Capítulo 15

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Isabella Castro

Sinto o olhar julgador de Mariah sobre mim.

- O que foi?

- O que foi aquilo? - pergunta cruzando os braços. Ela e Gabriel se mantêm em pé.

- Ué. Nada demais, eu só queria entender o que está acontecendo.

- Nada demais? Eu não acredito que você está dizendo isso. Tem noção do quão cruel você foi?

- Pega leve com ela, Mariah. - Gabriel interfere. Ele está de pé atrás de mim. Minha tia ocupou o sofá ao meu lado. Mariah está do outro lado, onde Sâmia vai ficar.

- Pegar leve por que? Por acaso ela está pegando leve com alguém que sem dúvida alguma, sofreu violência doméstica?

Agora entendo porquê está tão agitada. É a advogada Mariah falando. Ela pegou muitos casos assim, desde que se formou. Já viu muitos casos terminarem de uma forma trágica.

- Nós não sabemos ainda, querida.

- Até a senhora, tia? - ela olhava de um a outro. - Eu conheço uma vítima quando vejo uma.

- Pode até ser, mas eu não vou amparar alguém que machucou a minha sobrinha. Essa mulher já fez muito mal a Isabella.

- É claro, como eu não pensei nisso antes? Meu Deus, é tão óbvio.- Mariah olha para o teto, juntando as duas mãos. - É claro que vocês vão penalizá-la por algo que ninguém sabe se ela fez de verdade. Desculpem, eu não tinha entendido antes. Meu cérebro não deve funcionar como o de vocês.

Olho para ela chocada, não acredito que ela disse isso, que está duvidando de mim de novo, duvidando de um fato. Minha tia e Gabriel estão iguais a mim. Isso me enfurece, mas, antes que eu possa respondê-la, Sâmia surge.

Olho para Mariah dizendo que nossa conversa não acabou. Ela não se importa com a raiva em meus olhos, na verdade, me encara na mesma fúria.

- Estou aqui. Faça as perguntas que quiser. - fala se acomodando no sofá de frente para o meu.

- Ok, vamos começar. Dependendo das suas respostas verei que providências terei que tomar. - penso um pouco no que vou perguntar, tem muitas coisas que eu quero saber, muitas coisas mesmo. Observo seu corpo, vejo que ele está roxo em alguns pontos. Resolvo começar daí - Foi a primeira vez?

Ela sabe a que estou me referindo sem que eu precise explicar.

- Não.

Eu já esperava essa resposta, mas mesmo assim, meu corpo fica tenso. Minha tia aperta minha mão.

- Isso vem acontecendo a quanto tempo? - Mariah pergunta.

- Bastante.

- Vocês já estavam brigados antes da festa? - perguntei o óbvio. A forma que Octávio e Sâmia se tratavam ontem não era nem um pouco carinhosa. Não parece nem um pouco com a devoção que Octávio tanto dizia ter na juventude.

- Sim.

Fico quieta, parece que Mariah vai assumir as rédeas da situação. Talvez não confie que eu vá me comportar.

- Por que ele bateu em você? Não que tenha motivo que justifique o que ele fez.

- Porque ele é um monstro. - Sâmia olha para ela com raiva. - É por isso. Porque tudo que ele quer é me fazer sofrer. E tudo por ego!

- Como assim por ego?

- Ele não aceita que eu não o quero, que eu não o amo, que nunca o amei. Nunca aceitou. Queria ter percebido os sinais antes.

Cativa | SáficoOnde histórias criam vida. Descubra agora