo com o seu olhar para o horizonte.
- Não faz mal... - respondo, em vez do "eu gostei" que não consegui dizer.
O concerto acabou. O ambiente entre mim e Stanley estava muito estranho. Fomos comer um gelado e fomos diretos ao hotel, pois já se fazia tarde. Cada um vestiu o seu pijama e foi para a sua cama. Faltando o sono a ambos, fomos ver um filme. Contudo, a televisão mal se via na minha cama. Convidou-me para me deitar na sua cama, e ele iria para a minha, para eu conseguir ver bem. Neguei. Não queria que ele abdicasse de ver televisão por minha culpa. Invés a isso, pedi se podia sentar-me junto a ele, só para ver o filme. Assim foi. Fui para a sua cama, sentei-me. O filme era um romance. Wow, que conveniente.
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15:00
Romance"Mais um ano escolar, um como os outros, até que toca para a última aula do dia. Não me apetece nada, já estou cansada e ainda agora começou a escola. Mas quando entro na sala percebo. Tudo mudará a partir daí." ____________________________________...