capítulo 10

130 13 4
                                    

Harry Potter

  Peguei o jornal com rapidez. Não pudia acreditar no que estava vendo, então arregalei os olhos e ajeitei o óculos no nariz. Me concentrei. Infelizmente,as palavras não mudavam nada.

  Abaixo do título da matéria, havia duas fotos. Eu e Draco nos agarrando em uma rua escura, e uma minha fechando as cortinas do nosso quarto de hotel, com o loiro me abraçando e beijando meu pescoço por trás.

  Eram fotos tão pessoais. Eu me senti invadido, exposto. Ser exposto.... as vezes só consigo pensar em como tentei ao máximo não me escancarar ao mundo. Mas como eu evitaria?

  Algumas pessoas,como Draco por exemplo, gostavam de se aparecer. Mas eu só queria aparecer menos. Queria que não tivessem me aberto de dentro pra fora, como fizeram tantos anos antes. Queria ter privacidade.

  As vezes podem confundir ter privacidade com querer ser sozinho. Eu como uma pessoa que sofreu de uma solidão deprimente até os 11 anos, e mesmo me sentindo tão só, ainda me sentia invadido,explorado, como uma animal numa jaula para exposição de outros, posso te dizer que não gosto de ficar sozinho,mas que meu espaço pessoal seja respeitado.

  Senti lágrimas rolaram pela minha bochecha, meu lábios trêmulos, minhas mãos mal conseguiam segurar o jornal.

  A foto da janela do quarto de hotel, me machucou como uma corda pressionando meu pescoço. Eu sei disso, por que uma corda já pressionou meu pescoço. Me fez lembrar como as pessoas são sujas, pervertidas e cruéis.

  Eu consigo me lembrar perfeitamente daquele momento. Os lábios quentes de Draco massageando meu pescoço, enquanto suas mãos passeavam por mim. Me lembro da sensação de seu abdômen colado as minhas costas.

  Estava tudo tão bom, Draco era tão bom. Mas agora eu preferia que nunca tivesse acontecido. Preferia nunca ter chamado o loiro pra sair. Preferia nunca o ter beijado naquela fonte. Nunca ter dormido com ele.

  Não consegui ler nada do que estava escrito na matéria, pois as lágrimas embaçaram minha visão. Só conseguia pensar em como mesmo depois de tanto tempo, sendo a porra de um adulto, as pessoas ainda se aproveitariam de mim.

  E o pior de tudo isso é que em parte a culpa é minha.

  Quando meu eu de 7 anos resolveu ir pedir comida na casa do vizinho, foi uma escolha. Uma escolha ruim, sim. Mas ainda foi uma escolha minha. Mesmo os Dursley tendo uma porcentagem de culpa por ter me deixado sem janta, eu ainda sabia que era responsável por limpar a casa. Deveria ter me saído melhor, feito por merecer.

  Então eu decidi que seria uma boa ideia fugir no meio da noite pra conseguir comida. Verdade seja dita, acho que não sobreviveria até de manhã, depois de 3 dias sem me alimentar. Logo meu jovem eu, com suas artimanhas, consegui me libertar do meu armário,em seguida pular a janela da sala de estar e me deparar com a rua vazia e escura.

   Minhas pernas estavam fracas, meus ouvidos zuniam. Cambaleando na direção da casa mais próxima, eu bati na porta.

  Até então eu não sabia que mais tarde eu preferiria ter morrido de fome do que entrado naquela casa.

//flashback//

  Um homem abriu a porta. Ele parecia novo, mas já era calvo. Usava um roupão azul fofo e cheio de pelos por cima do pijama. Afinal a noite era fria. Meus pezinhos descalços estavam congelando.

  Ele me olhou com curiosidade e estranheza, como se estivesse vendo um fantasma inofensivo, mas esquisito.

  Meu óculos estava embaçado pela fumaça da neve. Meu estômago ardia de fome.

Labirinto DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora