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  Corri pelas ruas que se anexavam à escola. Corri o mais que consegui. Não estava fugir de ninguém sem ser de mim mesma.  Corri sem rumo. Parei. Não sentia as pernas e a chuva estava mais intensa. Nem tinha reparado que estava a chover. Corri de novo, rumo a casa. Abri o portão, enfiei-me pelo jardim e ali fiquei, abrigada debaixo de uma árvore. E chorei. Chorei onde nunca tivera chorado. Pensei onde nunca tivera pensado. A chuva ficou ainda mais intensa e eu estava cada vez mais molhada. Despi as roupas que vestia e atirei-me para a piscina. Não sei porque, apenas o fiz. 

  A campainha tocou. Devia ser a minha mãe que chegava do trabalho e trazia o Mikey consigo. Não sabia as horas, portanto provavelmente estivera na piscina demasiado tempo. Nem me preocupei em ir buscar uma toalha, ia molhar a casa toda. Para grande surpresa minha era Stanley quem tivera tocado à campainha. Pois. Ele sabia onde eu morava e depois do sucedido era normal que me tentasse contactar. Mas não sabia que iria ser assim. Quando tomei consciência que estava com as minhas cuequinhas com renda e o meu sutian às bolinhas em frente à pessoa de quem gostava, em frente ao meu professor de Português, tapei-me o máximo que consegui com os braços e com as mãos. Corei. Continuava a chover. Não que a mim me fizesse diferença, já estava toda molhada, mas a Stanley devia fazer. Convidei-o a entrar. E ele entrou. Percorremos o caminho até à porta de entrada e eu esqueci-me que tinha deixado as chaves na mala. Enquanto ele ficou abrigado da chuva, à espera que eu fosse buscar as coisas que tinha deixado junto à piscina, pensei no que estava a acontecer. 

  Sequei-me em dois minutos, vesti uma roupa lavada e seca. Penteei o cabelo e prendi-o num rabo de cavalo. Quando estava pronta fui até à sala, onde o tinha deixado para me ir vestir. Estava sentado no sofá, no canto direito do sofá maior, a fixar o seu relógio. Consegui observá-lo uns segundos antes dele reparar na minha presença. Levantou-se e veio ter comigo.

  - Charlotte, podemos ir beber um café, ir jantar ou algo assim, acho que precisamos de conversar um pouco a sós. - disse, muito rapidamente, fixando o seu olhar no meu.

  Engoli em seco. Não lhe respondi de imediato. Virei-me em direcção ao móvel da televisão e agarrei no telefone de casa. Digitei, devagar, cada um dos nove números que faziam o contacto da minha mãe. Olhei rapidamente para Stanley e premi o botão para ligar. E chamou. Uma vez... Duas... Suspirei. Do outro lado da linha oiço a minha mãe. 

  - Boa tarde, quem fala?

  - Sou eu mãe.

  - Nem reparei que eras tu. Está tudo bem?

  - Sim mãe. Olha, uma amiga convidou-me para ir jantar com ela e depois irmos ao cinema, posso?

  - Sabes que amanhã tens aulas não sabes? - Disse com um tom de voz mais severo.

  - Sei mãe, mas deixa lá ir, uma vez sem exemplo. Preciso de espairecer. - Suspirei.

  - Ok. Porta-te bem. - E desligou a chamada.

  Olho para Stanley e aceno com a cabeça. Ele foi sentar-se de novo no sofá, no mesmo sítio. Fui até a mesinha da sala de estar e passei-lhe os comandos para a mão. Fui mudar de roupa. Não ia jantar com ele de leggins e com o cabelo todo nojento. Escolhi uma roupa e decidi que o melhor era tomar um duche, tirar o resto do cloro que tinha ficado na piscina desde o Verão. 


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  Stanley levou-me a um restaurante bastante acolhedor.  Fomos até à mesa mais escondida do restaurante. A mesa ficava protegida por paredes, só quem vinha  da mesa ao lado nos conseguia ver. Mas, felizmente, era um dia de semana e poucas eras as pessoas que estavam naquele restaurante. Sentei-me em frente a ele. Cruzei as pernas, como a minha mãe sempre me ensinou a fazer quando estava de vestido. Estava com o meu vestido preto, uns botins e uma mala simples. Nada de mais. Stanley estava com umas calças pretas e uma camisola cinzenta, tal e qual como estava horas atrás, na aula. 

  O jantar estava muito bom. Comemos ambos salmão acompanhado de legumes salteados. Conversamos entre cada dentada. Falamos, pela primeira vez, do que tinha acontecido. Do que tínhamos sentido, do que deveríamos fazer. Eu gostava dele e ele de mim. Era errado. Mas era tarde de mais para voltar atrás com o que tinha acontecido. Decidimos tentar algo, ao de leve. Às escondidas. Era o meu primeiro amor e o primeiro amor proibido dele. Quando o jantar acabou saímos do restaurante e fomos passear. Fomos até à beira rio. Caminhamos lado a lado, a falar do quão bonita estava a lua ou sobre o quão encantador ficava o rio à noite. E, palavra após palavra, passo após passo, as nossas mãos encontraram-se. Os nossos olhares cruzaram-se e um beijo finalizou o momento perfeito. Os seus lábios nos meus. As suas mãos foram parar à minha cintura e, com um leve puxão, aproximou-me dele. As nossas línguas começaram a entrelaçar-se. Primeiro muito devagar, depois com avidez. Depois do beijo terminado olhámos um para o outro e sorrimos. E como o sorriso dele era lindo.


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Olá olá :)

ENTÃO A CHARLOTTE E O STANLEY ESTÃO JUNTOS, era o que queriam ou não?

O próximo capítulo será tão excitante como este, ou mais, prometo. 

Comentem e votem se gostarem.

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Beijinhos e até ao próximo capítulo.

Vivienne*

15:00Onde histórias criam vida. Descubra agora