"Olá Charlotte." - foi a breve mensagem que eu recebi naquele Domingo.
Hesitei. Respondia ou não? O que diria?
"Olá..." - simples.
"Está tudo bem contigo desde à pouco?"
"Está tudo normal, e contigo?" - Olhei. Não, não era capaz de o tratar por tu neste momento. Apaguei e reescrevi. - "Está tudo normal, e consigo"
"Trata-me por tu pff. Estou mais ou menos. Fiquei sem saber se estavas chateado comigo."
"Não estou chateada, apenas não estava à espera de ouvir o que ouvi."
"Calculo. Mas é verdade. É peculiar, mas é verdade."
"Pois. É muito estranho..." - eu não sabia o que dizer.
"Peço que não comentes com ninguém pois eu sou teu professor e sou maior, tu és minha aluna e menor." - Era óbvio que não ia comentar com ninguém, tenho noção dos problemas que causaria. Além disso, com quem comentaria?
"Claro que não, será o nosso segredo."
Enviei. Reli. Entendi que devia estar calada.
Não me respondeu durante uns dez minutos e só quando eu vinha a sair do computador é que ele o fez. Ficamos a conversar sobre a viagem algum tempo, sem nunca tocar no assunto de "nós". Entretanto ficou tarde e fomos ambos dormir. Um "Dorme bem, até amanhã." foi o que usámos para nos despedir. Sai da secretária e enfiei-me na cama. E ali fiquei, a olhar para o tecto, a deixar as horas passarem. Pensei em tudo. Recriei o fim de semana na minha cabeça. Desde o fazer da mala ao ouvir o arranque do carro, depois de me deixar em casa. Tudo. Cada pequeno pormenor.
Quando finalmente estava a ser vencida pelo cansaço, pelos olhos a arderem de tanto chorar, ouvi passos no corredor. Estiquei o braço e peguei o telemóvel, que estava na minha mesinha da cabeceira. Carreguei no primeiro botão que encontrei. Apareceram as horas. Eram quase seis da manhã e eu ainda não tinha dormido nada. Dali a uma hora teria de estar acordada para me preparar. Dormir uma hora ou não dormir nada não faria diferença. Fiquei mais uns minutos na cama, de olhos fechados. Entretanto levantei-me e fui até à casa de banho. Estava coberta de olheiras. Prendi o cabelo e despi-me. Passei o corpo pela água quente. O vapor da água embaciou o espelho, de tal forma que, quando saí e fui secar-me para a frente do mesmo, tive de passar a mão para me conseguir ver mais nitidamente. Enrolada na toalha fui até ao quarto. Vesti algo. Umas jeggins, um top preto e uma camisa quente. Calcei-me. O mesmo de sempre. Decidi que para o bem de quem me fosse ver naquele dia devia por corretor de olheiras e um pouco de base. Como eu não tenho nada disso fui até ao quarto da minha mãe. Abri as gavetas da mesa onde ela se maquilha. Estava lá o que precisava. Apliquei e vim embora. Como ainda faltava algum tempo, deitei-me na cama de barriga para baixo a ouvir a chuva que se começava a fazer sentir do lado de fora.
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Acordei sobressaltada. Olhei em redor e procurei algo que me indicasse as horas. Quando finalmente tomei noção do tempo constatei que tinha faltado às primeiras aulas. Era agora a hora de almoço. Levantei a cara da almofada e vi que a tinha sujado toda com base. Só fazia porcaria. Saí da cama e fui ver se estava, por acaso, alguém em casa. Não. Ninguém. Fui preparar algo para comer, limpar a cara, lavar os dentes e entretanto era hora de ir à escola, para ver se ia à última aula, pelo menos. A aula de Português, que eu não poderia faltar, obviamente.
Fiz o trajecto de casa à escola. Não ia a ouvir música, não ia a pensar em nada. Estava ansiosa e, diga-se de passagem, nervosa. Estava a andar devagar até que me apercebi que tinha de andar mais rápido. Apressei o passo. Voltei a perder-me no vazio e a andar, de novo, mais devagar.
Finalmente cheguei à escola. Passei o cartão na portaria intercalando com o "Boa tarde" à funcionária que se sentava na cadeira dentro do pequeno gabinete, que supervisionava a entrada e saída dos alunos. Percorri o caminho que tinha a percorrer até à sala e fiquei à porta da sala, à espera do toque. Os meus colegas começaram também a chegar e com eles vieram as perguntas "Então porque é que faltaste?". Não tinham absolutamente nada a ver com isso. Nunca me dirigiam a palavra, e quando eu faltava ou algo do género já vinham ter comigo como se estivessem muito preocupados. Tocou e entrámos todos para a sala. O professor Stanley chegou, andou até à sua secretária e, enquanto pousava a sua mala na mesa, olhou para mim. Eu desviei o olhar para a janela, e fiquei a observar a chuva que retomava agora o seu ritual.
A aula acabou, todos os meus colegas saíram, eu fiquei para último. Alguém fechou a porta ao sair e fez com que eu ficasse ali com Stanley, entre quatro paredes. Olhámos um para o outro e ao mesmo tempo desviamos esse mesmo olhar. E por impulso fui até ele e dei-lhe um beijo. Durou milésimas de segundo, porque com a mesma rapidez que perdi a consciência consegui recuperá-la. Peguei nas minhas coisas e saí a correr da sala. As lágrimas soltaram-se dos meus olhos e eu só ouvi um "Charlotte.".
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Olá Olá. Como estão?
Não tenho tido muito feedback vosso, infelizmente. Por isso, deixem aí nos comentários as vossas críticas, construtivas, de preferência.
Queria só deixar aqui uma pequena nota: tenciono publicar um capítulo todos os Domingos. Entretanto as aulas começam e o tempo começará a escassear, mas por isso mesmo vou deixar algumas coisas já prontas para ir publicando. Eventualmente posso publicar um capítulo mais pequenino durante a semana.
Se quiserem contactar mais comigo adicionem o meu snapchat (vivs_vii), onde eu sou bastante ativa e respondo mais rapidamente a alguma dúvida vossa.
Curiosidade: De onde estão a ler a minha fic? Qual a cidade/país estão a acompanhar o romance entre a Charlotte e o Stanley. Deixem tudo aqui em baixo.
Comentem e votem, se gostarem óbvio :)
Xx,
Vivienne*
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15:00
Romance"Mais um ano escolar, um como os outros, até que toca para a última aula do dia. Não me apetece nada, já estou cansada e ainda agora começou a escola. Mas quando entro na sala percebo. Tudo mudará a partir daí." ____________________________________...