A semana avançou preguiçosamente até a chegada da sexta-feira do primeiro torneio de basquete, tão esperado desde o início do ano letivo.
O Bright estava excepcionalmente agitado e colorido em preto e vermelho naquele dia, quase como se os estudantes tivessem definido um padrão de uniforme. As aulas estavam dispersas devido ao falatório, ninguém parecia se concentrar.
Em todos os intervalos, as líderes de torcida ensaiavam seus números nos gramados.
Em um desses momentos, quando eu e Dayse cruzamos o espaço, pude notar Katherine Johnson desviar o foco do grupo para dirigir seu olhar à mim. Com um batom vermelho colorindo seus lábios grossos, sua feição séria se acentuou como se, mesmo longe, minha presença fosse indesejada.
Tudo que eu me perguntava era por que ela sempre me recebia daquela maneira, mesmo que nunca tivéssemos sentado para conversar.
Exatamente às seis e meia da noite, ouvi buzinas na porta de casa.
Ao sair, me deparei com um Zafira cinza estacionado e Dayse pendurando seu corpo do lado de fora, pela janela do carona.
— Sua carruagem, madame! — ela gritou.
Ao entrar no carro, me assustei com a figura de Dake Albert ao meu lado, no banco de trás.
— Não acredito, você veio! — falei, sorrindo.
Ele sorriu de volta, deslumbrantemente.
— Como vai, Lancaster? — respondeu.
— Essa é a Lohan Smith, Annie — Dayse apresentou a motorista, que se inclinou no banco para me dirigir um sorriso seguido de um aceno.
— Olá! Sou Annie Lancaster. — Eu a cumprimentei, inclinando-me também para olhar seu rosto.
Eu diria que ele era familiar, mas apenas na meia luz que vinha dos postes, eu não pude afirmar com certeza.
— Dayse falou de você — a garota respondeu. — Achei que não te conhecia, mas agora acho que já te vi, sim.
— Tenho a mesma sensação — concordei.
— Ah, não! — Dayse interrompeu com uma carranca. — Conversar aqui, não! Temos que chegar logo, senão não pegamos bons lugares.
— Você ouviu sua capitã, Lohan — Albert falou, provocativo.
O carro deu partida, fazendo com que a brisa fria circulasse e movimentasse meus cabelos.
Ao meu lado, Albert cheirava muito bem. Seu peito estava coberto por uma camisa branca elegante, embora tivesse dois dos primeiros botões abertos, dando-lhe um ar despojado e atraente.
— Então, quanto tempo faz que não nos falamos? — ele perguntou, enquanto ao fundo Smith e Dayse cantavam Let Me Love You, de Snake, junto da rádio.
— Alguns dias mesmo — respondi, fitando seus olhos que, vez ou outra, se iluminavam com o passeio da luz dos postes pelo carro. — Achei que não fosse querer conversar comigo — confessei.
— Sinto muito pelo jeito que falei com você aquele dia.
— Tudo bem, agora eu entendo — respondi, curvando a cabeça.
— Não, não pense assim — ele me encorajou, sorrindo afetuosamente. — Você é capaz de lidar com isso.
Eu deveria confessar que sua feição relaxada o deixava muito atraente, seus cabelos bem penteados embelezavam ainda mais seu rosto.
Agora, eu sentia tê-lo de volta: o doce e suave Dake Albert.
Não demorou para que chegássemos ao ginásio. Ele ficava atrás do Bright, mesmo sendo um prédio independente. Estava majestoso em luzes e uma pintura bem feita de amarelo e azul.
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Walker
Romance"Naquele instante, memorizei cada traço dele... a curva da boca, os olhos castanho-escuro, os cílios tocando a maçã do rosto e até a rebeldia atraente dos fios platinados. Seu calor invadia meu corpo, alastrando-se e dançando com meu âmago, e ainda...