Capitulo XIII

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Damons me consumia com seu rosto raivoso enquanto a comida escorria por sua roupa. Seus olhos eram como armas brancas prestes a mutilar-me.

— Me desculpe! — Me apressei em dizer, sabendo que de nada adiantaria. — Tinha uma mochila no meio do caminho e...

— Santo Deus, cale a boca! — ela vociferou, interrompendo-me. 

A garota segurou o tecido com as pontas dos dedos, avaliando o estrago. 

— Sabe quanto isso custou?!

— Eu não imagino... — respondi, tendo a voz mais baixa do que eu gostaria.

À nossa frente, Dayse encarava a cena, perplexa. Uma mão cobria sua boca e suas sobrancelhas estavam arqueadas. 

De repente, notei que o refeitório inteiro se calou para assistir o que acontecia e um calafrio percorreu todo o meu corpo.

— Por favor, é só me dizer o que posso fazer para recompensá-la — ofereci.

— Você poderia sumir, o que acha? — ela respondeu. — Seria adorável.

— Não está tão mal assim, Lucy — a voz de Katherine Johnson quem ressoou.

Com ela, estavam todas as garotas anteriormente sentadas na mesa, incluindo Emily. Me perguntei há quanto tempo elas estavam ali.

— É só você deixar que a Lancaster faça a lavagem — a ruiva acrescentou.

O que poderia ter sido uma sugestão, na verdade, soou como um sarcasmo cruel. No entanto, eu não a confrontei.

— Claro, eu posso entregá-lo na lavanderia — confirmei, e Damons riu irônica.

— Esse tecido é fino e deve ser lavado à mão — retrucou.

Respirei fundo uma porção de vezes, tentando controlar a queimação colérica em meu estômago.

— Eu duvido muito que você o lave assim! — Dessa vez, Dayse quem lhe respondeu.

Ela ainda tinha sua bandeja em mãos e sua feição de espanto foi trocada por uma indignação visível em cada traço de seu rosto.

— É claro que não lavo — Damons disse —, eu tenho uma empregada para isso.

— Esquece, Lucy — Johnson retomou a palavra, desvencilhando-se de nós —, isso é demais para elas entenderem.

Katherine havia acabado de nos menosprezar em público. 

Observei o balanço de seus cabelos ruivos enquanto ela continuava seu caminho. Desejei confrontá-la, entretanto notei que sua fala livrou-me de ter que lidar com aquela situação por mais tempo, uma vez que todas as outras garotas a seguiram.

Elas passaram por nós como se fôssemos uma espécie distinta a ser pisada e eliminada. Emily, por sua vez, fingiu não ter me visto, mesmo tendo presenciado tudo.

Novamente o silêncio foi preenchido, mas dessa vez por sussurros e risadas abafadas, que eram acompanhados de olhares e feições divertidas direcionados a mim. 

Havíamos nos tornado o foco do ambiente e meu rosto queimava sendo o centro de toda aquela atenção.

De soslaio, olhei para a mesa no centro do refeitório, percebendo que eu também tinha os olhares de cada um dos rapazes, divertidos e zombadores. Por exceção de Walker, que me encarava com o rosto vazio de expressões enquanto girava na mesa um maço de cigarros com a ponta dos dedos.

— Vadia imunda! — ouvi Dayse balbuciar. Sua voz me fez retomar à consciência e rapidamente me curvei para pegar a bandeja caída do chão. — Como ela ousa?!

WalkerOnde histórias criam vida. Descubra agora